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Segunda - 05 de Setembro de 2022 às 08:56
Por: ALLAN PEREIRA

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MidiaJur

Sem emprego, sem moradia, sem assistência do poder público. O resultado da vulnerabilidade socioeconômica para um grupo de 84 famílias moradores de Várzea Grande foi a ocupação de uma área de Cerrado no bairro São Simão, no limite do traçado urbano do município, no último final de semana. A jovem Talia Santos, 25 anos, mãe de três filhos entre 2 e 10 anos de idade, defende a ocupação e afirma ao MidiaJur e diz que estão apenas lutando por um teto.

"Estamos precisando de um lugar para morar e lutando sem saber o que vai virar", disse a reportagem do MidiaJur.

A jovem conta que as famílias se juntaram porque não tinham onde morar. Muitos estavam com aluguel atrasado e foram despejados, outros viviam de favor em casa de amigos ou parentes. A maioria está desempregada ou vive de bicos ou diárias. "Morar de favor é difícil, não dá certo, você tem filho. É dificil ficar nessa humilhação", diz.

Mesmo sem luz, água ou qualquer tipo de serviço público, as famílias chegaram ao terreno no início da semana. "Ali era só mato. As pessoas jogavam carniça de animal morto, ia tarado, bandido escondia droga ou coisa roubada. Tinha tudo isso".

Tania diz que eles estão apenas lutando e apenas precisam de um lugar para morar - mesmo que em condições precárias. Diz que o município planejava usar a área para construir moradias populares.

Vídeos feitos pelas famílias mostram os homens fazendo a limpeza do terreno e de derrubada das árvores para a construção das casas. Muitas crianças estão expostas ao ao sol, poeira e terra. Cada família está responsável por contruir sua casa, feita de tábuas de madeira e lonas. Quem termina primeiro, está dando abrigo a outra. "Um fica junto com o outro até conseguir [um teto]", diz.

Ela conta que quase todos recebem o auxílio do Governo Federal, no valor de R$ 600, para poder comprar comida e suster as famílias. Todos reúnem os recursos e fazem a comida para o grupo inteiro. Boa parte das crianças também estão em creches e escolas, que contam com merenda escolar.

Pouco depois de ocuparem o local, as famílias foram abordadas por um homem que se apresentou como proprietário do terreno. Ele não se identificou, proferiu ameaças e jogou um bomba em direção a eles. O fato gerou temor nas crianças e nos adultos.

Tania diz que é falsa a informação de que o terreno ocupado seja particular. "Nós fomos no [cartório] do segundo ofício, puxamos e só mostrou que aqui era público e da prefeitura", diz.

Na última quarta-feira (30), fiscais da Prefeitura de Várzea Grande e agentes da Guarda Municipal estiveram no local para avisar as famílias que a ocupação é irregular por se tratar de área pública.

Apontam também que está havendo a ocorrência de crimes ambientais, como derrubada de árvores do bioma Cerrado e limpeza de terrenos sem autorização, cujo objetivo é a construção de barracos para moradias das famílias.

Na tarde desta sexta-feira (02), agentes da Polícia Militar e Polícia Civil foram cumprir um suposto mandado de ordem judicial para desocupação da área. Eles desistiram da ação, mas prometeram retornar para retirar as famílias.





Fonte: Midiajur

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