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Quinta - 30 de Junho de 2022 às 11:36
Por: Liz Bruneto/Mídia News

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A bióloga Gisele Winck (detalhe) é a autora principal do artigo, que cita o desmatamento como uma das causas  LIZ BRUNETTO DA REDAÇÃO Mato Grosso é um dos sete estados brasileiros com grande risco de surgimento de surtos de doenças de origem animal.
A bióloga Gisele Winck (detalhe) é a autora principal do artigo, que cita o desmatamento como uma das causas LIZ BRUNETTO DA REDAÇÃO Mato Grosso é um dos sete estados brasileiros com grande risco de surgimento de surtos de doenças de origem animal.

Mato Grosso é um dos sete estados brasileiros com grande risco de surgimento de surtos de doenças de origem animal. Os dados são de um estudo feito por pesquisadores brasileiros e publicado nesta quarta-feira (29) na revista Science Advances.

Os outros seis estados apontados como de alto risco são Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Roraima e Rondônia.

Os demais estão divididos em médio e baixo risco. A região Norte foi apontada como a mais crítica dentre todas, onde somente o Pará apresenta risco médio de surgimento de surto.

Essas doenças são chamadas de zoonoses e o exemplo mais recente vivido no País é da varíola dos macacos, com 17 casos confirmados, segundo o Ministério da Saúde.

O professor da Universidade Estadual do Ceará, Hugo Fernandes-Ferreira, um dos autores do artigo, explicou em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo que esse é o resultado de um processo de mutações contínuas até que um patógeno – organismo que causa doença – consiga infectar humanos.

Segundo ele, a possibilidade de infecção cresce com o contato direto com animais silvestres. Isso se potencializa em razão do desmatamento nessas regiões, bem como a diversidade de espécies nesses locais.

A capacidade de resposta frente a situações de risco desses estados foi levada em consideração durante a análise e, segundo a bióloga Gisele Winck associada a Fiocruz, e autora principal do artigo, esse é um fator que torna o País em uma “potencial incubadora” dessas doenças.

"Existem diversas crises que tornam o nosso país como uma potencial incubadora. São crises ambientais, socioeconômicas, aumento do desmatamento, do desemprego, da insegurança alimentar. Tudo isso faz com que cresça o grau de exposição das pessoas a esses patógenos", explicou a bióloga à Folha.

Até mesmo o isolamento dos municípios impactou nos resultados da pesquisa. Quanto menor a capacidade de conexão das cidades, menor era também o acesso a serviços especializados de saúde e maior a probabilidade de surtos.

A pesquisa durou mais de duas décadas e compreende dados coletados entre 2001 e 2019 de noves zoonoses vivenciadas no País.

Os surtos de zoonoses analisados foram a doença de chagas, febre amarela, febre maculosa, leishmaniose tegumentar e visceral, hantavírus, leptospirose, malária e raiva.

Segundo a Folha, observando os padrões de disseminação dessas doenças, os autores mensuraram os riscos de novos surtos.

Como evitar?

Conforme os pesquisadores à Folha, todas as circunstâncias de contato com esses animais se relacionam com “a presença humana em áreas de fauna nativa”. Para evitas novos surtos, portanto, seria urgente a prevenção ambiental.

Uma das principais formas de contágio apontadas pelos pesquisadores é a caça ilegal e a comercialização da carne proveniente dela.

"A caça é a principal rota do contato direto de humanos com patógenos de mamíferos silvestres", afirmou Fernandes-Ferreira à Folha.

Outro vetor seria o mosquito e quanto maior o desmatamento, mais suscetível ao seu contato está o ser humano.

Eliminando ou ao menos reduzindo esses meios de contágio, os surtos podem ser freados.





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