Recusa familiar é uma das causas da não doação de órgãos Dados do Registro Brasileiro de Transplantes mostram que, no primeiro semestre deste ano, ocorreram 27 notificações de potenciais doadores no Estado, mas em nenhum dos casos os órgãos foram transplantados, sendo cinco por recusa familiar

Em Mato Grosso, dados do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT), da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), mostram que, entre janeiro a junho deste ano, 234 pacientes ativos se encontravam na lista de espera por um transplante de órgão. No mesmo período, foram realizadas 27 notificações de potenciais doadores, mas em nenhum dos casos os órgãos foram transplantados.

A principal a causa apontada para a não concretização da doação foi morte encefálica não confirmada (14). Além disso, dentre as cinco entrevistas feitas para autorização da doação, em todas houve a recusa familiar. No país, a legislação determina que a família é quem que tem que aprovar e dar a palavra final de doação.

Para tentar reverter esse cenário, o Ministério da Saúde (MS) lançou, no início desta semana, uma campanha que visa incentivar que doadores avisem suas famílias quanto a essa vontade. O entendimento é de que uma conversa pode transformar uma vida e o "sim" para doação de órgãos significa o recomeço para milhares de pessoas que esperam por um transplante. No país, 53.218 brasileiros aguardam a sua vez de receber um órgão.

Contudo, entre as mais de duas mil famílias que estavam vivendo um momento difícil de perder alguém, 38% recusaram a doação de órgãos. “Por outro lado, 61% disseram sim para vida continuar. Essa escolha em um momento de dor profunda é delicada, mas pode ficar mais leve se a família souber da vontade do doador”, informou o MS.

Durante o evento de lançamento da campanha, o ministro da Saúde substituto, Rodrigo Cruz, ressaltou que é importante sensibilizar todo brasileiro sobre a doação de órgãos. “O primeiro ponto é a pessoa se convencer e, após se convencer, ela precisa entender que isso não basta, ela precisa conversar com a família”, disse.

A iniciativa conta com a ajuda muito especial da cantora Naiara Azevedo canta a música tema que incentiva os doadores a conversarem com suas famílias e deixarem claro se desejam doar. O videoclipe será veiculado na TV, rádio, internet, redes sociais e outras mídias.

Ainda no Estado, os demais motivos elencados para a não concretização dos transplantes foram parada cardíaca (3), contraindicação médica (2) e outros (3). Já do total de pacientes ativos, 13 são crianças ou adolescentes. Além disso, 219 pessoas aguardavam por um transplante de córnea e 15 pessoas por um de rim. No primeiro semestre do ano, foram registrados quatro óbitos, sendo três de pessoas à espera de uma córnea e uma por um rim.

Segundo o RBT, dentre os mais diferentes tipos de transplantes de órgãos e tecidos, como rim, pulmão, pâncreas, coração, fígado e medula óssea, o Estado realizou 161 procedimentos de córnea no primeiro semestre deste ano. Em 2020, foram realizados dois transplantes rim no Estado e nenhum procedimento deste tipo nos seis primeiros meses deste ano.