Aos 27 anos, primeira travesti advogada recebe carteira da OAB-MT Aprovada em exame, a cuiabana Daniella Veyga se tornou doutora e orgulho da família, na Capital
A inscrição de número 31.646 torna-se um marco na história da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grossob (OAB-MT), assim como na vida de Daniella Veyga.
Aos 27 anos, Daniella se torna a “Doutora Daniella”, a primeira advogada travesti mato-grossense.
Ela recebeu a carteira na última terça-feira (6).
Daniella tem uma trajetória digna de orgulho pessoal e familiar.
E, claro, capaz de inspirar pessoas, dentro de um movimento de defesa de direitos marcado pela rejeição, intolerância, discriminação e violência.
Cuiabana de “tchapa e cruz”, como se define, nasceu em uma família pobre e estudou a vida toda em escola pública.
Aos 16 anos, concluiu que não se reconhecia no gênero masculino e no corpo no qual vivia.
Travestiu-se de mulher e começou a fazer a transição, o tratamento denominado hormonioterapia, para sua feminilização.
Para se adequar ao gênero com o qual se identifica.
Passou a lutar por sua sexualidade e nova identidade.
Por quem era e como gostaria se ser reconhecida.
Com o apoio da família, especialmente da mãe, dona Carmem, persistiu em sua luta e obteve, legalmente, o nome feminino na certidão de nascimento.
Mas, não pensa em cirurgia para mudança de sexo.
Divulgação
Ela atua na área cível, especialmente com direito do consumidor e contratos empresariais e de outros campos
Está feliz sendo quem é: a travesti Daniella Veyga.
Como estudante, tornou-se referência.
Eleita presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), foi morar em São Paulo.
Em nível nacional, trabalhou a educação sob a temática dos direitos das pessoas LGBT.
Retornou a Cuiabá, onde cursou Direito em uma faculdade privada, como bolsista do Prouni, programa público federal do ensino superior.
Mesmo tendo que arcar com a mensalidade, ela lembra que não era fácil se manter na universidade.
Bancar os custos pessoais com alimentação, vestuário, entre outros, tornava quase impossível seguir adiante.
A renda da mãe, dona Carmem, não passa de dois salários mínimos.
Portanto, não poderia lhe dar suporte financeiro.
Daniella estagiou no mesmo escritório, o Allemand Advogados, onde agora está contratada como advogada.
Ela atua na área cível, especialmente com direito do consumidor e contratos empresariais e de outros campos.
“Somos capazes. Só precisamos de oportunidade para mostrar”, diz.
Pela estimativa de Daniella, ela deve ser, no máximo, a 10ª travesti inscrita como advogada no Brasil.
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