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Cidades/Geral
Segunda - 30 de Maio de 2022 às 10:36
Por: Davi Vittorazzi/Mídia News

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Maria Augusta Ribeiro é especialista Netnografia e Comportamento Digital
Maria Augusta Ribeiro é especialista Netnografia e Comportamento Digital

Quanto mais tarde tiverem contato frequente com tecnologias e a internet, mais as crianças e adolescentes estarão seguros no ambiente virtual. A avaliação é de Maria Augusta Ribeiro, especialista em Netnografia e Comportamento Digital.

A defesa da especialista é de que, com a iniciação tardia nas tecnologias, as crianças podem ter mais senso crítico para saber por onde estão navegando e com quem estão falando, de forma a se expor menos a riscos.

“Questionamentos que geralmente os mais velhos fazem, as crianças [sem o senso crítico] estão mais vulneráveis”, diz Maria Ribeiro.

À reportagem, a Secretaria de Segurança Pública do Estado (Sesp-MT) informou que os crimes na internet, de janeiro a abril deste ano, somam 13.569 ocorrências. O número representa um aumento de 58% em relação a todo período do ano passado.

Com uma grande quantidade de usuários no Brasil, as redes sociais se tornam um ambiente favorável para criminosos encontrarem suas vítimas. Só no Facebook, o país tem cerca de 148 milhões de usuários.

Conforme Maria Augusta, há um descuido por parte dos pais com a exposição exacerbada dos filhos na internet, o que pode ter como consequência a abertura de portas para crimes virtuais.

“A gente deveria estar preocupado com o tempo de consumo e temos que aprender a ser cidadão digital, aprender a usar internet, a tecnologia. Ela é maravilhosa. O que acontece é que muitas vezes usamos errado”, destaca.

Exposição exagerada e os riscos

Quem não gosta de um like na foto e dos comentários elogiosos? Compartilhar fotos e ações nas redes mostra para os nossos amigos, ou seguidores, como levamos - em parte - nossas vidas.

Mas a cada nova postagem, um novo risco, já que milhares de criminosos atuam nesses espaços. Segundo a especialista em netnografia, o espaço é um prato cheio para pessoas que cometem ilegalidades diversas.

Além dos crimes como estelionato, comuns para adultos, as crianças e adolescentes são alvos frequentes de crimes de cunho sexual.

“Um pedófilo vai agir como uma criança, vai falar como uma criança e induzir essa criança, pela ingenuidade, pelo golpe, pelo crime”. O alerta é feito aos pais, já que o crime ocorre com certa frequência.

A pesquisadora lembra que os criminosos estão cada vez mais atuando nos aplicativos de mensagens. “Nunca houve tantos golpes no WhatsApp”.

Reprodução

Criança usando celular

Crianças e adolescentes são alvos mais frequentes de crimes de cunho sexual.

"Às vezes, a gente pensa que um crime é uma coisa de filmes, que acontece longe da gente. Mas não: está acontecendo todos os dias dentro dos lares. As pessoas não estão cientes disso, e depois o ônus é muito grande”, diz.

No caso de crimes contra crianças, a questão psicológica é um dos fatores que os torna ainda mais graves, já que os menores não têm o mesmo preparo para lidar com essas situações.

Outro risco para as crianças é o chamado “morphing”. A técnica consiste em utilizar a imagem de uma pessoa, por meio de recorte de programas de edição de imagens, para colocá-las em vídeos ou fotos pornográficas.

“Imagina quando isso é feito com menor? E isso acontece porque existe um público muito grande [disposto a consumir conteúdo de pedofilia]”, explica.

Em outro caso, o risco à saúde dos menores também pode se dar pela baixa autoestima. Isso porque o consumo excessivo de redes como o TikTok e Instagram expõe imagens de pessoas que, para muitas outras, podem parecer algo inatingível.

“No mundo digital temos muitos aceessórios, filtros, que acabam frustrando os jovens com a realidade. Isso atinge muito as meninas, de não se sentir bem com o corpo”, exemplifica. “As redes sociais têm uma força muito grande nisso”.

Uso como meio e não como fim

A tecnologia possibilita inúmeras funções, como a troca de mensagens, compartilhamento de fotos, áudios, acesso a bancos e demais informações. Incontáveis funções. Porém, para a especialista, a tecnologia deve ser vista como um meio e não o fim.

A especialista defende que os usuários precisam ser mais críticos no momento de compartilhar fotos, principalmente envolvendo menores, pois de forma indireta podem estar alimentando o sofrimento das crianças.

“Os consultório psiquiátricos, pedagógicos, médicos estão abarrotados de crianças com problemas. Às vezes os pais publicam coisas que elas [as crianças] não desejam estar ali”, pontua.

O grande poder das plataformas

Maria Augusta destaca que as empresas que gerenciam as redes têm grande poder sobre os usuários. Já que somos quase que obrigados a aceitar termos, que muitas vezes não são lidos, para integrar as plataformas.

“Desde quando você criou a conta no Instagram ou TikTok, no termo que você aceita acaba autorizando essas empresas a uso sua imagem sem restrições, em qualquer lugar do mundo”.

“Amanhã pode ter uma foto sua em um outdoor [fazendo publicidade] em toda Cuiabá e você receberá zero por essa propaganda. De repente pode ter uma campanha de marketing na Europa com a foto do seu filho".





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