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Terça - 22 de Março de 2022 às 10:19
Por: Cíntia Borges/Mídia News

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A deputada Rosa Neide, que figura na lista de
A deputada Rosa Neide, que figura na lista de "fura-filas" apontada pelo MPE

Investigação feita pelo Ministério Público do Estado (MPE) apontou que, com o auxílio do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), a deputada federal Rosa Neide Sandes (PT) recebeu a segunda dose da vacina contra Covid-19 de maneira antecipada.

A constatação foi feita após perícia no celular de Emanuel, apreendido durante busca e apreensão da Operação Capistrum, que investiga um esquema de contratações ilegais na Secretaria Municipal de Saúde.

Rosa Neide tem 57 anos e tomou a primeira dose em maio do ano passado, no grupo prioritário, por apresentar comorbidades.

No levantamento do MPE, consta que a segunda dose da parlamentar estava marcada para 8 de agosto. No entanto, ela se vacinou no dia 26 de julho.

As informações constam em um relatório produzido pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado), ligado ao MPE.

O conteúdo mostra que Emanuel teria agendado, pessoalmente, as datas de vacinação para 47 pessoas, entre elas a deputada petista.

A maioria dos agendamentos não respeitou as datas estabelecidas para cada faixa etária, ou seja, há o indicativo de que o prefeito autorizou as pessoas a furarem a fila da vacinação.

Modus operandi

O esquema de "fura-fila", segundo o Gaeco, funcionava da seguinte forma: parentes e agentes públicos entravam em contato com o prefeito Emanuel, geralmente via WhatsApp, indicando os nomes.

Emanuel, então, repassava os nomes para uma pessoa identificada em seu celular como "Gilmar Saúde". O Gaeco acredita que se trate de Gilmar de Souza Cardoso, o coordenador técnico de Tecnologia e Informática da Secretaria de Saúde de Cuiabá à época.

Conforme as conversas, no dia 22 de julho às 15h, durante intensa troca de mensagens entre Gilmar e Emanuel sobre pedidos de antecipação da aplicação do imunizante, o servidor encaminha um documento em PDF com o nome da deputada petista a Emanuel.

Dias depois, constou no sistema Vacina Cuiabá que ela tomou a vacina.

Veja fac-símile do documento:

O outro lado

À reportagem, a deputada reconheceu que teve a segunda dose antecipada, após "autorização da prefeitura".

"A parlamentar estaria em viagem e não poderia comparecer ao posto de vacina. Hipertensa e diabética, a vacinação da deputada ocorreu dentro de sua faixa etária e mediante a apresentação de atestado médico", diz trecho de nota enviada pela sua assessoria.

"Professora Rosa Neide ressalta que no dia 27, quando tomou a segunda dose, a Prefeitura já havia autorizado a antecipação para todos e todas de sua faixa etária e com comorbidades".

Afastamento no STJ

As informações do relatório do Gaeco foram anexadas a um recurso, chamado Suspensão de Liminar e de Sentença, que tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ), contra Emanuel Pinheiro. O recurso foi interposto procurador-geral de Justiça José Antônio Borges, na segunda-feira (15).

Borges é contra a decisão do presidente do STJ, ministro Humberto Martins, que ordenou o retorno de Emanuel ao cargo, em novembro passado.

"Fato gravíssimo extraído das conversas de Whatsapp do aparelho celular do Prefeito agravado, revelam que o mesmo, novamente para atender interesses de parentes (irmão, filho), bem como de políticos (deputados aliados), permitiu que dezenas de pessoas indicadas FURASSEM A FILA DA VACINAÇÃO, já que tiveram agendamento providenciado pelo próprio Prefeito", afirmou o procurador-geral de Justiça, José Antônio Borges.

No recurso, o procurador-geral de Justiça ainda pede para que os ministros do STJ definam pelo afastamento do prefeito do cargo.

“O agravado vem continuamente praticando ilegalidades e mesmo crimes no cargo de Prefeito, sem contar que tem agido no sentido de impedir o descortino de seus feitos”, argumentou.

O prefeito foi afastado em outubro sob acusação de criar um "cabide de empregos" na Secretaria Municipal de Saúde para acomodar centenas de indicações de aliados, para obter, manter ou pagar por apoio político. Ele ficou fora do cargo por 37 dias.

No recurso, já há a manifestação do Ministério Público Federal (MPF) favorável à derrubada da decisão que determinou o retorno.

Segundo o subprocurador-geral da República, Nicolao Dino, a "manutenção do prefeito no cargo tem causado grave risco à instrução processual e à saúde e economia pública".

Emanuel teve dois afastamentos decretados pela Justiça de Mato Grosso no ano passado. O primeiro no âmbito criminal e, o segundo, no cível.





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