Vistoria acha mais 5,5 milhões de remédios vencidos em Cuiabá Nova inspeção do CRF e do MPE encontra remédios e insumos "escondidos" em depósito da Prefeitura
Uma nova fiscalização do Conselho Regional de Farmácia (CRF) e do Ministério Público Estadual (MPE) encontrou mais 5,5 milhões de medicamentos e insumos vencidos em um barracão da Prefeitura de Cuiabá, na região do Coxipó.
A situação chega ao cúmulo do absurdo, onde encontramos tubos endoraqueal, usados em entubação
O barracão fica em frente ao CDMIC (Centro de Distribuição de Medicamentos e Insumos de Cuiabá), o mesmo onde, em dezembro de 2022, fiscais do CRF e agentes do MPE encontraram outras 4,3 milhões de unidades com data de validade expirada.
Segundo informações de uma fonte que participou da fiscalização, os medicamentos estariam "escondidos" de propósito no depósito, desde o início a criação da CPI dos Medicamentos Vencidos.
"A maioria desses medicamentos e insumos estão faltando nas unidades de Saúde de Cuiabá. A situação chega ao cúmulo do absurdo, onde encontramos tubos endoraqueal, usado para procedimentos de emergência, como em intubações durante a pandemia", disse a fonte.
A nova vistoria, realizada na segunda-feira (13), faz parte do procedimento aberto pelo MPE a partir de uma representação protocolada na Ouvidoria do órgão, informando que, na inspeção de dezembro, os fiscais deixaram de averiguar os estoques de um barracão da Prefeitura que fica em frente ao CDMIC.
“A denúncia é procedente, os fiscais do CRF/MT em conjunto com as colaboradoras do Ministério Público visualizaram o armazenamento inadequado de medicamentos, materiais médico-hospitalares e insumos em geral, vencidos, no espaço destinado à Secretaria Municipal de Gestão”, consta no relatório, assinado pelo farmacêutico fiscal Thiago Oliveira Rodrigues. O documento já está nas mãos dos promotores do MPE que investigam irregularidades na Saúde de Cuiabá.
Numa análise por amostragem, os fiscais encontraram medicamentos como Cloridrato de Tioridazina, usado em tratamento psiquiátrico, cuja validade expirou em maio de 2020, e o Paracetamol, para dengue, vencido em abril de 2020, além de Sufalto de Salbutamol, para asma, vencido em junho do mesmo ano.
A vistoria encontrou também adesivos de Nicotina com validade de outubro de 2020; Ganciclovir, usado no tratamento de infecções em imunodeprimidos, expirado em março de 2020.
“Ou seja, foi constatado que há muito mais produtos vencidos relacionados ao CDMIC, mesmo que de épocas e gestões diferentes, que o listado no relatório anterior emitido pelo setor de fiscalização do Conselho Regional de Farmácia do Estado de Mato Grosso CRF/MT”, diz o relatório.
Contaminação do solo
Além da data de validade, os produtos estão armazenados de maneira irregular, contrariando a legislação.
"Os produtos, mesmo vencidos, não estão armazenados da forma correta, pois, em sua maioria, trata-se de produtos químicos, ou seja, poluentes", constatam os fiscais.
"Há inúmeras caixas, assim como produtos fora das mesmas, caídos diretamente no chão do local. Assim como, há caixas em pallets, porém, apresentando umidade, ou seja, vazamento do produto em seu interior, pois, também foi observado que o empilhamento não respeita as especificações dos fabricantes".
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