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Terça - 17 de Janeiro de 2023 às 17:03
Por: Cíntia Borges/Midia News

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O presidente da Aprosoja Fernando Cadores
O presidente da Aprosoja Fernando Cadores

A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) repudiou, nesta terça-feira (17), as declarações do ministro da Agricultura Carlos Fávaro (PSD) contra a entidade.

Na semana passada, às páginas amarelas da Revista Veja, o ministro criticou a "postura política" da associação e afirmou que ela “foi um símbolo de apoio a atos antidemocráticos”.

Em resposta, o presidente da entidade, produtor rural Fernando Cadore, disse que a declaração é uma “denunciação caluniosa” e não está em conformidade com a postura de um ministro da República.

Está denunciação caluniosa não condiz com a postura esperada de um Ministro de Estado, especialmente em se tratando de um fato tão grave

“Embora o ministro, que também é senador da República, tenha usado como referência uma fonte ‘verbal’, esta denunciação caluniosa não condiz com a postura esperada de um ministro de Estado, especialmente em se tratando de um fato tão grave”, consta em trecho da nota.

Segundo Cadore, a entidade defende a liberdade de expressão, o direito de propriedade, liberdade econômica e respeito à Constituição Federal.

“Não há, nem nunca houve por parte da diretoria suporte ou incentivo à depredação de patrimônio público ou privado”, consta em outro trecho.

A nota ainda apontou que parte dos produtores rurais de Mato Grosso não apoiaram Fávaro em sua eleição para senador, em 2018. Eles apontaram o rompimento do político tanto com o então governador Pedro Taques – em que foi vice – como com o atual governador Mauro Mendes (União) nas eleições de 2022.

“Este descolamento do parlamentar da sua base se deve especialmente à forma como ele desembarca de suas parcerias políticas, foi assim na gestão Pedro Taques e se repetiu agora com a gestão estadual do governador Mauro Mendes”, acrescentou.

Roberto Stuckert

Lula e Carlos Fávaro

O presidente Lula e o ministro Carlos Fávaro

Fávaro já foi presidente da associação antes de se tornar político. À Revista Veja, o ministro alegou que houve "falta de compostura das lideranças que não souberam impor limites" aos "radicais" que ocuparam o Congresso em atos antidemocráticos.

A associação, por fim, ainda disse para o ministro “parar de olhar no retrovisor” e se preocupar com políticas públicas voltadas ao setor.

“Chegou a hora do ministro Carlos Fávaro parar de olhar no retrovisor e olhar para frente, tentar recuperar as atribuições que o ministério perdeu e realmente se preocupar com políticas agropecuárias que tragam benefícios para os produtores”, disse.

O setor é, em sua maioria, bolsonarista. Nas eleições do ano passado, Fávaro rompeu com alguns aliados para apoiar a eleição do presidente Lula (PT)

Veja nota na íntegra:

Sem entrar no mérito das visões do ministro, não poderíamos deixar de nos manifestarmos sobre a acusação feita por ele de que a entidade teria apoiado atos antidemocráticos.

Embora o ministro, que também é Senador da República, tenha usado como referência uma fonte ‘verbal’, está denunciação caluniosa não condiz com a postura esperada de um Ministro de Estado, especialmente em se tratando de um fato tão grave.

A Aprosoja se manifesta publicamente sobre os assuntos de interesse dos seus associados, e aqueles que a acompanham sabem que a sua defesa sempre foi pela liberdade de expressão, defesa do direito de propriedade, liberdade econômica e respeito à Constituição Federal. Não há, nem nunca houve por parte de sua diretoria suporte ou incentivo à depredação de patrimônio público ou privado.

A Aprosoja-MT é uma entidade política, porém apartidária em decorrência do seu estatuto. Em virtude desta previsão normativa interna não apoiou qualquer candidato a cargo eletivo nas eleições passadas.

Sobre as resistências dos produtores de Mato Grosso ao nome do ministro, há de ressaltar que nem o setor e sequer seu município de origem apoiou massivamente sua candidatura ao Senado, sendo fundamental para o seu sucesso no pleito o poderio econômico que suportou sua campanha. Este descolamento do parlamentar da sua base se deve especialmente à forma como ele desembarca de suas parcerias políticas, foi assim na gestão Pedro Taques e se repetiu agora com a gestão estadual do governador Mauro Mendes.

A respeito da entidade, o foco tem sido dado ao desenvolvimento de pesquisas para o adequado manejo de pragas, redução do uso de insumos químicos e aumento de produtividade. Já são três campos de pesquisas mantidos pela Aprosoja-MT, um único deles, a exemplo, é responsável por uma vitrine de materiais que já superou 115 variedades testadas no último ano.

Com o projeto Aproclima, 67 estações meteorológicas foram espalhadas pelo estado, trabalho por meio do qual pretendemos aperfeiçoar as previsões climáticas regionais, inclusive com resultados que já têm servido de apoio para a Defesa Civil do estado.

E ainda, investimos em melhoria contínua dentro das propriedades rurais, com o Projeto Soja Legal, implementando governança Ambiental, Social e Corporativa (ESG) a mais de 3 milhões de hectares de soja cultivadas no estado de Mato Grosso, projeto recentemente acreditado pelo Ministério da Agricultura.

No campo regulatório, a busca por mecanismos que solucionem os gargalos da armazenagem no país é uma batalha constante da entidade, especialmente para viabilizar economicamente, e a longo prazo, a atividade produtiva de pequenos produtores rurais. Noutra ótica, parlamentares da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e técnicos do ministério se recordam da participação colaborativa da entidade no desenvolvimento dos instrumentos privados de crédito, destacadamente para o aperfeiçoamento do patrimônio rural em afetação, uma das bases para que o crédito não seja um obstáculo para o nosso crescimento.

Enfim, esses são apenas alguns exemplos do porquê de a entidade ter se mantido ausente dos debates sobre questões paralelas. A Aprosoja-MT tem trabalhado e muito pelo futuro da agricultura sustentável e pela sustentabilidade financeira do produtor, mas este também depende das políticas públicas agropecuárias.

Chegou a hora do ministro Carlos Fávaro parar de olhar no retrovisor e olhar para frente, tentar recuperar as atribuições que o ministério perdeu e realmente se preocupar com políticas agropecuárias que tragam benefícios para os produtores.





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