A ciência grafotécnica utilizada para identificar e punir golpes Silvia Nascimento, perita grafotécnica, conta que os golpistas se aprimoram continuamente na prática criminosa
Você já foi vítima ou conhece alguém que caiu em um ou mais golpes e sofreu prejuízo financeiro?
Sim? Pois então, em Mato Grosso, assim como no Brasil, há uma infinidade de modalidades de golpes, os crimes de estelionatos, sendo aplicados especialmente contra pessoas idosas.
Nos primeiros quatro meses deste ano, entre janeiro e abril, o Observatório de Segurança Pública, órgão da Secretaria de Segurança (Sesp), contabilizou 1.066 registros de queixas contra pessoas com 60 anos ou mais, no Estado.
Esse número aponta aumento de 38% em relação ao ano passado. Significa 266,5 golpes ao mês - ou, se preferir, 8,8 ao dia.
Em 2021, nesse mesmo período, foram registrados 771 boletins por pessoas dessa mesma faixa etária. Ou 192,7 ao mês.
Uma boa parte dos casos está relacionada a empréstimos consignados aos salários feitos indevidamente em aposentadorias, pensões e outros benefícios previdenciários.
Especialista em perícia grafotécnica e documentoscopia, Silvia Nascimento Duarte explica como essa especialidade pode ajudar e o que fazer para descobrir e comprovar a fraude judicialmente.
Silvia observa que há milhares de pessoas que precisam ingressar na Justiça com ação de ressarcimento.
Elas recorrem para provar que não autorizaram aquele empréstimo, que, parceladamente, está sendo descontado em seus proventos.
As primeiras providências ao ser surpreendida com um possível golpe, diz, são registrar um boletim de ocorrência policial e pedir cópia do contrato ou qualquer outro documento que tenha servido de base.
Silvia Nascimento, que trabalha como perita grafotécnica em diversas ações, conta que os golpistas se aprimoram continuamente na prática criminosa.
Há casos, por exemplo, de transplante de assinatura, ou seja, a retirada de um documento original para aplicação em um contrato falsificado.
Também há quem treina para imitar a assinatura do outro, até torná-la similar. Quase inquestionável pela própria vítima.
E, ainda, os golpistas tão habilidosos que vêem a assinatura do outro uma única vez, e isso é suficiente para captar as principais características e fazê-la com perfeição.
A perita Silvia Nascimento assinala que essa esperteza e habilidade dos criminosos levam ao descrédito as reclamações das vítimas desses golpistas.
Assim, as instituições financeiras não cessam os descontos e, em muitos casos, nem por meio da Justiça o reparo é feito.
O ressarcimento é negado e os descontos persistem.
Por meio da perícia grafotécnica, é possível analisar desde a diferença da força empregada até o movimento do punho para traçar aquela assinatura.
“A perícia permite estudar as estrias, ou ranhuras, mostradas no caminho de cada letra, ponto ou sinal da escrita”, reforça a especialista.
Nos casos de golpes, estelionato e crimes similares, a perícia grafotécnica ou documental não é oferecida no serviço público.
Portanto, quem foi ou está sendo lesado e enfrenta dificuldade para provar tem que contratar um profissional.
CUIDADOS - Silvia Nascimento chama a atenção para algumas medidas que podem prevenir os golpes: optar por tomar empréstimo presencial, jamais abrir link oferecendo empréstimos ou tratar o tema por WhatsApp ou qualquer outra rede social.
CRIME - O que a legislação brasileira define como golpe, crime de estelionato.
O artigo 171 do Código Penal diz que é: obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento.
No estelionato comum, a pena é de 1 a 5 anos de prisão; na fraude eletrônica, varia de 4 a 8 anos e pode ser aumentada em até 2/3, caso o crime seja cometido com uso de servidor de computador que esteja baseado fora do Brasil.
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