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Domingo - 13 de Março de 2022 às 09:03
Por: Liz Brunetto/Mídia News

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Clichês na Rua
Clichê pregado em frente à Igreja Matriz em Cuiabá
Clichê pregado em frente à Igreja Matriz em Cuiabá

Em meio à paisagem urbana e a correria do dia a dia que coloca muitos no piloto automático, às vezes passa despercebida a iniciativa de um grupo de voluntários que espalha frases reconfortantes pelas ruas de Cuiabá.

“Calma, ainda há tempo”; “A vida vale a pena”; “Vai dar certo”. Esses são apenas alguns exemplos de frases utilizadas pelo movimento social “Clichês na Rua”, que ao longo de seis anos de existência já soma mais de 100 voluntários.

Idealizado por Talissa Costa Briante Azevedo, de 33 anos, e Thiago Barboza Azevedo, de 31, o movimento tem como propósito “espalhar o amor através de frases pelas ruas”, com o objetivo de mudar a perspectiva de vida das pessoas, “mudar a sua mentalidade”.

O projeto surgiu em novembro de 2015, quando o casal percebeu que em Cuiabá não havia tanta arte de rua e eles pensaram nesse meio para se comunicar com as pessoas.

“Queríamos levar uma palavra, um valor para aquela pessoa que estava passando ali, que às vezes está ansiosa, mal, precisando de uma força, de um afago, de um amor mesmo”.

O movimento foi se consolidando na medida em que os organizadores tiveram a dimensão do impacto que causavam.

Clichês na Rua

Clichês na Rua

Voluntária com camiseta do Clichês; o material é vendido para manter o movimento

“Como eu já tive depressão e também já tentei suicídio, isso começou a fazer muito sentido pra mim. E pensei: "A gente realmente está fazendo algo diferente aqui na Terra e esse é um propósito muito lindo’. E aí começaram a vir mais frases para ajudar as pessoas”, relembra.

O movimento está presente hoje em outras duas cidades de Mato Grosso além de Cuiabá: Sinop e Campo Verde. Em outros estados é possível encontrar as frases coladas pelas ruas de mais de 20 cidades. “Alguns voluntários se mudaram e levaram os ‘clichês’ com eles. Outros viajam e também levam”.

Em novembro de 2021 o movimento inaugurou um espaço físico na Rua Barão de Melgaço, próximo ao Centro Geodésico da América do Sul. Na unidade são realizadas palestras, treinamentos com os voluntários e outras ações sociais.

“A gente quer que seja um espaço cultural, que a pessoa venha aqui, leia, escute uma música, jogue. Queremos que a pessoa fale: ‘Poxa, eu não tô bem, vou lá no Clichês na Rua’”, diz Talissa.

O impacto na vida de quem passa pelos “Clichês”

Talissa conta que a ideia de usar o termo “clichê” para intitular o projeto surgiu pelo significado e força da palavra. “O que torna uma frase ou palavra em clichês é quando ela é muito repetida e tem força, aí ela vira um clichê e a nossa vida tem muito disso”.

E foi justamente com essa força que as frases coladas e grafitadas aos postes, paredes e pontes da cidade salvaram vidas.

A ativista relembra emocionada de um episódio que a marcou profundamente. Uma mulher que foi decidida a se jogar da ponte Mário Andreazza, em Várzea Grande, mudou de ideia depois de ser tocada pelas frases espalhadas no local.

No relato a mulher diz: “Estive ontem naquela ponte na tentativa de tirar a minha vida. Fui decidida e determinada de assim fazer. [...] Quando coloquei os pés lá vi aquelas palavras escritas no chão. Comecei a ler. No começo achei estranho [...]. Poxa de onde saíram essas [...] frases? Me indaguei”.

Clichês na Rua

Clichês na Rua

Voluntário em “Blitz do amor” entregando miniclichês com as frases

A mulher disse ter lido tudo, mas se mantido convicta em seu plano. A ponte, segundo ela, estava quase que deserta, com um ou outro carro passando de vez em quando. Ela decidiu ir para o outro lado da ponte e continuar.

“E quando cheguei do outro lado também tinham frases, mensagens me dizendo que eu sou única, que eu sou insubstituível aqui nessa terra. Comecei a refletir então, pensar que tudo passa nessa vida e nada como um dia após o outro. Não é mesmo? Nesse dia eu fui salva!”, continuou.

Seja no estilo “lambe-lambe” ou no “stencil” - tipo de grafite - muitos são os relatos de pessoas impactadas pelo projeto nas redes sociais, desde um “melhorou o meu dia”, até um “salvou a minha vida”.

Um dos relatos diz: “Tem um cartaz de vocês na porta da minha faculdade: “Nunca Desista”, e toda vez que leio ele, me dá mais vontade de continuar a viver”.

“O Clichês transmite amor e esperança as pessoas, mesmo quando tudo parece desabar”, diz outro.

Para Talissa, se “uma pessoa por dia for transformada” com as frases espalhadas pela cidade, a missão do movimento está cumprida.

O movimento tem o reconhecimento da Secretaria de Cultura de Mato Grosso devido ao impacto social, juntos já realizaram ações de prevenção ao suicídio.

Para conferir e fazer parte do movimento visite as redes sociais do grupo no Instagram.

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