Largo do Rosário amarga abandono e degradação Demolições dos imóveis no Largo do Rosário tiveram início em 2017, mas os trabalhos logo foram paralisados
Há quatro anos, o Governo de Mato Grosso anunciava a demolição de 11 dos 15 imóveis localizados no Largo do Rosário, área localizada entre a Avenida Coronel Escolástico e o Morro da Luz, no Centro Histórico de Cuiabá. A desocupação da área foi iniciada para execução das obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e com a promessa de revitalizar o lugar, também conhecido como Ilha da Banana.
Contudo, os trabalhos logo foram paralisados, assim como ocorreu com a construção do VLT que deverá ser substituído pelo sistema de Ônibus de Trânsito Rápido, o BRT. As demolições tiveram início em abril de 2017 e a expectativa era de que os serviços fossem concluídos em 30 dias úteis.
Dos 15 imóveis existentes no local, quatro casas instaladas nas imediações da Igreja do Rosário e São Benedito foram mantidas porque a desapropriação dos moradores virou alvo de discussão judicial.
Enquanto as obras seguem paradas, moradores, trabalhadores, comerciantes e empresários da região enfrentam as consequências do abandono com as estruturas mantidas no local, que em meio às ruínas, é usado por usuários de drogas e moradores de rua.
Atualmente, o cenário de degradação contrasta com a revitalização do Beco do Candeeiro, que começa na Avenida Tenente Coronel Duarte (Prainha), bem em frente às ruínas da Ilha da Banana. “Seria bom se tudo estivesse revitalizado. Depois da recuperação do Beco melhorou muito, inclusive, a partir das 18 horas, quando têm eventos. Eles (usuários de droga) ainda circulam, mas ficam mais concentrados no Morro (da Luz) e na Ilha”, comentou o vendedor Rodrigo da Silva Pires.
Pires trabalha em uma loja de produtos esportivos, que está instalada ao lado do Largo do Rosário há uma semana. Antes, funcionava na Rua Ricardo Franco, distante cerca de 200 metros do que sobrou dos imóveis demolidos. “É tudo muito próximo e como a gente sabe já foi bem pior. Tinha época que as pessoas não podiam nem ficar no ponto de ônibus (ao lado do Morro da Luz). Tem o posto da Polícia Militar que ajuda e se tivesse tudo reformado contribuiria muito mais”, frisou.
À época do anúncio da desocupação, a promessa de que a revitalização propiciasse a integração do Largo do Rosário com o Centro Histórico de Cuiabá, transformando-o em espaço, localizado bem no coração da cidade, ideal para promoção de eventos culturais, histórico e religiosos.
Na área conta com 10 mil metros quadrados, entre os itens propostos, estava a construção de um monumento alusivo à história do local, o resgate da bica da Prainha (existente no início do século XX na região do Largo do Rosário, entre a igreja e o Morro da Luz), o tradicional “Caminho Para Goiás”, bem como pontos mais arquitetônicos como acessibilidade, sanitários, lanchonetes, entre outros.
As desapropriações já custaram ao Governo do Estado mais de R$ 6 milhões. Vale ressaltar que a restauração do Beco do Candeeiro foi feita pela Prefeitura da Capital, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento - PAC Cidades Históricas.
Em setembro passado, durante a audiência pública sobre a substituição do VLT pelo BRT, movido à eletricidade, a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra) informou que, além de construção das faixas, linhas e terminais dedicados à circulação do modal, o anteprojeto também prevê obras complementares, como a do Largo do Rosário, além da implantação de seis quilômetros de ciclovia e pista de caminhada, parque linear, entre outras obras.
Já anteontem (25), o Governo de Mato Grosso informou que iniciou a negociação com a Caixa Econômica Federal para quitação do financiamento do VLT, entre Cuiabá e Várzea Grande. Segundo o Estado, a medida vai colocar fim ao imbróglio que se arrasta sobre a troca do VLT para BRT. “Com o fim do financiamento, será possível colocar na praça a licitação do BRT, que já está pronta”, informou.
Assim, a intenção do Governo é usar dinheiro próprio para construir o BRT. Um dia antes, o Pleno do Tribunal de Contas da União (TCU), no entanto, proibiu que o Conselho Curador do FGTS da Caixa Econômica Federal transfira os recursos do VLT para as obras do BRT.
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