TELHADO DE VIDRO
Alvo de suspeita em 1982, Júlio agora questiona urna eletrônica Pré-candidato a deputado embarcou em discurso de Bolsonaro e voltou a criticar sistema eleitoral
Suspeito de ter sido beneficiado por fraudes com cédulas de papel, em 1982, quando se elegeu governador do Estado, o pré-candidato a deputado estadual Júlio Campos (União) questionou a segurança das urnas eletrônicas.
Naquele ano, a apuração era manual e, segundo documento confidencial do Serviço Nacional de Informações (SNI) já vazados na imprensa há alguns anos, houve menores votando, títulos falsificados, indivíduos votando duas, três, oito e mais vezes.
Houve até mesmo um pedido de anulação do pleito disputado por Júlio. Atualmente, ele afirma que as urnas eletrônicas “deixam dúvidas” sobre legitimidade das votações.
“Que a urna eletrônica deixa algumas dúvidas, deixa, porque depois de apurado não tem como fazer recurso. Apurou, apurou. E quem é o fiscal? Ninguém sabe", disse em entrevista à imprensa na última semana.
"Quem faz a urna eletrônica é um ser humano, é um cidadão, pode cometer alguns deslizes”, acrescentou.
A declaração veio após Campos ser questionado recentes declarações do presidente Jair Bolsonaro (PL). O chefe do Planalto ganhou as manchetes nacionais e internacionais nesta semana após se reunir com dezenas de embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada para criticar o sistema eleitoral, as urnas eletrônicas e os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
Por conta disso, ele é alvo de um pedido de investigação por suspeita de crime contra as instituições democráticas.
Esta não é a primeira vez que Júlio Campos coloca em xeque a segurança das urnas. Ocupando cargos políticos desde os anos 70, ele pegou a transição entre os dois mecanismos de votação e demonstrou preferir os votos impressos.
Campos chegou até dizer que teve experiências pessoais ruins com a urna eletrônica em 1998, quando perdeu as eleições para Dante de Oliveira (PSDB) na disputa ao Governo do Estado.
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