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Terça - 23 de Maio de 2023 às 10:28
Por: Por Ianara Garcia, TV Centro América

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Eustáquio Inácio de Noronha Neto, de 43 anos, ex-vendedor ambulante, hoje divide sua rotina entre as funções de gabinete e as sessões de julgamento online e presenciais no Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso. Ele foi empossado como juiz há sete meses e traz consigo uma história de superação e inspiração.

"As lágrimas falaram por si. Senti uma imensa alegria ao tomar posse como juiz do TRE (Tribunal Regional Eleitoral)" disse Eustáquio.

Nascido em uma família de 13 irmãos, Eustáquio é o mais novo, junto com o irmão gêmeo Euclides. A vida deles foi marcada pela determinação em superar obstáculos. Desde cedo, sonhava em se formar em direito.


Juiz relembra trajeto que fazia para vender água na Rodoviária de Cuiabá — Foto: TV Centro América

Juiz relembra trajeto que fazia para vender água na Rodoviária de Cuiabá — Foto: TV Centro América

Com grande força de vontade, Eustáquio alcançou seus objetivos. Tornou-se bacharel em direito, foi aprovado em um concurso para delegado no Acre e passou no exame da Ordem dos Advogados (OAB). Além disso, começou a dar aulas, agregando conhecimento e compartilhando experiência.

Vestir e tirar a toga de juiz eleitoral para as sessões no plenário remete a um movimento que Eustáquio costumava fazer em sua juventude. Entre seus primeiros trabalhos, ele atuou como vendedor ambulante na Rodoviária de Cuiabá, dos 11 aos 15 anos, carregando nas costas uma caixa de isopor repleta de água mineral para vender aos passageiros.

"Desde cedo eu aprendi que a gente precisa batalhar, não podemos desistir. Então, já vendi consórcio, acessórios, moto, carro", contou.

Eustáquio e o irmão Euclides foram entrevistados em uma matéria da TV Centro América em 1995. Na época, eles faziam parte de um projeto do Juizado de Menores, que buscava tirar adolescentes da situação de vulnerabilidade, exigindo que eles estudassem. A reportagem mostrava que, com a construção de uma lanchonete no terminal, os jovens não poderiam mais trabalhar no local.

Eustáquio foi entrevistado pela equipe da TV Centro América em 1995 — Foto: TV Centro América

Eustáquio foi entrevistado pela equipe da TV Centro América em 1995 — Foto: TV Centro América

O fim do projeto social fez com que os irmãos tivessem que buscar outras ocupações. Naquela época, eles ganhavam, em média, R$ 800, o que ajudava no sustento da casa. Mesmo após a perda do pai, Eustáquio seguiu os ensinamentos da mãe, dona Luiza, e sempre esteve ciente das necessidades da numerosa família.


Ao observar a trajetória de sucesso do filho, que nasceu com poucas chances de sobrevivência, dona Luiza sente um imenso orgulho.

"Eu ia com eles, na rodoviária, vender água. Eu sentava lá e esperava eles venderem. Eu estou muito feliz," declarou a mãe.

Com a história de superação, Eustáquio agora busca não apenas ocupar um novo cargo, mas estimular os jovens a buscarem educação e trabalho como caminho para um futuro promissor.

"Saibam que não importam as dificuldades, as adversidades que você esteja enfrentando hoje, com muita luta é possível vencer sim", aconselhou.




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