Sesp vê situação "bruta", mas diz que não fará pré-julgamento Secretário Alexandre Bustamante afirma que prefere aguardar fim da investigação interna
O secretário de Estado de Segurança Pública, Alexandre Bustamente, adotou um tom moderado ao comentar o caso do delegado Bruno França Ferreira, filmado invadindo uma residência no Florais dos Lagos e ameaçando uma família. Para o gestor, é necessário aguardar a finalização do processo antes de emitir qualquer juízo de valor.
A Polícia Civil já se manifestou por meio de nota afirmando que a apuração sobre a conduta do delegado está em andamento e que ele foi afastado das funções por 60 dias.
"Não quero fazer comentário porque qualquer pré-julgamento a gente está julgando antes. E é muito ruim fazer qualquer pré-julgamento. Do mesmo jeito que estamos julgando ele antes de tudo que está acontecendo, é muito ruim fazer qualquer julgamento a favor ou contra. Qualquer pré-julgamento agora seria um julgamento raso", disse o secretário.
"Não estou falando que ele é inocente, não estou falando que ele é culpado. A gente tem que esperar o devido processo, ouvir a defesa dele e o processo legal de apuração da responsabilidade dele", acrescentou.
Conforme o secretário, após a conclusão das investigações da Corregedoria da Polícia Civil, a decisão final será tomada pelo governador Mauro Mendes.
"A Corregedoria vai apurar, vai ouvir todos os envolvidos, concluir o relatório e encaminhar para decisão do governador. Não conversei com ninguém no processo até pela minha posição, não conversei com os envolvidos. Tem um delegado designado para conduzir o procedimento, cabe a ele ouvir todas as testemunhas e pessoas envolvidas e depois relatar o inquérito e encaminhar para decisão do governador”, disse.
Questionado se viu o vídeo onde o agente aparece invadindo a residência da advogada, o secretário afirmou que já teria assistido e reforçou que aguarda a finalização da sindicância da Polícia Civil.
"Vi as imagens. Realmente é uma situação bem bruta, mas não temos o contexto todo, temos só um pedaço", afirmou.
Relembro o caso
Na noite de segunda-feira (28), o delegado invadiu uma casa no condomínio Florais dos Lagos, em Cuiabá, alegando que estava cumprindo uma prisão em flagrante por descumprimento de medida protetiva que seu enteado teria contra a dona da casa.
O caso em questão corre na Justiça, após o enteado do delegado e o filho da moradora terem brigado quando a família ainda morava no Alphaville I. A fim de evitar mais problemas, a mulher teria se mudado para o Florais dos Lagos.
Porém, na segunda, o adolescente teria ido até o atual condomínio da mulher para jogar bola com amigos, e eles acabaram se encontrando. O menino então teria ligado para o padrasto, que foi até o local abordar as vítimas.
Armado, o policial arrombou a porta da residência, e totalmente descontrolado, adentrou o imóvel com apoio de três agentes do Grupo de Operações Especiais (GOE), e o tempo todo gritava e ameçava a família. No momento do ocorrido, estavam a dona da casa, seu marido e a filha pequena do casal.
Durante minutos de terror, em que a criança chorava desesperadoramente, o policial xingava e gritava: "Manda ela sair daí, senão vou disparar na cabeça dela”.
“Da próxima vez que ela chegar perto do meu filho, eu vou estourar a cabeça dela. Eu vou explodir a cabeça dessa filha da puta”.
A mulher foi conduzida à delegacia e presa. O advogado Rodrigo Pouso diz que a ação foi ilegal, e que a cliente não foi notificada da medida protetiva.
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