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Cidades/Geral
Terça - 31 de Agosto de 2021 às 16:58
Por: Nara Assis | Sesp-MT

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Lançamento do projeto Inventário Lilás

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“Onde foi parar aquela menina que enfrenta qualquer coisa?”. A indagação é feita no início de uma peça montada e apresentada pelo grupo teatral Cena Onze, do qual a ex-reeducanda Cleo Oliveira atualmente faz parte. Ela interpretou um trecho da cena produzida por Ronaldo José durante o lançamento online do projeto Inventário Lilás, na tarde desta terça-feira (31.08).

A iniciativa é coordenada pelo Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Penitenciário (GMF), com o objetivo de estimular as reeducandas das unidades penais de Mato Grosso a contarem situações de violência que passaram antes da privação de liberdade, por meio de cartas. As histórias, posteriormente, serão interpretadas pelos atores do Cena Onze e também serão compiladas em uma cartilha.

O projeto conta com a parceria da Coordenadoria Estadual da Mulher (CEMULHER) do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), a Adjunta de Administração Penitenciária (SAAP) da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT), grupo de teatro Cena Onze e Conselho Estadual de Direitos da Mulher de Mato Grosso.

Cleo Oliveira ressaltou que começou a atuar dentro da Penitenciária Feminina Ana Maria do Couto May, com a realização de um projeto de ressocialização chamado Teatro e Dança. Dessa forma, ela teve acesso ao grupo Cena Onze, e agora, já em liberdade, integra o elenco. “Agradeço pela oportunidade, porque hoje tenho o privilégio de participar dessa peça, que é muito importante para mim”.

Para o coordenador do GMF, juiz Geraldo Fidélis, o Inventário Lilás une as pessoas, de forma voluntária, para que as reeducandas sejam ouvidas. “O que nos une é a vontade de diminuir um pouco a dor, este é o nosso espírito. Nas cartas serão mostradas as emoções, dores e aflições de antes do cárcere e também no cárcere. Estamos com esta parceria para dar o apoio que for necessário para tentar diminuir este momento dolorido”.

O secretário adjunto de Administração Penitenciária, Jean Gonçalves, colocou o órgão à disposição. “O desenvolvimento de projetos como esse agregam muito ao trabalho do Sistema Penitenciário, e esperamos ter muitas histórias contadas, com o apoio necessário às mulheres privadas de liberdade”.

Oficinas de escrita

Segundo a coordenadora de projetos do GMF, Alianna Cardoso Vançan, as recuperandas passarão por oficinas de escrita no mês de setembro e também receberão material necessário para colocas as histórias no papel. “Muitas mulheres que estão em privação de liberdade já sofreram violência, seja moral, física ou patrimonial. Esse projeto tem o objetivo de transformar o silêncio delas em narrativas, em cartas, mediante autorização de todas as participantes, e que também contarão para remição de pena”.

O projeto não será limitado a mulheres alfabetizadas. A ideia é praticar a escrita coletiva, na qual aquelas que saibam ler e escrever auxiliem as que necessitarem. “É com muito prazer faço parte desse projeto, pois acredito que é um processo terapêutico, que nos leva ao autoconhecimento. Queremos potencializar e estimular esse processo. Escolhemos a carta porque é um gênero textual informal, com formatação tranquila e acessível”, explicou a professora que irá orientar as participantes, mestra em Educação e contadora de histórias, Rosângela Rocha.

Também integram o projeto a bacharel em Direito e pós-graduada em Ciências Penais, Patrícia Bachega, e o bacharel em Direito e mestrando em Ciências Criminais, Gabriel Curty.





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