Na Assembleia, mandato de deputado estadual parece ser para sempre No Legislativo, 23 deputados tentarão a reeleição e só um concorrerá para deputado federal
Para sempre ou pelo menos até onde for possível.
Essa é a visão que o eleitor tem da composição das legislaturas na Assembleia Legislativa, onde deputados eternizam-se no cargo e dificilmente o deixam, salvo, no pior dos cenários, por decisão das urnas, ou pela comodidade de uma indicação ao Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Raros são os que trocam a busca pela reeleição por outra candidatura.
Com 24 membros, o Legislativo tem baixa renovação e reduzida presença feminina.
Os mais antigos na vida pública são os deputados Wilson Santos (PSD), Max Russi (PSB), Nininho (PSD) e Sebastião Rezende (União).
A Assembleia é considerada termômetro político mato-grossense, mas poucos governadores foram deputados estaduais, após a divisão territorial que, em 1979, criou Mato Grosso do Sul.
Wilmar Peres era vice-governador em 1986 e assumiu o Governo com a desincompatibilização de Júlio Campos, que disputou e venceu a eleição para deputado federal.
Carlos Bezerra governou de 1987 a 1990 e foi parlamentar estadual na legislatura de 1975/78.
Dante de Oliveira conquistou o Palácio Paiaguás em 1994 e, quatro anos depois, exerceu mandato de deputado, no período de 1979/82.
Silval Barbosa cumpriu dois mandatos de deputado e presidiu a Assembleia; em março de 2010, era vice-governador e assumiu o poder com a desincompatibilização do titular Blairo Maggi, que seria eleito senador.
Em 2014, Silval venceu a eleição ao Governo, em primeiro turno.
O vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos) foi deputado estadual na legislatura de 2007 a 2010.
Na bancada federal, são ex-deputados estaduais Carlos Bezerra (MDB), Juarez Costa (MDB) e Dr. Leonardo (PSB), e os suplentes no Senado: Jorge Yanai (PODE), primeiro suplente de Wellington Fagundes (PL) e José Lacerda (MDB), segundo suplente de Carlos Fávaro (PSD).
Dois ex-deputados estaduais exercem mandatos de prefeito.
Em Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB) elegeu-se em 2016 e reelegeu-se em 2020.
Em Rondonópolis (212 km ao Sul de Cuiabá), Zé Carlos do Pátio (PSB) é prefeito reeleito e cumpre o terceiro mandato.
Na legislatura, todos disputarão as eleições em outubro.
Somente Allan Kardec (PSB) não tentará a reeleição. Ele presidia regionalmente o PDT, que, em razão do fim das coligações, não conseguiu arregimentar filiados com potencial eleitoral, e esse cenário o levou ao PSB, que já havia montado sua pré-chapa à Assembleia, o que o empurrou para tentar mandato à Câmara.
O cuiabano Allan Kardec Benitez tem 42 anos é técnico em eletrônica, professor de Educação Física e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso.
Filiado ao PT, elegeu-se vereador por Cuiabá em 2012, mas não conseguiu a reeleição em 2016.
Em 2014, disputou a Assembleia, ficando na suplência de uma coligação que dentre outros era formada pelo PT e PMDB.
O deputado estadual Emanuel Pinheiro (PMDB) venceu a eleição para prefeito da capital e abriu vaga para Allan Kardec, que, na Assembleia, filiou-se ao PDT, pelo qual seria reeleito.
No Governo de Mauro Mendes (UB), Allan Kardec foi secretário de Cultura, Esporte e Lazer.
NOVATOS - Sete deputados cumprem o primeiro mandato eletivo.
O paulista de José Bonifácio, Luís Amilton Gimenez, com nome parlamentar de Dr. Gimenez, 70 anos, é médico domiciliado em São José dos Quatro Marcos, na fronteira; elegeu-se pelo PV e migrou para o PSD – é o decano da legislatura.
