“Ganhando ou perdendo, Bolsonaro deixa um legado na política” Historiador Alfredo Menezes afirmou que o presidente deu cara para a direita e cita futuras eleições
“O grande benefício que o Bolsonaro fez para a política foi fazer com que a direita enrustida mostrasse a cara”. Esta é a analise do historiador Alfredo da Mota Menezes. Para ele, ganhando ou perdendo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) deixa um legado para a política.
Candidato à reeleição, o líder do Executivo disputa o segundo turno da eleição neste domingo (30) contra o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Apesar de não prever nenhum possível resultado para este embate, Alfredo acredita que as consequências desse pleito perdurarão para as próximas disputas eleitorais, com uma polarização permanente entre candidatos de direita e esquerda.
Segundo o historiador, Bolsonaro despertou a verdadeira direita no Brasil e deu cara ao movimento político.
“O Bolsonaro vai deixar um legado para a política nacional, de ter despertado o grupo de direita”, afirmou em entrevista ao MidiaNews.
“Esse grupo existia, mas ficava meio sem saber para onde ir, na disputa com PSDB e PT eles acabavam votando no PSDB, mas não viam no PSDB a cara que eles queriam. Veio o Bolsonaro e deu essa cara”, acrescentou.
Essa mudança na política nacional, segundo Alfredo, deve igualar o Brasil a países como Estados Unidos, em que as disputas eleitorais são polarizadas entre democratas, posicionados a esquerda, e republicanos, de direita.
O historiador ainda vê um desaparecimento gradativo de partidos considerados do “Centrão”, pois não haverá margem para ficar em cima do muro.
“Então, o Bolsonaro ganhe ou perca, já criou um grupo político de direita no Brasil. Vai ser esquerda e direita. E acredito que muitos partidos vão desaparecer ou vai haver muitas fusões, porque não vai ter mais como ficar no meio”, afirmou.
Apesar disso, Alfredo acredita que será necessário desvincular os políticos de direita do termo “bolsonarismo”. De acordo com ele, é hora de buscar um partido que represente o movimento.
“Eles não podem ficar lá na frente eternamente sendo chamados de bolsonaristas, precisa de um partido político e eu não acho que é o PL. Se o Lula ganhar, ele [o PL] vai apoiá-lo lá na frente. Não tenho dúvida”, concluiu.
Favorito em Mato Grosso
No primeiro turno da eleição presidencial, Bolsonaro foi o candidato mais votado no Estado. Ele recebeu 1.102.886 votos dos mato-grossenses, ou 59,84%. Já Lula teve 633.748 (34,39%).
O resultado segue a tendência do Estado em apoiar candidatos de direita nas eleições à presidência. De 1989 até agora, o único pleito em que um candidato de esquerda foi o mais votado em Mato Grosso foi em 2002, ano em que Lula foi eleito pela primeira vez.
Bolsonaro ganhe ou perca, já criou um grupo político de direita no Brasil. Vai ser esquerda e direita. E acredito que muitos partidos vão desaparecer ou vai haver muitas fusões
Alfredo explicou que este favoritismo que os políticos de direita costumam ter vem do perfil conservador e influenciado pelo agronegócio dos eleitores mato-grossenses.
Sendo uma região rica por sua produção, o historiador afirmou que muitos temem o discurso de invasão de terras e como isso poderia afetar economicamente o Estado.
“Acho que é um receio descabido, porque não lembro de invasões de terra em Mato Grosso”, disse.
Até mesmo moradores que não tem propriedades temem invasões de terra e o que isso poderia trazer de consequência para a vida urbana.
“Uma pessoa de Sorriso que não tem propriedade própria, morando naquela região, vai torcer para aqueles do lado mais conservador visando ela mesma, mesmo sem ter propriedade para ser invadida”, explicou.
Apesar dessa tendência conservadora, Alfredo destaca que Mato Grosso é um mosaico, ou seja, com pessoas de diversos locais e com realidades distintas. Por isso, as preferências eleitorais variam de região.
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