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Cidades/Geral
Terça - 24 de Janeiro de 2023 às 16:27
Por: Por Bruno Bortolozo e Olívia Pires, TV Centro América

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Irmãos só conseguiram a documentação de registro no ano passado. — Foto: Reprodução
Irmãos só conseguiram a documentação de registro no ano passado. — Foto: Reprodução

Imagine estar vivo, mas não existir. É assim que viviam até pouco tempo os irmãos, Toninho Fernandes Amaro, de 56 anos, José Amaro, de 48 anos e o Marildo Fernandes Amaro, de 53 anos, que não tinham os documentos legais de identificação até o ano passado.

A irmã mais nova da família, Nair Fernandes Amaro, que foi buscar ajuda na Justiça para que os irmãos pudessem tirar o documento e, também, para que eles recebam algum tipo de auxílio.

“Eu busquei ajuda por meio da Justiça Comunitária. Eu fui até a unidade e levei uma folha com o nome dos meninos, de cada um deles, porque precisava registrar e documentar”, disse a dona de casa em entrevista à TV Centro América.

A agente comunitária do Tribunal de Justiça, Nilza de Campos, foi quem recebeu o pedido de ajuda. Ela fez questão de ir conhecer os irmãos pessoalmente, para ajudá-los a serem registrados, através dos meios legais.

“Foi a partir desse momento que a defensoria foi atrás e fez o registro tardio”, contou.

De acordo com José Bezerra, juiz coordenador da Justiça Comunitária, o órgão contou com o apoio da Receita Federal.

“Nós já buscamos também, o apoio da Receita Federal onde foi feito todos os CPF’s da família. Consequentemente, a partir disso, estamos buscando agora os benefícios para auxiliá-los, já que todos eles são catadores de lixo e vivem há mais de 30 anos aqui no entorno de Cuiabá, onde contam com total ausência de estado”, explicou.

Dificuldades

Segundo o catador, Toninho Amaro, eles mal conseguem se alimentar — Foto: Reprodução

Segundo o catador, Toninho Amaro, eles mal conseguem se alimentar — Foto: Reprodução


Apesar de estarem com a documentação em mãos, o prejuízo por terem passado por tanto tempo na invisibilidade é incalculável. Coisas que são comuns para muitos, era impossível para eles. Estudar, trabalhar, ir ao médico e, principalmente, comer dignamente todos os dias, são direitos que eles nunca tiveram.

Segundo o catador, Toninho Amaro, eles mal conseguem se alimentar.

“Quase não conseguimos comer uma vez por dia. A gente tem que economizar porque o arroz está caro, se fizermos o almoço e a janta, a comida acaba muito rápido. Eu só cozinho uma vez por dia, já que aquela comida tem que ser o almoço e o jantar”, ressaltou.

Os irmãos são do Paraná e mudaram para Mato Grosso ainda na infância, junto com toda a família. Dois dos irmãos já tinham registro, mas a falta de instrução foi barreira na busca de melhores condições. Sem renda fixa, sempre faltou o básico.

Todos moram juntos em uma casa na capital. Nos fundos da residência, há muito material acumulado, que foi retirado de um aterro sanitário e é disso que os irmãos sobrevivem. Eles vendem esses produtos para a reciclagem, só que o dinheiro que recebem por isso, é muito pouco, portanto, precisam recorrer ao lixo para se alimentarem.


Entre todos, apenas Toninho e o irmão Benedito, tem condições físicas de continuar com o recolhimento do lixo seco para a reciclagem. O Marildo tem elefantíase e deficiência auditiva. Ele mal consegue ficar em pé por causa das dores.

A esperança é que com os documentos em mãos, com assistência e informações corretas, eles possam pelo menos, receber algum auxílio governamental.

“Meu maior sonho é conseguir viver em uma condição melhor e sair dessa vida de ficar catando lixo na rua. As pessoas ficam nos encarando, mas a gente vai fazer o que? Nós temos que pegar, porque se não, a gente morre de fome”, concluiu Benedito.





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