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Quarta - 12 de Outubro de 2022 às 09:59
Por: Eduardo Gomes/Diário de Cuiabá

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Diário de Cuiabá
Igreja de Nossa Senhora Aparecida, que foi demolida em Posto da Mata, em São Félix do Araguaia
Igreja de Nossa Senhora Aparecida, que foi demolida em Posto da Mata, em São Félix do Araguaia

Hoje, 12 de outubro, é feriado nacional.

É uma data em que os católicos brasileiros reverenciam Nossa Senhora da Aparecida, Padroeira do Brasil.

Em praticamente todos os municípios mato-grossenses, há matrizes, igrejas e comunidades católicas nas cidades, vilas e zona rural, denominadas Aparecida ou Nossa Senhora Aparecida.

Mas, um foi demolida pelo Estado Brasileiro, na então vila de Estrela do Araguaia, conhecida como Posto da Mata, no município de São Félix do Araguaia (1.200 km a Nordeste de Cuiabá), no Vale do Araguaia.

Os templos da Padroeira Nossa Senhora Aparecida estão nos municípios de Cuiabá, Água Boa, Rondonópolis, Cotriguaçu, Ipiranga do Norte, Poconé, Gaúcha do Norte, Diamantino, Itanhangá, Planalto da Serra e por onde mais se possa imaginar.

Na comemoração de hoje, católicos não poderão reverenciar a Padroeira numa igreja onde, por quase três décadas, ela foi cultuada.

A Igreja de Nossa Senhora Aparecida, na Vila de Posto da Mata, foi demolida; não somente ela, mas todas as construções daquela localidade, incluindo duas escolas e um posto de Saúde: a vila não existe mais.

Forças federais, cumprindo ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), destruíram Posto da Mata, expulsaram seus moradores que a ocupavam mansa e pacificamente há décadas, e os que viviam na sua zona rural.

A área foi entregue à etnia xavante, com o nome de Terra Indígena Marãiwatsédé, sobre uma gleba de 165 mil hectares, onde antes havia a Fazenda Suiá-Missú, conhecida naquela região como Fazenda do Papa.

Sem prejuízo da desintrusão, a igreja deveria permanecer do mesmo modo que as escolas e o posto de Saúde, e todos poderiam ser incorporados ao patrimônio dos xavantes, que precisam de escolas e do posto de Saúde.

A Igreja de Nossa Senhora Aparecida em Posto da Mata poderia ser frequentada por fiéis católicos aldeados, a exemplo do que acontece em praticamente todas as terras indígenas, onde a população participa de celebrações evangélicas e católicas.

Posto da Mata distava 920 quilômetros de Cuiabá e localizava-se no Vale do Araguaia, no entroncamento da BR-242 com a BR-158.

A área urbana pertencia a São Félix do Araguaia e Alto Boa Vista; a zona rural se estendia também a Bom Jesus do Araguaia.

A antiga Fazenda do Papa tinha 165 mil hectares.

A principal liderança de Marãiwatsédé é o cacique Damião Paridzané.

As rodovias federais BR-158 e 242 cruzam Marãiwatsédé.

A legislação impede a pavimentação dessas estradas, e a Justiça Federal quer o deslocamento da BR-158 para fora da terra xavante, até fevereiro de 2023.

A demolição da Igreja de Nossa Senhora Aparecida em Posto da Mata, por decisão judicial é um fato inédito em Mato Grosso, onde não há registros de ações semelhantes em relação aos templos de todas as religiões.





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