Poder de compra de cuiabanos despenca com salário mínimo
O reajuste do salário mínimo para R$ 1.212 ainda é insuficiente para que o cuiabano compre duas cestas básicas. Segundo o indicador do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o cidadão que mora na Capital precisaria mais R$ 43,81 para levar mais de um sacolão com itens essenciais - alimentação, higiene pessoal e limpeza - cujo valor é de R$ 627,81, conforme a cotação de dezembro último.
De acordo com o economista Eber Capistrano, o aumento de R$ 112 no valor do salário mínimo servirá, apenas, para repor a desvalorização causada pela inflação anual, está na casa de 10,7%, sem trazer ganhos reais. Mesmo zerando as perdas, o especialista entende que as pessoas das classes mais humildes serão as mais afetadas.
Na visão de Capistrano, a conjuntura socioeconômica praticamente obriga as pessoas a buscar e desenvolver a educação financeira para que consigam adequar suas finanças a alimentação e a outros gastos do cotidiano, como transporte, moradia, entre outros.
Como estamos no início do ano, este é o melhor momento para ter uma visão macro do próprio estilo de vida e estabelecer o custo anual. A partir daí, pode-se traçar estratégias para gerar formas de geração de renda e fechar o ano no azul, com uma reserva financeira disponível.
Com o poder de compra afetado, a disparada no preço de determinados produtos dificulta ainda mais a vida do trabalhador. Um dos itens que fizeram o consumidor sentir na pele o efeito dessa combinação é a carne bovina, que teve crescimento de preço de mais de 34% em 2021.
O aumento expressivo se reflete diretamente no estudo feito pela Consultoria Agro do Itaú a pedido da BBC Brasil. O levantamento indica que o consumo de carne bovina no Brasil, no ano passado, foi o menor nos últimos 16 anos.
Na casa da empregada doméstica Maria Dias, cortes como alcatra, picanha e contra-filé deixaram de ser os protagonistas das refeições. Ela conta que são necessários R$ 750 para fazer a compra do mês, sem considerar os gastos com a carne vermelha, que supera os R$ 300. Diante do cenário atual, a profissional do lar tem optado por aves como fonte de proteína animal.
Comer carne bovina todos os dias se tornou impossível nos últimos tempos. E como o frango está bem mais em conta, o jeito foi adaptar o cardápio da semana para não precisar cortar de vez.
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