Dr. João (MDB) é o nome político adotado pelo português naturalizado brasileiro João José de Matos, 66 anos, médico nefrologista em Tangará da Serra (239 km a Noroeste da Capital).
Ulysses Moraes (PTB), 32 anos, é o deputado mais novo; advogado nascido em Cuiabá, Ulysses, filiado ao DC, conquistou mandato com apoio do Movimento Brasil Livre (MBL), do qual afastou-se, migrou para o PSL e, na janela partidária, em março, aderiu ao PTB.
O policial penal João Batista Pereira de Souza (PP), o João Batista do Sindspen, tem 47 anos, nasceu em Belém do São Francisco (PE) e reside em Cuiabá.
Elegeu-se pelo Pros com 11.374 votos. Vencido na disputa interna pelo controle partidário, João Batista filiou-se ao PP.
Foi presidente do Sindicato dos Servidores Penitenciários (Sindspen), do qual deriva seu nome parlamentar.
Claudinei de Souza Lopes (PL), 52 anos, nascido em Marialva (PR), elegeu-se pelo PSL com 29.988 votos e adota o nome parlamentar de Delegado Claudinei, por ser delegado da Polícia Civil.
Sua principal base eleitoral é Rondonópolis, onde atua desde 2016. Sua bandeira é o bolsonarismo.
Carlos Avallone Júnior, 62 anos, nascido em Dracena (SP), é empresário e engenheiro civil. Desde 2006, disputou eleição para deputado estadual, permanecendo sempre na suplência.
Em março de 2019, assumiu o cargo com a renúncia do médico Guilherme Maluf (PSDB), que foi nomeado conselheiro do TCE.
Avallone sempre foi filiado ao PSDB, pertenceu ao secretariado do ex-prefeito de Cuiabá, Dante de Oliveira.
Em 2018, recebeu 14.264 votos em 121 municípios. Em 2021, o Tribunal Regional Eleitoral cassou seu mandato, sob a acusação de crimes eleitorais de Cixa 2 e abuso de poder econômico; no cargo, Avallone recorre ao Tribunal Superior Eleitoral.
Em 13 de março de 2021, Sílvio Fávero (PSL), 54 anos morreu vítima de Covid, em Lucas do Rio Verde (534 km ao Norte de Cuuabá), onde residia e foi sepultado.
O suplente Gilberto Cattani o substituiu. Cattani chegou à suplência pelo PSL, por um período filiou-se ao PRTB, pelo qual foi candidato a primeiro suplente de senador do Rei do Porco (PDC), na eleição suplementar de 2020.
VETERANOS – Quatro integram esse grupo.
Wilson Santos (PSD) nasceu em Dracena (SP), tem 61 anos, é professor de História e advogado. Militou no grupo político de Dante de Oliveira. Em 1988, elegeu-se vereador por Cuiabá. Em 1994 e 1998, foi deputado estadual. Em 2000, disputou, sem sucesso, a Prefeitura da Capital e, dois anos depois, seria deputado federal.
Em 2004 e 2008, venceu a disputa pela Prefeitura de Cuiabá. Em 2010, disputou o Governo pelo PSDB e o pleito foi vencido, em primeiro turno, por Silval Barbosa (PMDB).
Sem mandado, em 2011 foi nomeado conselheiro das Centrais Elétricas de Minas Gerais (Cemig), por seu então correligionário tucano Aécio Neves.
Em 2014 e 2018, elegeu-se deputado estadual, sendo a última eleição com 14.855 votos.
Em meio à carreira, política foi secretário municipal e estadual.
Ondanir Bortolini, paranaense de Santo Antônio do Sudoeste, 64 anos, empresário radicado em Rondonópolis, foi prefeito de Itiquira em 1992, 2000 e 2004.
Em 2010 com 22.747 pelo PR conquistou suplência na Assembleia e efetivou-se em plenário em maio de 2011, com a nomeação do deputado Sérgio Ricardo para o TCE.
