SUCESSO
Mato-grossense que vendia coxinhas hoje fatura R$ 1 mi nos EUA Luciane Vaz que mora há 22 anos nos EUA, começou dobrando roupas e hoje é sócia de três empresas
A mato-grossense Luciane Vaz Guimarães, de 43 anos, está há 22 anos nos Estados e se orgulha da história de sucesso que construiu. A empresária, que na infância vendida salgados com o pai em Poconé, hoje é sócia de três empresas: uma prestadora de serviços de limpeza, uma empresa de construção civil e uma de investimentos imobiliários, que atua até em Mato Grosso.
Mais recentemente, a brasileira também se tornou sócia investidora de uma empresa de produtos alimentícios veganos no Brasil. Com orgulho, ela diz que hoje a empresa está em São Paulo e no Rio de Janeiro e já está exportando produtos para Suécia e Portugal, e em breve para os EUA. Sua renda líquida hoje ultrapassa os R$ 1 milhão anualmente.
Luciane, que nasceu em Poconé (100 km de Cuiabá), hoje mora na Flórida. Quando jovem, ela conta que ajudava seu pai em uma lanchonete, onde fazia coxinhas para vender. “Mas eu me lembro de pensar: ‘Eu não quero fazer coxinha para o resto da vida. Serei muito melhor que isso’”, lembra.
Ela saiu do Brasil em 2000, visando estudar Medicina no México, onde seu irmão já estudava. A cidade em que moravam era próxima à fronteira com os Estados Unidos e era comum que, durante as férias, os estudantes a atravessassem à procura de trabalho para conseguir uma renda extra.
“Fiquei uns 3 meses no México e fui para os Estados Unidos com o plano de ficar 2 meses só para trabalhar e retornar. Mas na época não consegui levantar dinheiro e decidi ficar por mais 6 meses, e depois mais um ano, e por fim decidi ficar por aqui mesmo”, conta.
A empresária conta que o início foi bastante difícil. Se tivesse de enumerar suas maiores dificuldades, Luciane diz que a maior foi o idioma e a segunda a solidão que ela sentia por não ter família e amigos próximos.
“Quando eu fui eu não tinha amigos, nem família, ninguém lá. E naquela época não tinha grupos de ajuda, redes sociais ou WhatsApp. Então a única tecnologia que a gente tinha acesso era ir para a biblioteca pública e usar a internet por uma hora”, diz.
Como não conhecia muitos brasileiros no País, teve de aprender o inglês à força. Um amigo a aconselhou a começar a estudar o idioma e ela entrou em uma faculdade comunitária, onde era mais barato estudar inglês.
Na faculdade, uma das coordenadoras era brasileira e a aconselhou a se inscrever em um dos cursos da instituição. Luciane seguiu o conselho e começou também a trabalhar, para poder pagar a faculdade.
O primeiro trabalho da mato-grossense no país foi em uma fábrica de roupas, dobrando as peças. Depois foi promovida para a parte da costura, mas foi um fracasso, como ela própria diz, sorrindo. Conseguiu posteriormente um emprego operando máquinas em uma fabrica de tecidos e durante esse período também trabalhou com delivery de pizza.
“Eu trabalhava das 10h da noite às 7h da manhã, já saía dali e ia para faculdade. Depois eu dormia um pouco e fazia ‘part time’, que é um trabalho de 3 horas, que eu fazia entrega de pizza na Domino's”, relembra.
Mas foi trabalhando de garçonete em um restaurante italiano que as coisas começaram a melhorar para ela. Além de gostar mais, começou a conhecer mais pessoas trabalhando diretamente com público.
Uma amiga de Luciane que ainda não falava bem inglês a chamou para ser sócia em uma empresa de limpeza. Nessa altura, Luciane já dominava bem o idioma.
“Mas a sociedade era nós duas limpando casas”, explica a brasileira. “Aí, como eu estudava, comentei com o diretor do programa de administração que queria ser dona e não somente funcionária da empresa. Foi aí que começamos a colocar anúncios e fomos contratando pessoas, e foi assim que começamos”.
Ficando bastante tempo sem voltar à terra natal no início, hoje Luciane tenta vir mais vezes ao Brasil e passar mais tempo com a avó, que ainda mora na fazenda e já tem certa idade. Apesar de desejar passar mais tempo aqui com sua família e amar o Brasil, ela não pretende voltar para morar.
Seus filhos são americanos e devem estudar e fazer faculdade nos EUA, e ela pretende estar perto deles.
Sobre os Estados Unidos, ela fala com gratidão. “Foi um país que me abraçou e onde consegui crescer, sou muito grata a este país pelas oportunidades. Encontrei pessoas maravilhosas no decorrer desses anos”, conta ela.
Quando perguntada o que diria para a jovem Luciane de 22 anos atrás que estava entrando nos Estados Unidos, ela conta que a diria para não ter medo.
“No começo tive muito medo, porque não estava [em situação] legal, porque não falava inglês... Tinha medo até de me relacionar com as pessoas por me achar menor que elas, eu ficava ‘ah eu sou imigrante pobre e ilegal’”.
Se teria algum conselho para quem também sonha em procurar oportunidades em outro país e construir uma vida lá fora, ela aconselha a correr atrás desse sonho e nunca deixar com que as criticas desanimem.
“Eu acreditei no meu sonho e pode ter certeza que no decorrer do caminho vão ter pessoas que vão te desanimar, mas não te desanimes porque quando você tem um sonho e corre atrás, não importa o país que for você consegue realiza-lo”, finaliza.
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