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Quarta - 08 de Março de 2023 às 10:20
Por: Ulisses Lalio/Gazeta Digital

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‘Assim como nos revoltamos com a história dos gladiadores na idade média, que lutavam contra feras e outros homens pela própria vida. A história se lembrará de nossa época como sendo a barbárie, na qual mulheres eram assassinadas por não serem homens’, disse a vice-presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, desembargadora Maria Erotides Kneip.

Em entrevista especial à Gazeta, para o dia 8 de Março - Dia Internacional da Mulher -, a desembargadora deixou uma mensagem de coragem a todas as mulheres e de que a data sirva de inspiração e mantenha viva a luta por uma sociedade justa e igual.

A vice-presidente completou 50 anos de dedicação à causa da Justiça, dos quais 12 como advogada e 38 na magistratura. Jurisdicionou no Tribunal do Júri da Comarca de Várzea Grande, de 1992 a 2011, tendo presidido mais de 1.000 julgamentos. E em abril de 2011 foi promovida a desembargadora do Tribunal de Justiça. Fundou e foi a primeira presidente, em 2018, do Colégio de Coordenadores da Violência Doméstica da Mulher dos Tribunais de Justiça Estaduais (Cocevid).

Erotides explicou que ingressou no mundo do jurídico para tentar combater a desigualdade e a injustiça.

‘Escolhi fazer o curso de direito na minha época, por ver presos políticos tendo seus direito de liberdade postergados ou impedidos. Por causa do então Ato Institucional nº 5 [AI-5 instituído na ditadura militar]. A injustiça me grita muito forte. Para mim é meu dever lutar por justiça, lutar por igualdade e contra a violação de direitos humanos das mulheres -que infelizmente é muito presente na nossa época’, disse.

A desembargadora explicou que ainda machuca muito ver a desigualdade entre homens e mulheres na sociedade.

‘Não é justo que isso ainda aconteça nós somos um mundo tão evoluído, nós temos tantas conquistas, tanto desenvolvimento e ainda nós vemos a essa desqualificação do feminino, essa falta de espaços. Ainda me machuca saber que as mulheres morrem, pelo simples fato de serem mulheres’, completou.

A magistrada emendou que a sociedade atual não pode admitir a desigualdade de gênero e citou que a Organização das Nações Unidas -maior entidade de luta contra a desigualdade e pelos direitos humanos -ainda não foi presidida por uma mulher.

‘Meu entusiasmo ainda é grande por causa disso, pois não podemos admitir essa discrepância. Tenho grande vontade de ver homens e mulheres serem tratados como iguais, com oportunidades iguais. Por isso, me mantenho tão firme nas minhas convicções’, disse.

Por fim, a desembargadora lamentou que os casos de feminicídio ainda afligem a nossa sociedade e alertou para a brutalidade que estão sendo realizados.

‘Nós não podemos permitir este crescimento dos feminicídios. Infelizmente esse começo de 2023 houve um acirramento do crime contra mulheres. Parece-me que ficaram mais cruéis na forma de execução’, comentou e concluiu que as mulheres devem manter a chama da luta acessa.

‘Nós precisamos trabalhar pela igualdade de direitos. Esse 8 de Março deve ser um dia de luta das mulheres trabalhadoras. Tem que significar essa reflexão. Como nós estamos criando os nossos filhos? Como nós estamos nos portando no ambiente de trabalho. Como nós estamos oportunizando que também outras mulheres ocupem lugares de comando de destaque nas empresas, no serviço público?. A mensagem que deixo para todas a mulheres é que nós não aceitemos limitações nos nossos direitos. Nós lutemos para que todas tenham as oportunidades em igual condições com os homens’, concluiu.





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