Em 2014 e 2018, manteve-se no cargo. É presidente de Honra da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM).
É irmão de Betão Bortolini, que foi prefeito reeleito de Itiquira e tio do prefeito do município, Fabiano Dalla Valle.
Max Joel Russi, 46 anos, paranaense de Salto do Lontra, político, foi vereador e presidente da Câmara de Jaciara, na legislatura de 2001 a 2004, ano em que venceu a eleição para prefeito e, quatro anos depois, seria reeleito.
Em 2014 e 2018, elegeu-se deputado estadual. Foi chefe da Casa Civil e secretário de Trabalho, Assistência Social e Cidadania, no Governo de Pedro Taques; presidiu a Assembleia.
É marido de Andréia Wagner (PSB), prefeita de Jaciara, e irmão mais velho de Alexandre Russi (PSB), que foi prefeito de São Pedro da Cipa, em dois mandatos consecutivos. Preside regionalmente o PSB.
Sebastião Machado Rezende (União) tem 57 anos, nasceu em Rondonópolis, onde reside; é engenheiro civil e advogado.
Chegou à Assembleia em 2002 pelo PTB e repetiu mandatos em 2006, 2010, 2014 e 2018. É considerado representante evangélico em plenário. Rezende também foi filiado a outros partidos.
Na janela de filiação, trocou o PSC pelo União.
MULHER – A presença feminina sempre foi pequena na Assembleia.
Janaína Riva (MDB) é a única mulher em plenário.
Aos 33 anos, empresária e advogada nascida em Juara, Janaína Greyce Riva Fagundes é campeã na votação ao cargo, com 51.546 conquistados nos 141 municípios mato-grossenses.
Filha de José Riva, que durante 20 anos revezou-se entre a Presidência e Primeira Secretaria da Assembleia, Janaína, em 2014, substituiu, o pai candidatando-se ao cargo, uma vez que ele alcançado pela Lei da Ficha Limpa, tornando-se inelegível.
É nora do senador Wellington Fagundes (PL).
PRESIDENTE – José Eduardo Botelho (União) tem 63 anos, é empresário, engenheiro eletricista e professor de Matemática.
Nasceu em Nossa Senhora do Livramento e pertence a uma família política, cujo principal nome foi o pecuarista Osvaldo Botelho de Campos – o lendário coronel político Nhonhô Tamarineiro.
Seu irmão Luiz Marinho presidiu a Câmara de Cuiabá e foi deputado estadual.
Botelho chegou ao cargo na eleição de 2014, pelo PSB, quando recebeu 40.517 votos, e reelegeu-se pelo Democratas em 2018 com 33.788 votos.
Preside a Assembleia pela terceira vez.
Com a fusão do Democratas com o PSL, surgiu o União Brasil, no qual permanece.
PETISTAS - A bancada do PT é formada pelo médico sanitarista goiano de Rio Verde concursado no governo estadual Lúdio Frank Mendes Cabral, 51 anos, e pelo biólogo Valdir Mendes Barranco, 47 anos, nascido em Alvorada do Sul (PR).
Lúdio foi vereador por Cuiabá em dois mandatos consecutivos e disputou a Prefeitura da Capital em 2012 e o Governo em 2014.
Em 2018, chegou à Assembleia. Barranco foi prefeito de Nova Bandeirantes e superintendente do Incra em Mato Grosso por nomeação petista; em 2014 elegeu-se deputado estadual, mas não assumiu por conta da rejeição de suas contas pela Câmara de seu município.
Em setembro de 2016, finalmente, Barranco conseguiu reverter a rejeição e chegou ao plenário, ocupando a cadeira até então do coronel da PM Pery Taborelli (PSC) e em 2018 reelegeu-se.
