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Terça - 08 de Março de 2022 às 10:20
Por: Thalyta Amaral/Gazeta Digital

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Passar pelo período menstrual já não é muito fácil, mas enfrentar esse período sem ter acesso a absorventes é pior ainda. Essa é a realidade de muitas presas da Penitenciária Feminina Ana Maria do Couto May, em Cuiabá. Para substituir o produto, vale improvisar com os materiais que se tem na mão: toalhas cortadas, pedaços de pano e até miolo de pão - que é guardado das refeições.

Essa situação, que ficou conhecida como pobreza menstrual faz parte da realidade de quem passa pela ressocialização no Estado. O termo francês se refere à falta de acesso a itens básicos de higiene durante a menstruação, seja por falta de informação ou dinheiro.


Ao receber os relatos de humilhação pela qual as mulheres em ressocialização passavam, a Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Mato Grosso (OAB-MT) decidiu mobilizar esforços para dar dignidade à essas mulheres. Apenas em 2021 foram doadas 22 mil unidades de absorventes descartáveis.

Luiz Leite

Ana Maria do Couto May - Pauta relacionamento

"Desde 2019 realizamos essa campanha, sempre em agosto. Faz parte dos direitos sociais, de dar dignidade às mulheres. É um item básico de higiene, mas que não costumamos pensar. O Estado oferece, mas é uma quantidade que não dá para o ano todo. Então pensamos em como ajudar", explica a conselheira estadual da OAB e membro da Comissão da Mulher Advogada, Gabriela de Souza Correia.

Uma mulher fica, em média, de 3 a 5 dias menstruada. Mas como passar por esse período de maneira improvisada? A falta desse item pode prejudicar estudos e até o trabalho que muitas detentas fazem fora da penitenciária.

"Chegou ao nosso conhecimento que elas usavam paninhos e como as condições de higiene não eram muito boas, acabavam gerando muitas doenças. Outras chegaram a nos falar que guardavam o miolo do pão para usar como absorvente. E isso era algo corriqueiro", lembra a advogada.

Para Gabriela, com uma atitude simples, doar absorventes, é possível melhorar a vida de centenas de mulheres. "A gente vê nos olhos delas gratidão por nós termos olhado para elas, de ter se colocado no lugar delas. Muitos homens não têm a noção da importância de um absorvente e a nossa campanha também tem esse objetivo: conscientizar".

"Porque por mais que a gente saiba que a menstruação acontece, passa despercebido. O Estado é obrigado a fornecer, mas a gente não se preocupa se fornece de forma satisfatória. Com a campanha tentamos sensibilizar quem não consegue ver que é uma questão de dignidade da mulher", argumenta Correia.

Outro lado
Questionada pela reportagem sobre a falta de absorventes para as mulheres da penitenciária feminina, a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) afirmou que não tem "nenhuma reclamação por falta de material em nossas unidades femininas" e que as penitenciárias recebem doações de absorventes e materiais de higiene da OAB, Conselhos da comunidade, igrejas e grupos voluntários.





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