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Educação/Vestibular
Terça - 08 de Fevereiro de 2022 às 13:41
Por: Daniel Corráda CNN em São Paulo

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O número de crianças de seis e sete anos no Brasil que não sabem ler e escrever cresceu 66,3% de 2019 para 2021 – explicitando um dos efeitos da pandemia de Covid-19 no ensino brasileiro.

A análise foi divulgada, nesta terça-feira (8), pela organização Todos Pela Educação, com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Ao todo, 2,4 milhões de crianças brasileiras não estão alfabetizadas nesta faixa etária. O número corresponde a quase metade (40,8%) do grupo inteiro.

“Os efeitos são graves e profundos, então não serão superados com ações pontuais. As Secretarias de Educação precisam oferecer um apoio muito bem estruturado à gestão escolar e aos professores, que já estão com imensos desafios”, destacou o líder de políticas educacionais da Todos Pela Educação, Gabriel Corrêa, em comunicado divulgado à imprensa.

A nota técnica “Impactos da pandemia na alfabetização de crianças”, divulgada pela organização, declara que “a situação é preocupante em diversas dimensões”.

O documento ainda aponta que o aumento expressivo no número de crianças não-alfabetizadas no país tem impacto mais grave entre alunos negros e pobres.

“As informações reportadas pelos respondentes da pesquisa do IBGE […] corroboram o que têm mostrado as avaliações de aprendizagem que Estados e Municípios vêm aplicando em seus estudantes”, afirma um trecho da nota técnica.

As desigualdades sociais e étnicas do país se refletem nos dados.

Ao todo, 47,4% das crianças pretas não estão plenamente alfabetizadas; entre as pardas o índice é 44,5%.

Já entre crianças brancas, o número atual é de 35,1%.

Quando avaliados os domicílios ricos do país, o índice é de 16,6%. Já entre os pobres, o número salta para 51%.

Fonte: IBGE/Pnad Contínua. Elaboração: Todos Pela Educação.

A nota técnica conclui que ações presentes e futuras do Poder Público, em todas as esferas, são fundamentais para mitigar os efeitos negativos vistos.

“Não adianta deixarmos toda a responsabilidade disso com os Municípios, só porque ofertam a grande maioria das matrículas dos primeiros anos do Ensino Fundamental. Os governos estaduais e o governo federal não podem se omitir”, afirmou Gabriel Corrêa.

“Devem ter papel central, oferecendo apoio técnico e financeiro às Prefeituras, fortalecendo o regime de colaboração. A tragédia na alfabetização não pode ficar invisível. É fundamental que esse tema ganhe a devida prioridade na agenda dos nossos governantes”, completou o membro da organização.

A Todos Pela Educação ainda lembra que a não-alfabetização das crianças em idade adequada traz prejuízos para aprendizagens futuras e aumenta os riscos de reprovação, abandono e/ou evasão escolar.

Por isso, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabelece a alfabetização como foco principal da ação pedagógica nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental.

10 momentos marcantes da história do Enem

  • 1 de 11No primeiro ano, em 1998, apenas duas universidades no Brasil utilizavam a nota do Enem como método de classificação para o vestibularCrédito: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
  • 2 de 11O MEC passou a conceder isenção da taxa de inscrição aos estudantes da rede pública em 2001.houve um salto no número de participantes, e no ano seguinte o Enem registrou 1.829.170 inscritosCrédito: Fábio Motta/Estadão Conteúdo
  • 3 de 1115/01/2009: Foto de interno da Fundação CASA, em Itaquera, que faz faculdade com bolsa de estudo integral através do programa ProUni. Em 2004, o programa começou a usar a nota do Enem para concessão de bolsas de estudos integrais e parciais aos participantesCrédito: Sérgio Neves/Estadão Conteúdo
  • 4 de 11Em 2011, a participação no Enem seria obrigatória para quem quisesse financiar seus estudos por meio do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies)Crédito: Foto: Agência Brasil
  • 5 de 11Estudantes realizam manifestação contra a fraude no processo do Enem 2009. Os manifestantes seguiram da Câmara Municipal, na Praça da Cinelândia, até o Palácio Gustavo Capanema, sede do Ministério da Educação, no centro do Rio de JaneiroCrédito: Fábio Motta/Estadão Conteúdo
  • 6 de 11Estudantes protestam contra as falhas no Enem em 2010. Alguns estudantes colocaram fogo em cartões de respostas e foram até o Palácio Capanema, sede do Ministério da Educação (MEC)Crédito: Fábio Motta/Estadão Conteúdo
  • 7 de 11Estudantes fazem manifestação no vão livre do MASP, em São Paulo devido aos problemas ocorridos no Enem 2010. Vazamento dos dados dos candidatos foi um delesCrédito: Jonne Roriz/Estadão Conteúdo
  • 8 de 11A correção das redações do Enem passou a ser mais rigorosa em 2013. As providências foram tomadas para que casos como inserção de receita de miojo ou hino do Palmeiras - que receberam nota acima 500 - não sejam toleradosCrédito: Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
  • 9 de 11O segundo dia de aplicação do Enem 2020 teve 55,3% de faltas, abstenção recorde no exame, segundo o Inep. A pandemia adiou a prova de 2020 para janeiro de 2021, mesmo assim, muitos alunos não se sentiram preparados ou seguros para fazer a provaCrédito: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil
  • 10 de 11Desde 2020, o participante pode escolher entre fazer o exame impresso ou o Enem Digital, com provas aplicadas em computadores, em locais de prova definidos pelo Inep. O MEC anunciou o lançamento da modalidade em 2019Crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
  • 11 de 11Dezenas de servidores do Inep, órgão responsável pelo Enem, pediram demissão coletiva de seus cargos em resposta ao que classificam de “má gestão” do instituto, órgão ligado ao Ministério da EducaçãoCrédito: Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil




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