Repórter News - reporternews.com.br
Cidades/Geral
Quinta - 20 de Abril de 2023 às 06:44
Por: Joanice de Deus/Diário de Cuiabá

    Imprimir


Outras categorias camponesas apareceram em menor porcentagem, como: fundo e fecho de pasto, ribeirinhos, pescadores e extrativistas
Outras categorias camponesas apareceram em menor porcentagem, como: fundo e fecho de pasto, ribeirinhos, pescadores e extrativistas

Mato Grosso registrou 147 conflitos por terra envolvendo 9.253 famílias em 2022.

A quantidade representa aumento de 61,53% em relação a 2021 e coloca o Estado entre as cinco unidades da Federação com maior número desse tipo de ocorrência, perdendo somente para a Bahia (179), o Maranhão (178), o Pará (175) e o Amazonas (152).

Os dados constam na publicação "Conflitos no Campo Brasil 2022", lançado pelo Centro de Documentação Dom Tomás Balduino, da Central Pastoral da Terra (Cedoc - CPT), na segunda-feira (17).

Em todo país, foram registradas 1.572 ocorrências de confrontos por terra no ano passado.

O número nacional representa um aumento de 16,70% em relação ao ano anterior.

Ao todo, 181.304 famílias viveram diante da mira desse tipo de conflito no Brasil, 4,61% a mais que o registrado em 2021.

Os casos inseridos nesse eixo são referentes às violências contra a ocupação e a posse e contra as pessoas, além das ações coletivas de ocupação de terras e acampamentos.

Ainda no Estado, o levantamento mostra que o número verificado é maior dentro as unidades localizadas na região Centro-Oeste no mesmo ano.

No vizinho Mato Grosso do Sul, ocorreram 63 casos, em Goiás 68 e no Distrito Federal 10 conflitos.

No geral, do total de ocorrências registradas, 28% envolveram povos indígenas.

Em seguida, estão as famílias posseiras, envolvidas em 19% dos casos, as comunidades quilombolas (16%), sem terras (11%) e famílias assentadas da reforma agrária (9%).

Outras categorias camponesas apareceram em menor porcentagem, como: fundo e fecho de pasto, ribeirinhos, pescadores e extrativistas.

Os dados também apresentam os principais causadores dessas disputas violentas, as quais incluem grandes empreendimentos de exploração mineral e de geração de energia, empresas do agronegócio e monocultivos, garimpo, pecuária e o próprio Estado brasileiro.

No Estado, algumas das situações apontadas pelo CPT envolvem as Terras Indígenas (TI) Parabubure, do povo xavante, localizada em Campinápolis; a TI Utiariti, em Campo Novo do Parecis, e a TI Pimentel Barbosa/Xavante, em Canarana.

Tem ainda T.I. Tirecatinga, em Sapezal, envolvendo aborto e a terra Porto Velho/Aldeia Pukañu/Kanela do Araguaia, em Luciara, e Fazenda da família Gringos, em Colniza.

Na TI Porto Velho/Aldeia Pukañu, por exemplo, em janeiro do ano passado, duas lideranças sofreram um atentado.

Domingos Crisóstomo Lima e Wanderley Pereira Rocha desciam para pescar na lagoa Água Suja, que fica no território, quando foram surpreendidos por tiros disparados por três pistoleiros.

Os dois conseguiram escapar sem ferimentos e registraram boletim de ocorrência.

AMAZÔNIA - Conforme a CPT, a região da Amazônia Legal concentrou 59% de todas as ocorrências de conflitos por terra registradas em 2022, com 926 casos, uma porcentagem maior do que os 51% registrados em 2021.

A curva ascendente na Amazônia torna um dos mais graves epicentros da violência no campo na atualidade.

“Esse cenário reflete a determinação política do Governo Federal em transformá-la num palco de exploração e devastação, criando um verdadeiro campo minado, no qual foram atingidas 121.341 famílias de povos originários e comunidades camponesas em 2022”, traz a CPT.

O lançamento da publicação foi realizado no Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária, Dia Internacional da Luta Camponesa e na data em que se completam 27 anos do massacre do Eldorado dos Carajás, quando 19 trabalhadores foram assassinados na Curva do S, em Eldorado dos Carajás, no sul do Pará.

Ao apresentar tabelas e gráficos comparativos das ocorrências de conflitos e das violências no campo, Tales Pinto, coordenador do Centro de Documentação Dom Tomás Balduíno, afirmou que as tentativas ou assassinatos no campo não ocorrem de maneira isolada, mas sim como resultado de uma escalada de violência que atinge as comunidades e os territórios.

Ele apontou ainda que, entre 2016 e 2022, período que vai do golpe que deu início ao Governo de Michel Temer ao final Governo Bolsonaro, 27,36% dos territórios onde ocorreram os assassinatos também sofreram pelo menos uma ação de pistolagem, 15% sofreram pelo menos uma ameaça de expulsão, 9% sofreu pelo menos uma ação de invasão e 13% uma ação de grilagem.

No mesmo período, em 59% dos territórios onde ocorreram assassinatos, houve também pelo menos uma tentativa de assassinato e, em 52%, houve registro de ameaça de morte.

“Isso mostra que são necessárias políticas de proteção às pessoas ameaçadas nos territórios”, apontou o coordenador do Cedoc.





Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/459380/visualizar/