Lavagem das escadarias: conheça a tradição que reúne religiões há 7 anos na Igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito em Cuiabá Ação acontece neste sábado (24), a partir das 5h, com café da manhã, caminhada cultural, cânticos de hinos religiosos, toques de tambores, danças e água aromatizada.

A sétima edição da lavagem das escadarias da Igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, localizada em Cuiabá, acontece nesse sábado (24). A programação está prevista para começar às 5h, no Museu da Imagem e do Som de Cuiabá (Misc), com café da manhã e entrega dos materiais. O início da lavagem na igreja deve começar às 8h e o encerramento será às 17h.

Há sete anos a celebração ecumênica reúne pessoas de várias religiões com um único objetivo: simbolizar a fraternidade e a paz.

Durante o evento, a lavagem das escadarias será marcada por uma caminhada cultural, com cânticos de hinos religiosos, toques de tambores, danças e água aromatizada. No ano passado, o evento reuniu cerca de 900 pessoas, segundo a prefeitura.

A tradição

O culto de São Benedito – padroeiro dos afrodescendentes – é um dos mais antigos e populares do Brasil. Em Mato Grosso, a devoção começou em 1722 com a construção de uma capela na Rua Sebo, em Cuiabá. Segundo a presidente da comissão que organiza a lavagem das escadarias, Lindisey Catarina de Sá, tanto a capela, quanto a Igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, foram construídas por escravos, quando as minas de ouro foram descobertas na capital a partir de 1719.

“Eles tiveram que construir a própria capela para poder demonstrar a fé, já que, naquela época, as igrejas só eram abertas para os brancos, inclusive a Catedral Basílica do Bom Senhor Jesus de Cuiabá. Os escravos fizeram um puxadinho, que era bem pequeno, onde eles ficavam amontoados em silêncio, para fazerem oração ao São Benedito”, disse.

Lindisey explicou ao g1 que são por esses motivos que, durante um dia do ano, pessoas de várias religiões se reúnem para lavar as escadarias da igreja.

“Lavamos as escadas com a representação de limpar toda essa mágoa, dor e tristeza que os escravos sofreram durante a época da exploração do ouro. Por isso, vários religiosos fazem a lavagem, principalmente àqueles de matriz africana”, explicou.

Tradição começou há sete anos, para representar o povo de matriz africana — Foto: Arquivo Pessoal

*Sob supervisão de Kessillen Lopes