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Sábado - 08 de Abril de 2023 às 11:08
Por: Silvana Bazani/Gazeta Digital

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Mudanças tecnológicas afetam hábitos sociais e de consumo da população, exigindo rápida adequação das empresas para permanecerem no mercado. Na tricentenária Cuiabá, que completa 304 anos neste sábado, 8, o costume local de ingerir guaraná passou por adaptações ao longo do tempo. Transição que tem sido testemunhada e assimilada pela família que fundou há 51 anos na Capital mato-grossense a Casa do Guaraná (Guaraná Tibiriçá). Referência para as famílias cuiabanas, a empresa localizada no antigo bairro Porto oferece uma variedade de produtos oriundos da planta de nome científico Paullinia cupana, típica da região Norte do Brasil, Venezuela e Guianas.

O guaraná é um fruto que, após o processo de secagem, pode ser triturado, moído ou pilado. Assim é transformado em um pó marrom e de sabor amargo. Contém grande quantidade de cafeína e teobromina, por isso o efeito estimulante. Também contém fibras vegetais, amido, ácido tânico, cálcio, ferro, fósforo, potássio, tiamina e vitamina A. Estimula a liberação de dopamina e adrenalina na circulação sanguínea, conferindo vigor e retirando o sono, além de prevenir cãibras, enxaquecas, problemas gastrointestinais e até mesmo a arteriosclerose.

As opções comerciais mais procuradas são nas versões em pó e em cápsulas, para satisfazer uma clientela que está sempre correndo contra o tempo. É que o costume quase ritualístico dos cuiabanos de preparar o guaraná mudou com a sociedade acelerada, explica a sócia-proprietária da Casa do Guaraná, Rosângela Maria Paes Bernardes.

Antigamente eram comercializados somente os bastões (de guaraná), relembra. Ela era criança quando o pai, o amazonense Tibiriçá Thompson Ferreira Bernardes (falecido em 2009), abriu as portas da empresa pela primeira vez na Capital de Mato Grosso, em 1971. Na época, o estabelecimento mantinha funcionários para ralar manualmente os bastões de guaraná, convertendo o produto para a opção em pó e tornando mais prático o consumo para a clilentela da cidade.

A partir da década de 80 do século passado as mudanças nas necessidades dos consumidores influenciaram a empresa a promover outros ajustes e inovar mais uma vez. O processo manual de ralar o guaraná evoluiu e incorporou as máquinas, para atender inclusive o aumento da demanda consumidora pelo fruto mais processado.

No mundo moderno as pessoas não têm mais tempo de ralar o guaraná, de fazer esse ritual. Então, preferem comprar o produto em pó ou em cápsulas. Com isso, nosso mix cresceu, incorporando outras formas e apresentações, explica.

Sem tempo

A praticidade de poder consumir o produto em cápsulas, por exemplo, satisfaz os cuiabanos mais apressados, que preferem evitar dissolver o pó do guaraná em um copo com água, logo ao acordar, explica Rosângela. Surgiu também o xarope de guaraná, um refresco que não tem as mesmas propriedades do fruto em pó, estimulante. Nessa linha de bebida refrescante temos o xarope de guaraná, de groselha e de uva, detalha a empresária.

Inovar sem perder a essência do negócio e continuar entendendo o comportamento do consumidor é um dos segredos para a longevidade de uma empresa, lembra a consultora de Estratégias e Atendimento, Luciana Falcão. Em tempos de avanço tecnológico acelerado, é necessária uma adaptação aos novos comportamentos, estar atento aos movimentos dos consumidores, mas sem perder a essência da marca, da história da empresa, considera. É preciso estar sempre acompanhando as tendências de mercado, tomar as decisões na hora certa, criar novos produtos que se juntam e estejam alinhados ao conceito da marca, para estar sempre atualizada, arremata.

Histórico

No próximo mês de julho a Casa do Guaraná completa 52 anos, com uma variedade de produtos à venda no maior centro consumidor de Mato Grosso e em outras cidades do país, por meio de distribuidoras independentes. Temos uma relação com a cultura e os hábitos dos cuiabanos. Somos amazonenses de Manaus, mas me sinto cuiabana e agraciada pelo trabalho que desenvolvemos. Me identifico muito com Cuiabá. Acho lindo fazer parte disso e de um hábito que vai passando de geração por geração. As pessoas vêm na loja e dizem que aprenderam a tomar o guaraná com os avós, conta.

Por difundir e contribuir para a preservação do hábito diário de consumir o guaraná, Tibiriçá foi homenageado pelo Legislativo Municipal em 2007 com o título de Cidadão Cuiabano. A empresa fundada por ele é comandada atualmente pela família, incluindo a filha Rosângela Maria Paes Bernardes.





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