Álcool e direção
Em Cuiabá, 8,5% dos adultos admitem que bebem e dirigem Dados constam na pesquisa Vigitel 2020, que traz as estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissíveis
Há 13 anos, foi sancionada a Lei 1.705/2008, mais conhecida como Lei Seca. Contudo, mesmo após a proibição de associar álcool e direção, para muitos mato-grossenses beber e dirigir ainda é uma prática. Em Cuiabá, 8,5% das pessoas com ou acima dos 18 anos admitem que bebem e dirigem. A maior frequência foi observada entre os homens (11,1%). Já entre as mulheres, 6% reconheceram conduzir veículos motorizados após o consumo de qualquer quantidade de bebida alcoólica.
É o que mostra a pesquisa “Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel)”, realizada e divulgada pelo Ministério da Saúde (MS). A Vigitel traz as estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal, em 2020.
Ao todo, foram entrevistados 288.279 homens e 469.107 mulheres, totalizando informações de 757.386 brasileiros. No geral, segundo a pesquisa, a frequência de adultos que se referiram conduzir carro ou motocicleta após o consumo de bebida alcoólica (qualquer quantidade) variou de 1,5% em Recife a 17,0% em Palmas.
Com o índice de 8,5%, Cuiabá registra o menor percentual dentre as capitais do centro-oeste, sendo em Goiânia de 9,6%, no Distrito Federal de 11% e, em Campo Grande de 13,8%. Na Capital mato-grossense, 1.002 pessoas responderam aos questionamentos feitos por telefone, sendo 357 do sexo masculino e 645 do público feminino.
A pesquisa é reforçada pelas frequentes fiscalizações realizadas pelas ruas da cidade. Na última quarta-feira (15), por exemplo, durante a operação “Integrada da Lei Seca”, na Avenida Historiador Rubens de Mendonça, mais conhecida como do CPA, próxima ao Bairro Baú, sete motoristas foram presos dirigindo embriagados. Na ocasião, foram fiscalizados 116 veículos e aplicados 116 testes de alcoolemia.
Conforme informações da Secretaria de Segurança Pública (Sesp-MT), 22 pessoas foram flagradas dirigindo sob efeito de álcool (quantidade inferior para caracterizar crime de trânsito). Já doze motoristas se recusaram a realizar o teste do bafômetro. Vale destacar que ao longo dos anos, a Lei Seca foi ficando mais rígida. Pela norma, o condutor que ingerir qualquer quantidade de bebida alcoólica e for submetido à fiscalização de trânsito está sujeito a multa, suspensão do direito de dirigir por 12 meses.
A Vigitel também quis saber sobre a frequência de consumo abusivo de bebidas alcoólicas ou ingestão de quatro ou mais doses para mulheres, ou cinco ou mais doses para homens, em uma mesma ocasião em relação aos últimos 30 dias anteriores à data da pesquisa. Em Cuiabá, o uso abusivo foi reconhecido por 23,3% dos entrevistados, sendo a maior frequência entre os homens (30,9%) do que entre as mulheres (16,4%). Entre todas as capitais, o percentual variou entre 12,7% em Manaus e 27,2% em Salvador.
Outro dado apontado é sobre a frequência de adultos fumantes. Na Capital mato-grossense, o percentual é de 8,2%, sendo maior entre os homens (9,4%) do que entre o feminino (7,1%). Já no conjunto da população adulta a frequência de fumantes passivos no domicílio foi de 8% entre os residentes cuiabanos e de 7,3% no local de trabalho.
Conforme o Ministério da Saúde, as doenças e agravos não transmissíveis (Dant) são responsáveis por mais da metade do total de mortes no país. “As DCNTs matam cerca de 41 milhões de pessoas a cada ano, o equivalente a 71% de todas as mortes no mundo. E, 77% dessas mortes ocorrem em países de baixa e média renda. Por isso, é essencial que os órgãos competentes tenham um olhar de entendimento sobre essas doenças na lógica de uma vigilância eficaz, com foco no fortalecimento da atenção primária”, afirmou o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS), Arnaldo Medeiros.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta ainda que um pequeno conjunto de fatores de risco responde pela grande maioria das mortes por DCNT e por fração substancial da carga de doenças devida a essas enfermidades. Entre esses fatores, destacam-se o tabagismo, o consumo alimentar inadequado, a inatividade física e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
Durante a divulgação da Pesquisa Vigitel, também foi lançado o “Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas e Agravos Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil para 2021-2030”. A ideia é que o plano sirva como ferramenta norteadora das ações e políticas de saúde para esses agravos, além de atualizar e renovar o compromisso do governo com a pauta até o final da próxima década.
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