ARAGUAIA - O médico anestesiologista mineiro de Córrego do Ouro, José Eugênio Paiva, 56 anos, foi para Água Boa em 1997 e participou da criação do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Médio Araguaia (Cisma), que resultou na construção do Hospital Regional Paulo Alemão na cidade, onde, em 2016, elegeu-se vereador e, quatro anos, depois disputaria a prefeitura.
Em 2018, pelo PSB, com o nome parlamentar de Dr. Eugênio, elegeu-se deputado estadual, sendo o único domiciliado no Vale do Araguaia, na legislatura em curso.
FAMÍLIA – Dilceu Dal'Bosco elegeu-se deputado estadual em 2002 e 2006.
Na eleição de 2010, candidatou-se a vice-governador na chapa encabeçada pelo tucano Wilson Santos e foi derrotado, em primeiro turno, por Silval Barbosa (PMDB).
Concorrendo para vice-governador, Dilceu lançou o irmão Dilmar Dal Bosco ao cargo que deixava.
Dilmar Dal Bosco, 55 anos, nasceu em Galvão (SC), é empresário e reside em Sinop.
Cumpre o terceiro mandato consecutivo. É líder do governo na Assembleia.
INSISTENTES – O terceiro sargento aposentado da Polícia Militar Elizeu Francisco Nascimento tem 41 anos, nasceu em Tangará da Serra.
Em 2012, Elizeu disputou e perdeu a eleição para vereador por Cuiabá.
Dois anos depois, tentou vaga na Assembleia e também perdeu.
Em 2016, chegou à Câmara Municipal e em 2018 elegeu-se deputado estadual pelo DC com 21.347.
Na Assembleia, foi filiado ao DC e PSL.
Com a ida do presidente Jair Bolsonaro para o PL, o acompanhou e se define enquanto bolsonarista.
O advogado Faissal Jorge Kalil Filho, 41 anos, nascido em São Sepé (RS) disputou a eleição em 2010 sendo derrotado para a Assembleia.
Dois anos depois, conquistou mandato de vereador por Cuiabá.
Em 2018, elegeu-se deputado estadual pelo PV com 20.509 votos.
Na janela de filiação, migrou para o Cidadania, comandado pelo ex-secretário de Estado Marco Marrafon.
EX-VEREADORES – Paulo Roberto Araújo, cuiabano, 44 anos, servidor público estadual foi vereador por Cuiabá em duas legislaturas consecutivas; em 2018 elegeu-se deputado estadual pelo PP com 11.645 votos.
Thiago Alexandre Rodrigues da Silva, 39 anos, nascido em Rondonópolis, economista, advogado e ex-professor universitário, trabalhou na Prefeitura de Rondonópolis, cidade onde militou no movimento comunitário e foi vereador reeleito.
Elegeu-se pelo MDB, com 19.339 votos.
EX-PREFEITO – Valmir Luiz Morreto, 51 anos, pecuarista, nasceu em Palotina (PR) e foi pioneiro em Nova Lacerda, na faixa de fronteira com a Bolívia.
Em 2008 e 2012, foi prefeito daquele município, pelo Democratas.
Em 2018, filiado ao Republicanos, elegeu-se deputado estadua,l com 21.261 votos.
VICE-PREFEITO – Ederson Dal Molin, o Xuxu Dalmolin, tem 46 anos, nasceu em Realeza (PR) é empresário e advogado.
Pioneiro em Sorriso, foi vereador pelo PDT no município em 2004 e, ao término do mandato, foi cassado por infidelidade partidária, mas a sentença não o tornou inelegível.
Em 2008, candidatou-se a vice-prefeito de Dilceu Rossato e sua chapa foi batida, mas, quatro anos depois, mantendo a mesma dobradinha, elegeu-se vice-prefeito.
Em 2014, conquistou suplência de deputado federal e, por 120 dias, esteve em plenário.
Em 2018, elegeu-se pelo PSC com 23.764 votos.
Na janela de filiação, migrou para o PL. Na Assembleia, defende o bolsonarismo.
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