AL decide 'enterrar' denúncia de deputados 'ligados' a facções
Após grande polêmica, a Assembleia Legislativa (ALMT) decidiu enterrar de vez a denúncia de que o crime organizado teria apoiado e financiado deputados estaduais nas eleições do ano passado. Com isso, o ex-secretário de Segurança Pública, Alexandre Bustamante sequer será convocado a prestar esclarecimento e nem Wilson Santos interpelado judicialmente.
O acordo para "esquecer" o assunto foi firmado durante a reunião do Colégio de Líderes na manhã desta quarta-feira (3). Segundo a presidente em exercício do Poder Legislativo, Janaina Riva (MDB), o assunto foi encerrado.
“Eu não entendo que caiba a nós fazer uma convocação do ex-secretário. Mas respeitarei se a maioria entender diferente. Eu gostaria muito que a gente encerrasse esse assunto e nós vamos dar continuidade ao nosso trabalho porque que a Assembleia tem muito a mostrar. E nós temos mostrado. Como foi dito aqui pelo deputado Max Russi (PSB) como foi dito por vários colegas. Nós temos tantas coisas boas que nós estamos proporcionando ao Estado”, disse a deputada após alguns deputados comentarem o assunto.
A polêmica veio à tona, após o deputado estadual Wilson Santos (PSD) revelar que foi impedido de fazer campanha nos bairros 1º de março e João Bosco Pinheiro, ambos em Cuiabá, no ano passado. Após o episódio ele comunicou pessoalmente o ex-secretário de Segurança Pública (SESP), Alexandre Bustamante. O ex-gestor disse, à época, que recebeu dois ou 3 deputados, que pediram o contrário. Que ele recolocasse as tomadas elétricas nas celas dos presídios para que celulares fossem recarregados. Os políticos pediam certo "favorecimento" aos presos em troca de apoio de facções.
Antes de por fim ao tema, a parlamentar ouviu o deputado Wilson Santos, na Tribuna, que repetiu o que já havia dito. Porém, se mostrou indignado com a posição de Bustamante, que negou que tenha tido tal conversa com o deputado.
Para Riva, a revelação de Santos foi "infeliz". “Foi numa fala infeliz da forma que foi colocada. É nosso colega o respeito como colega também, assim como ex-secretário Alexandre Bustamante dizendo que não confirma as informações. Portanto, não tem o que ser investigado pela Assembleia Legislativa”, defendeu.
“Eu não entendo aqui que caiba essa responsabilidade. O deputado Wilson vai formalizar e disse que estará no Ministério Público e fará a declaração, e vamos deixar agora que sejam feitos todos aqueles procedimentos devidos para haver uma investigação, mas nós não podemos aceitar que coloquem os nossos colegas sob suspeição. Nenhum deles”, completou.
A deputado lembrou ainda que o Poder Legislativo nunca recebeu nenhuma denúncia sobre a ligação de deputados com o crime organizado.
“Assim como nós temos família, o Wilson tem família, os deputados que estão sendo nominados nos grupos de WhatsApp tem famílias, o ex-secretário tem, e também tem os seus motivos para as suas declarações", finalizou.
Mesmo à Assembleia ter decidido ignorar a grave denúncia, o Ministério Público de Mato Grosso abriu notícia-fato para apurar as declarações.
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