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Agronegócios
Sexta - 27 de Agosto de 2021 às 17:00
Por: Lislaine dos Anjos/Mídia News

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MidiaNews
O empresário Junior Macagnam, que preside o Sincalco em Mato Grosso
O empresário Junior Macagnam, que preside o Sincalco em Mato Grosso

O empresário e presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Calçados e Couros do Estado (Sincalco-MT), Junior Macagnam, apontou que o avanço da vacinação contra a Covid-19 e o bom momento vivido pelo agronegócio em Mato Grosso estão ajudando a impulsionar o setor, um dos mais penalizados pela pandemia que assola o País desde março de 2020.

Para Macagnam, ainda que a cobertura vacinal no Estado ainda esteja pouco acima de 24%, as pessoas estão se sentindo mais seguras para saírem às ruas, fazendo com que a movimentação no comércio volte a aumentar.

“Esse aumento do número de vacinados transmite aquela sensação de segurança e as pessoas começam a circular mais, a frequentar mais o comércio, a gerar mais negócios”, afirmou em entrevista ao MidiaNews.

Ele ressaltou que não apenas os shoppings, mas o comércio de uma forma geral investiu e tomou os cuidados necessários para aumentar a proteção aos consumidores.


Nós tivemos vantagem em relação a grande parte do Brasil porque o agronegócio vive um excelente momento e isso faz com que haja maior circulação de dinheiro

“Foram feitas distribuição de cartilhas, todo mundo educou seus colaboradores. É posso dizer que realmente o comércio fez sua parte durante essa pandemia, fez tudo o que estava ao seu alcance no sentido de salvar a vida mesmo, de preservar a vida das pessoas”, avaliou.

De acordo com o empresário, o fato de Mato Grosso viver um momento econômico “fora da curva” do País, em razão do agronegócio, também se traduziu em vantagem para o setor.

“Nós tivemos vantagem em relação a grande parte do Brasil porque o agronegócio vive um excelente momento e isso faz com que haja maior circulação de dinheiro. E havendo maior circulação de dinheiro, consequentemente acaba sempre parando um pouquinho nas lojas”, ressaltou.

Ele citou como exemplo que o país está com 15 milhões de desempregados, conforme dados oficiais. Na contramão, Mato Grosso registrou, no primeiro semestre deste ano, a criação de quase 50 mil novos postos de trabalho, bem como a queda no índice de inadimplência.

“Tudo isso advém da força do agro. Nesse ponto, o nosso Estado é muito privilegiado. Você vê os outros estados em alta com o desemprego e nós aqui numa crescente, criando empregos. A pessoa empregada tem renda e, tendo renda, tem consumo, e aí a roda gira favorável para o crescimento”, avaliou.

“A projeção do PIB para esse ano em Mato Grosso é de 5%. Então, o nosso momento em relação ao País, em relação ao mundo, é de muito privilégio”, completou.

Instabilidade política e inflação

A inflação nunca é boa para os negócios e não é bom para as pessoas porque ela corrói o salário, e justamente o salário dos mais pobres, que são os grandes consumidores do Brasil

O momento, porém, não pode ser visto como totalmente confortável, segundo o presidente do Sincalco, em razão da instabilidade política, o que acaba puxando aumento da inflação e colocando em risco de prejuízo as atividades do setor.

“A gente não tem só a volta da inflação, mas o aumento de juros também, que o Banco Central tem aumentado constantemente. Também estamos passando por uma instabilidade política e, consequentemente, uma insegurança jurídica. Toda instabilidade, todo o aumento de inflação, aumento de juros é muito ruim para os negócios”, disse.

As consequências, conforme Macagnam, se iniciam no entrave aos investimentos, que por sua vez refletem no estancamento da geração de empregos e comprometimento da renda e consumo.

“Mato Grosso é exceção, mas a nível de Brasil, o que a gente vê é muito lojista analisando, pesquisando muito e assim tomando muita ciência dos investimentos que vai fazer”, afirmou.

“A inflação nunca é boa para os negócios e não é bom para as pessoas porque ela corrói o salário, e justamente o salário dos mais pobres, que são os grandes consumidores do Brasil”, completou.

Macagnam entende que Mato Grosso está inserido na federação e ainda pode se ver pego no meio do “turbilhão”.

“A gente ainda tá no oásis, mas nada impede, como faz parte da federação, de sofrer as consequências disso aí".

“Os investidores estrangeiros analisam: naquele país tem estabilidade política, no outro país não tem. Onde vou fazer meus investimentos?”.

A alta nos preços da energia e do combustível também é apontado como um obstáculo a ser enfrentado pelo comércio.

Segundo o empresário, o aumento nesses serviços é repassado nos preços e no frete e muitas pessoas acabam se aproveitando dessa “ciranda”, prejudicando a regulação do setor.

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Centro de Cuiabá na Covid

Aumento da vacinação tem ajudado a aumentar a movimentação no comércio novamente

“Ainda há no Brasil uma cultura inflacionária e muita gente infelizmente se aproveita. Aumentou R$ 10 na gasolina, eu já vou aumentar meu preço. Mas a gente tem que pensar também que isso aí quem vai regular vai ser a demanda”, alertou.

“O Banco Central vai aumentar juros, vai retirar dinheiro do mercado, não vai ter consumo e vai acabar abaixando o preço. É a pior forma de tentar controlar a inflação, que é você tirar dinheiro do mercado, ou seja, desemprego, recessão. Tudo isso pode advir dessa instabilidade política que nós estamos passando”, lamentou.

Adaptabilidade do comércio

Em Mato Grosso, o empresário destacou que houve uma mudança de perfil visível causada pela pandemia, não apenas entre os consumidores, mas também entre os comerciantes.

Segundo ele, muitos lojistas precisaram se reinventar para atender às demandas desse novo público, agora mais ativo com compras online ou nos modelos drive-thru e takeaway [compre e retire na loja].

“Hoje a gente percebe que o consumidor vai muito mais decidido na compra e isso está fazendo com que ele permaneça menos tempo nas lojas, menos tempo nos centros comerciais e nos shoppings. Então a gente não tem mais aquele passeador contumaz que a gente tinha há dois anos atrás”, avaliou.

“Hoje o consumidor que quer uma camisa já sabe onde é que está a loja que tem o produto e vai diretamente nela. E aí cabe ao vendedor, ao gerente, ao estabelecimento comercial ter uma equipe treinada pra que acrescente outros produtos nessa venda”, completou.

De acordo com Macagnam, essa mudança de perfil acabou gerando uma “peneira” no setor, onde muitos empresários que tinham planejamento de investir em vendas online dentro de cinco ou até dez anos, precisaram acelerar e lançar seus projetos em três ou cinco meses.

“O empresário varejista brasileiro mostrou mais uma vez a sua adaptabilidade. Infelizmente alguns ficaram pelo caminho, algumas empresas tiveram que fechar, mas a grande maioria continua firme e forte”, afirmou.





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