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Cidades/Geral
Terça - 23 de Maio de 2023 às 10:32
Por: Elayne Mendes/Gazeta Digital

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Todas as unidades públicas municipais de saúde da Capital funcionam sem o Alvará de Segurança Contra Incêndio e Pânico (Ascip) emitido pelo Corpo de Bombeiros (CBM), conforme o Gabinete Estadual de Intervenção na Saúde de Cuiabá (GEI). O Hospital Estadual Santa Casa, gerido pelo Estado, também mantém o atendimento sem ter o documento que garante que a edificação segue as regulamentações de segurança em possíveis situações de incêndio.

Na última semana, completou-se um ano do incêndio no Hospital São Benedito, o qual também funcionava sem o alvará à época e continua operando até hoje sem a licença do CBM. Na ocasião, cerca de 80 pacientes tiveram que ser retirados às pressas do prédio, sendo que dois deles precisaram ser reanimados no meio da rua.

Era por volta das 19h quando os primeiros sinais de fogo surgiram no quarto 25, do segundo andar do Hospital São Benedito, na Capital. Rapidamente a fumaça se alastrou pela unidade, consumindo todos os ambientes do andar e também de outros pisos.

“As chamas começaram no ar condicionado que estava em cima do meu leito. Vi uma faísca de fogo e na sequência muita fumaça. Gritei que estava pegando fogo e um funcionário disse que não entraria no quarto”, conta o entregador, Amilton da Luz Pereira, 24, que estava internado na unidade há dois dias, aguardando uma cirurgia devido à fratura no fêmur.

Ele se levantou da cadeira de rodas e começou a se locomover usando apenas uma perna. Conta que a dor foi ofuscada pelo medo de morrer e diante do caos instalado recusou até mesmo a ajuda da esposa, que o acompanhava.

“Foi desesperador. Com uma mão eu segurava a perna fraturada e a outra me apoiava no corrimão para descer as escadas. Em questão de segundos estava fora do prédio, fui um dos primeiros a sair. E do lado de fora acompanhei toda a cena de guerra”. Amilton conta que recusou a transferência para outras unidades pois viu muitas pessoas em situação de morte na sua frente.

Segundo ele, mesmo usando respiradores, idosos tiveram que ser reanimados no meio da rua.

“Muitos poderiam morrer ali, se não pela condição clínica, pela inalação da fumaça. Graças a Deus que o pior não aconteceu. Mas é no mínimo absurdo um hospital não ter planejamento para operar em situações como aquela”

Bombeiros mantêm os dados em ‘sigilo'

Há um ano a reportagem de A Gazeta solicita ao Corpo de Bombeiros dados oficiais quanto à regularização dos alvarás de segurança contra incêndio e pânico (Ascip) das unidades de saúde de Cuiabá. Até a publicação desta reportagem, o órgão não respondeu.

Tentativas também foram realizadas junto à Secretaria Municipal de Saúde (SMS), mas as informações só foram disponibilizadas por meio do Gabinete Estadual de Intervenção (GEI). Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) como a do Morada do Ouro são espaços que grande circulação de usuários fato que, segundo o instrutor Renato Cerqueira, reforça a necessidade de um bom planejamento contra incêndio e pânico.

As UPAs de Cuiabá também não possuem o Ascip. O GEI informou que já elabora um planejamento para regularizar a situação.





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