Em uma semana, 20 famílias são abordadas com crianças nas ruas Às equipes da Assistência Social, mulheres admitem que levam filhos para as avenidas para ganhar dinheiro ou doações
Em aproximadamente uma semana, 20 famílias de imigrantes foram abordadas pela Assistência Social da Prefeitura, em rotatórias e canteiros centrais localizados ao longo de vias movimentadas de Cuiabá, pedindo ajuda e fazendo a exposição de crianças e adolescentes.
Às equipes de abordagem, elas admitem que levam os filhos para as avenidas para ganhar dinheiro ou doações, uma vez que, quando estão sozinhas, não conseguem nada.
De acordo com relatório divulgado na quinta-feira (8), pela Secretaria Municipal de Assistência Social, Direitos Humanos e da Pessoa com Deficiência, somente entre os dias 29 de agosto passado e 3 deste mês, 20 famílias foram abordadas.
Outras cinco, ao perceberem a presença da equipe, saíram do local.
Já o quantitativo de crianças acompanhadas pelos pais foi de 34 menores de idade.
Os principais pontos de abordagens encontram-se ao longo de avenidas comerciais e empresariais e com expressivo trânsito de veículos e fluxo de pedestres.
Entre elas, estão a Historiador Rubens de Mendonça, mais conhecida como do CPA, no trevo com Avenida Hermínio Ribeiro Torquato da Silva, sentido Parque das águas e Trevo do Santa Rosa, na Avenida Miguel Sutil e a rotatória ou viaduto do Shopping Três Américas.
Contudo, de acordo com informações da assessoria de imprensa da Assistência Social, qualquer tipo de trabalho que configure a mão de obra infantil e ou exposição de crianças e adolescentes é crime.
Por isso, as ações estratégicas para a execução desse serviço se dão em parceria com o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti).
Segundo informações da responsável pelo Peti, Rute Merle dos Santos Costa, as atividades têm como objetivo contribuir para a retirada de crianças e adolescentes com idade inferior a 16 anos em situação de trabalho, ressalvada a condição de aprendiz, a partir de 14 anos, conforme a Lei n° 8.742/1993).
Nessa direção, as equipes estabeleceram estratégias objetivando identificar as famílias e/ou indivíduos com crianças e/ou adolescentes, que se encontram nas avenidas, rotatórias e qualquer espaço público exercendo práticas que configurem trabalho infantil.
Conforme ela, o trabalho de abordagem tem sido contínuo.
Entretanto, desde o final do mês de julho, além das ações realizadas no período da manhã, a equipe da abordagem social tem percorrido os principais pontos de concentração, todos os dias, sempre das 17 às 19 horas.
“Serviço este ofertado de forma continuada e programada, com a finalidade de assegurar o trabalho social de abordagem e busca ativa que identifique, nos territórios, a incidência de trabalho infantil, exploração sexual de crianças e adolescentes, situação de rua, dentre outras”, afirmou.
Rute Costa destacou que as famílias abordadas com crianças em situação de trabalho infantil são orientadas.
“As crianças estavam em situação de trabalho e ou exploração de mão de obra infantil, uma vez que as próprias famílias nos informam que só levam as crianças para as avenidas para ganhar dinheiro ou doações, quando as mesmas vão sozinhas não conseguem nada, nem uma balinha”, disse.
Ainda conforme informações da assessoria, um dos casos abordados é o da senhora Basília Sapata.
Ela estava acompanhada de mais três mulheres, cada uma em um ponto, todas com crianças.
Após levantamento técnico verificou-se que trata-se de uma família atendida pelo Centro de Referência de Assistência Social (Cras), que fica no Bairro Tijucal, com benefícios emergenciais e eventual, além de já receber orientações e encaminhamentos para as demais políticas públicas as quais se enquadra.
Outro exemplo citado é da Rebeca Segovia, 35 anos.
Segundo a Assistência Social, ela é venezuelana e está na Capital há um ano.
Ela foi abordada pela primeira vez no entorno do Shopping Três Américas e, durante o atendimento, foi preenchido um formulário de entrevista social e, de imediato, a equipe da abordagem levou a senhora até sua residência.
De acordo com a administração municipal, todas as famílias abordadas passam por uma entrevista social para coleta de informações como dados pessoais, endereço, telefone para contato, se recebem algum benefício social e se estão sendo atendidos junto à Casa Pastoral do Migrante, conhecida como referência a essa população.
“Assim que recebemos um aceite, acompanhamos até as residências para identificar se já são referenciados, se estão CadÚnico, se recebem o Auxilio Brasil, cestas básicas, dados pessoais, endereço e telefone para contato. E, o mais importante, se essas crianças já estão nas escolas da rede. Ao final, é realizado o cadastramento que será direcionado às unidades de Cras para posterior acompanhamento”, disse.
A secretária de Assistência Social, Hellen Ferreira, reforçou que um dos intuitos é sensibilizar essas famílias sobre a exposição dessas crianças.
“O nosso objetivo é levar a todos, independente, da etnia, o conhecimento quanto aos seus direitos e também deveres. A exposição de crianças e adolescente, além de contrariar as leis brasileiras, inclusive, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), também as expõem a riscos de acidentes no trânsito, assédios, dentre outros”, alertou.
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