“Dorotéia”, peça baseada na obra de Nelson Rodrigues, estreia em São Paulo neste sábado (28), no Teatro Raul Cortez, às 21h. No ano do centenário do escritor, a produção concorre em horário com a novela “Avenida Brasil”. No Rio, onde ficou em cartaz por sete semanas, Carminha e Rita perderam a batalha para a ex-prostituta que dá nome à produção, interpretada por Alinne Moraes. Foi assim para os que lotaram o Teatro Poeira em 14 apresentações.
Incitada a convidar o público paulista, a atriz sugere: “Avenida Brasil versus Nelson Rodrigues” (veja entrevista no vídeo acima). Alinne volta aos palcos cinco anos após sua estreia, em 2007, quando fez “Dhrama, o incrível diálogo entre Krishna e Arjun”, com o diretor João Falcão.
Este ano, ela faz uma pausa nas participações em novelas e nos cinemas para viver Dorotéia, uma ex-prostituta que após perder o filho, procura redenção na casa das primas viúvas. Dona Flávia, Carmelita e Maura, interpretadas pelos atores Gilberto Gawronski, Alexandre Pinheiro e Paulo Verlings, pregam a salvação na feiura e repudiam a beleza. "Sentia falta do palco. É arte do dia, do improviso. A peça só está pronta quando você apresenta. Os veículos se complementam, foi bom sair de televisão e respirar um ar novo. É essencial para minha formação", diz a atriz.
Alinne Moraes volta aos palcos cinco anos após sua estreia (Foto: Murillo Meirelles/Divulgação)
A montagem foi encenada apenas uma vez, em 1950. Sob a direção de Zbigniew Ziembinski, a atriz Eleonor Bruno - para quem Nelson escreveu a peça e com quem viveu um romance – deu vida a personagem principal.
Para interpretar Dorotéia, Alinne não recorreu a nenhuma das clássicas prostitutas do cinema e da televisão. Leu o texto, apenas. “A única coisa em que mergulhei foi no próprio texto. Não quis levar nada pessoal, fui quase um papel em branco para que o João Fonseca [diretor da peça] pudesse dirigir, me adequar às opiniões dele. A Dorotéia estava pronta, o Nelson Rodrigues é muito específico, claro. Ela é totalmente atual. Não me baseei em nada“, explica. O conflito da personagem, entretanto, esbarra de alguma forma em experiências pessoais da atriz. Embora negue que tenha sofrido preconceitos por conta de seus atributos físicos, ela crê que o talento dos profissionais bonitos seja subestimado no meio artístico.
“Sempre fui bem aceita no meu meio. Eu nunca tive que vencer isso. Os atores se identificam. Os bichinhos se reconhecem, olham no próprio olho. Mas eu ouço tantos novos atores chegando, e falando ‘ele é bom ator, mas é muito bonito’. A beleza é quase transformada como um bullying. Se você é bonito alguma coisa ruim tem por trás. Eu gostei desse lado da peça.”
É a segunda montagem da peça "Dorotéia", texto escrito por Nelson Rodrigues em 1949 (Foto: Murillo Meirelles/Divulgação)
"Dorotéia" em São Paulo
Quando: 28 de julho a 14 de outubro
Onde: Teatro Raul Cortez (Rua Doutor Plínio Barreto, 285, Bela Vista)
Horários: sextas às 21h30, sábados às 21h; domingos às 19h
Ingressos: R$60,00 (sexta-feira e domingo) e R$ 70,00 (sábado)
Bilheteria: De terça a quinta-feira. Das 14h às 20 horas. Sexta-feira a domingo, das 14h até o início do espetáculo. Os ingressos também estarão disponíveis pela internet: www.ingressorapido.com.br, telefone: 4003-1212. Classificação etária: 14 ano
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