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Variedades
Domingo - 19 de Dezembro de 2021 às 08:58
Por: Alecy Alves/Diário de Cuiabá

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Cléo Borges e as bonecas
Cléo Borges e as bonecas

Para a maioria das pessoas o lixo, tudo o que é descartado cotidianamente, incomoda mais quando o carro da coleta não passa à sua porta. Onde as toneladas de resíduos são descartadas nem sempre é uma preocupação, desde que as montanhas fétidas não estejam ao alcance dos olhos e narinas. Não é mesmo?

Então, no caso de Cléo Borges, 53 anos, o incômodo sempre existiu, perto ou longo.

E quando ela enxergou as garrafas, especialmente de cerveja, descartadas no local onde o filho trabalha, uma área gastronômica, Cléo decidiu inventar.

Ela conta que não era artesã, mas uma empreendedora, dona de uma loja de produtos aromatizantes.

Inicialmente, recorda, quis transformar as garrafas em copos para doá-los para famílias carentes e instituições de caridade.

Chegou a comprar as máquinas de corte e polimento, mas esse projeto não deu certo. Cléo não acertou na produção.

Voltando a pesquisar e estudar sobre artesanato, chegou às peças de artes, esculturas, vasos e outros.

Entretanto, foi a produção das bonecas, que ela chama de "minhas princesas", que a encantou.

Mãe de dois filhos, Cléo agora passa boa parte do seu tempo produzindo suas princesas negras.

Começou cerca de seis meses antes do início da pandemia e acelerou a produção durante o período de restrição e isolamento social.

As peças dela, diversas atualmente expostas no salão da recepção do Cine Teatro Cuiabá, encantam aos olhos e aguça a curiosidade.

Ler na descrição que a base da peça é a garrafa atiça o desejo de saber mais.

No perfil que cada boneca é possível enxergar a delicada artística reproduzindo mulheres fortes em uma diversidade de formas: profissionais, gestantes, mães, camponesas, donas de casa...

E ainda tem o toque regional nas roupas e em produtos levados em cestos de mão, como o caju, por exemplo.

A exposição que acontece no Cine Teatro Cuiabá é a primeira dela. Cléo diz que nunca havia pensado em expor ou vender.

Ao contrário, produzia pelo prazer de criar e saber que aquela garrafa não seria lixo em local incorreto.

Ela diz que tinha vergonha de exibir suas peças, até ser convencida por uma amiga.

Como havia tantas prontas em sua casa, ela aceitou a proposta. "Já estão me chamando de acumuladora", observa.

Pelas contas dela, há mais de 150 princesas, vasos e outras peças. Os preços das bonecas expostas variam de R$ 60 a 80.

"Sei que sou só uma formiguinha fazendo o seu trabalho, mas isso me agrada", observa Cléo, comparando sua contribuição na complexa situação do descarte incorreto do lixo no planeta.

Instagram: cleo_borges_artesanatos (65)99665-2408





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