Dos 433 orelhões existentes em Cuiabá, 91 ainda estão em funcionamento
Antes da chegada da internet e da telefonia móvel, numa época em que as distâncias eram maiores, os telefones de uso público, os orelhões, como são conhecidos, eram usados em sua maioria para contato com parentes distantes. Hoje, quase 51 anos após o início da operação e conexões ultravelozes, encontrar um orelhão em funcionamento ou quem ainda use os aparelhos não é tarefa fácil.
Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Cuiabá ainda tem 433 orelhões. Desses, 342 estão em manutenção e apenas 91, ou 21%, funcionam, ou deveriam funcionar. A situação é pior em outros municípios. Conquista D’Oeste e Sapezal, por exemplo, não têm nenhum orelhão em operação. A reportagem de A Gazeta saiu em busca de orelhões e usuários no Centro de Cuiabá. Nas ruas mais memórias do que aparelhos.
O primeiro orelhão no caminho fica em frente ao Centro de Especialidades Médicas (CEM), na avenida Getúlio Vargas. Sem o
gancho, porém, o aparelho não está apto para uso. A poucos metros dali, na mesma avenida, outro orelhão também não
opera. E é assim com a maioria.
Os únicos dois aparelhos funcionando encontrados pela reportagem ficam em frente ao Liceu Cuiabano. Ali perto, da meia dúzia de pessoas que esperam o ônibus, apenas uma tentou usar um orelhão recentemente. Sem sucesso, Maria José, 44, não encontrou nenhum. Ela faria uma ligação para um prefixo 0800. “É para o que a gente usa orelhão hoje em dia”, conta.
Quem usa mesmo orelhão é Terezinha Luz, 56, que trabalha na escola. Além de usuária, ela é entusiasta dos aparelhos. Servidora do Liceu Cuiabano, ela se gaba em dizer que um dos orelhões dentro da unidade escolar foi instalado após pedido dela.
“Os funcionários não podiam usar os fixos da escola”, lembra. Por causa da demanda, ela entrou em contato com a operadora e sugeriu a instalação.
Para provar que ainda usa os orelhões, Terezinha tira de dentro da carteira um cartão. O marido é quem compra. Precavido, ele pensa em casos de emergências, segundo ela. “Não me deixa sem”.
Comentários