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Cidades/Geral
Quarta - 16 de Novembro de 2022 às 09:19
Por: Por Amanda Aquino, Thais Teles e Carla Salentim, TV Centro América

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Insegurança alimentar atinge 63% das famílias de Mato Grosso
Insegurança alimentar atinge 63% das famílias de Mato Grosso

A insegurança alimentar atinge 63% das famílias de Mato Grosso, segundo a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (PENSSAN). Essas famílias passam por alguma dificuldade para se alimentar diariamente e às vezes o jeito é comer o que tem.

Aos 86 anos, a aposentada Lurdes de Moraes Silva, faz o que pode para garantir as refeições do dia.

“Eu crio galinha. Às vezes estou sem dinheiro, acaba e eu vendo um frango e compro um pedacinho de carne, um quilo de arroz e almoça e janta enquanto eu espero meu filho chegar para ele comprar. Eu ajudo na hora que eu recebo e quando acaba, eles me ajudam também", disse.


Lurdes de Moraes Silva mostra a geladeira de casa — Foto: TV Centro América

Lurdes de Moraes Silva mostra a geladeira de casa — Foto: TV Centro América

Infelizmente, casos com o de Lurdes são mais comuns do que se imagina. Muitas famílias em Mato Grosso enfrentam uma situação parecida ou até pior. Nem sempre tem comida em casa e quando tem, faltam proteínas, como carne, frango ou ovos.

Quando uma família não tem certeza da próxima refeição ou não tem alimentos de qualidade, o termo técnico usado é: insegurança alimentar.

A insegurança alimentar pode ser classificada em leve, moderada e grave. Segundo dados da PENSSAN, no estado, 31% das famílias possuem insegurança leve; 14%, moderada e 17%, grave.

No Brasil, de cada 10 famílias, seis estão nessa situação.


Insegurança alimentar atinge 63% das famílias de Mato Grosso

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Insegurança alimentar atinge 63% das famílias de Mato Grosso

Na casa do catador de material reciclável João Amaro, mesmo com os bicos que ele faz de serviços gerais, tem dia que só tem arroz.

"Às vezes tem um pouquinho de gordura e uma cebola. Primeiro a gente faz a cebola bem frita e joga o arroz. Fica bom demais. O que tiver a gente come. O tempero da comida é a fome", disse.

Segundos os especialistas, um dos pontos que agravam a insegurança alimentar é a baixa renda das famílias. Em um bairro de Cuiabá, a maioria dos moradores vivem do trabalho de reciclagem no aterro sanitário que fica na região. Em alguns casos, há famílias que recebem R$ 60 por dia.

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Rayelen, o marido e a filha vivem com R$ 60 por dia — Foto: TV Centro América

Rayelen, o marido e a filha vivem com R$ 60 por dia — Foto: TV Centro América

A família da dona de casa Rayelen Santos é uma delas. O marido dela trabalho no aterro sanitário e ela fica em casa com a filha. Às vezes ela vai junto para tentar aumentar um pouco a renda. De R$ 60 vai para R$ 90.

“As coisas estão caras né? Tudo aumentou. Sacolão que a gente ganha de vez em quando ajuda bastante. A gente sempre recebe alguma ajuda, pelo menos o básico tem", disse.

Segundo o doutor em economia e professor Henrique Batista, a insegurança alimentar é um problema estrutural na economia brasileira.

"Nesse período de pandemia a gente teve uma elevação das pessoas em situação de pobreza ao mesmo tempo de uma inflação elevada nos alimentos. Então quando a gente junta essas duas situações: renda mais baixa e alimentos mais caros, o acesso a esses nutrientes para ter essa vida ativa e saudável tornou-se mais complexa e mais difícil pra uma parcela considerável da população brasileira", cont
Maior preocupação da confeiteira Andrea é conseguir comida suficiente para alimentar os quatro filhos — Foto: TV Centro América

Maior preocupação da confeiteira Andrea é conseguir comida suficiente para alimentar os quatro filhos — Foto: TV Centro América

Um pouco de carne no congelador e alguns legumes é o que a confeiteira Andrea Leite Figueiredo consegue garantir para os quatro filhos. Para ela, essa é a maior preocupação.

"Já teve dias de eu me preocupar com a alimentação das crianças. Muitas vezes meu marido chegava e dizia pra me ter calma paciência que Deus ia prover. Um tempo depois, ele chegava com as misturas", disse.

A força da Andrea vem das crianças que já entendem que os pais estão fazendo o que podem.

"Vai chegar a fase que vai mudar, que vai melhorar. Que a gente vai poder dar o bom e do melhor para eles. Eles são crianças né? São inocentes e a gente conversa com eles e eles entendem. Eu fico desesperada, fico doida quando estou passando necessidade e eles não. Eles transmitem esperança para a gente, disse."




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