Casos de hanseníase caem 50% durante a pandemia em MT Estado apresenta níveis considerados hiperendêmicos para a hanseníase há muitos anos, mas teve queda abrupta de casos da doença em 2020
Aproximadamente metade dos casos de hanseníase não foi notificada em 2020, primeiro ano da pandemia do novo coronavírus. Em Mato Grosso, 2.517 novos casos da doença foram diagnosticados no ano passado. Mas, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (Ses-MT), esse número representa um decréscimo abrupto e não esperado pela tendência estatística e comportamental da enfermidade.
Segundo a Ses-MT, Mato Grosso apresenta níveis considerados hiperendêmicos para a hanseníase há muitos anos. Considerando os últimos cinco anos, 2018 destacou-se pelo maior número de casos novos e pela maior taxa de detecção da doença, com 4.678 casos, representando 138,30 casos novos por 100.000 habitantes. Em 2019, o Estado seguiu a mesma tendência, com leve decréscimo.
Contudo, em 2020, foram pouco mais 2,5 mil novos casos. “Comparando a curva epidemiológica da hanseníase entre 2019 e 2020, estima-se que mais de 50% de casos novos deixaram de ser diagnosticados em todo o mundo, o que também pode ser observado no Brasil e em Mato Grosso”, informou a Ses-MT, por meio da assessoria de imprensa.
Segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), a diminuição do número de casos pode ser reflexo da pandemia da Covid-19, que trouxe dificuldades no acesso da população aos serviços de saúde.
O órgão estadual garante que avança no combate à hanseníase e, em parceria com o Instituto Aliança Contra a Hanseníase, recebeu duas novas oficinas de adaptação de calçados e elabora um manual orientativo para os cuidados à enfermidade.
De acordo com a Dra. Laila de Laguiche, hansenologista e presidente do Instituto, as oficinas de adaptação de calçados serão instaladas em municípios que contam com uma Unidade de Atenção Especializada para o compartilhamento de cuidados voltados às pessoas acometidas pela hanseníase.
“Nós da Aliança Contra a Hanseníase estamos muito contentes com essa parceria público-privada. Estamos avançando, não necessariamente com a velocidade que gostaríamos pois tivemos a pandemia neste meio tempo, mas estamos entregando duas oficinas de adaptação de calçados, uma em Tangará da Serra e outra em Alta Floresta. E também promoveremos a capacitação dos profissionais para poder calçar melhor os pacientes atingidos pela hanseníase”, explicou.
O Estado também trabalha no sentido de capacitar os profissionais para a detecção precoce da hanseníase e para o melhor atendimento dos pacientes. A Ses-MT informa que tem um projeto robusto denominado “Mato Grosso em Redes: Cuidado Integral em Hanseníase”, que integra o plano de ações da saúde.
De acordo com o secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo, entre 2016 e 2019, o órgão estadual qualificou cerca de 2 mil profissionais que atuam em Mato Grosso. “Neste cenário, Mato Grosso faz um grande esforço junto à atenção primária, com um trabalho efetivo de qualificação das equipes de saúde”, frisou.
Entre os sintomas que alertam para a possibilidade da hanseníase, estão manchas na pele, com perda de sensibilidade ao frio, calor ou dor, caroços no corpo, dormência e formigamento. Toda pessoa que apresentar esses sintomas deve procurar o posto de saúde mais próximo da sua residência.
O diagnóstico precoce da hanseníase traz muitos benefícios, como impede o desenvolvimento de lesões cutâneas disseminadas e mais graves e o aparecimento ou a piora de incapacidades físicas e também quebra da cadeia de transmissão da doença.
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