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Esquema de fraude em concurso em MT definiu lista de aprovados Operador do esquema tinha, meses antes das provas, a classificação nominal e a definição por colocação nos cargos
![A Polícia Civil cumpriu, na operação, 84 mandados judiciais, entre prisões, buscas, bloqueio de bens e suspensões de atividades econômicas e de cargo](/arquivos/noticias/460/460568/fotochamada/medium/460568.jpg)
A investigação da Polícia Civil, que investigou a fraude no concurso público da Prefeitura de Mirassol d’Oeste (300 km a Oeste de Cuiabá), realizado no ano passado por uma empresa sediada em Cuiabá, apurou que o operador do esquema criminoso tinha, meses antes da realização das provas, a lista com a classificação nominal e a definição por colocação nos cargos do certame público.
As informações constam na análise realizada no aparelho celular de J.R.P., apontado como operador do esquema criminoso, que teve prisão decretada e está foragido.
O celular foi apreendido durante a investigação sobre o homicídio do advogado Francisco de Assis da Silva, proprietário do Grupo Fassil, em São José dos Quatro Marcos (a 15 km de Mirassol).
A vítima foi morta no dia 11 de outubro de 2021, na frente de seu escritório, por dois atiradores.
A Polícia Civil reuniu evidências de que J.R.P. foi o mandante do crime.
As diligências realizadas apontaram que, no dia 21 de janeiro de 2022 - ou seja, antes mesmo da aplicação das provas do concurso, que ocorreu em fevereiro do ano passado -, o operador do esquema já estava com a relação dos 35 aprovados.
Mas as provas só seriam realizadas mais um mês depois, em 27 de fevereiro.
A lista encontrada no celular de J.R.P. mostra os nomes dos candidatos ao concurso com a ordem de classificação dos cargos.
Por exemplo, junto ao nome de um candidato ao cargo de Fiscal de Obras e Postura constava uma observação: "Não precisa ser primeiro’.
Outra candidata ao cargo de enfermeira estava com uma observação "sexto", enquanto que outra, para enfermeira em PSF havia o lembrete "primeiro".
Junto aos nomes de outros três candidatos "aprovados" para o cargo de odontólogo constavam as observações de "primeiro, segundo e terceiro".
O esquema foi investigado na Operação Ápate, deflagrada pela Polícia Civil, na semana passada, para cumprimento de 84 ordens judiciais.
Os investigados respondem por associação criminosa e fraude em concurso público.
COMPRA DE VAGAS - A investigação, conduzida pelas Delegacias de Mirassol d’Oeste e São José dos Quatro Marcos, reuniu evidências que mostram todo o esquema criado para fraudar vagas do concurso que ofertou 35 cargos em diferentes áreas da Prefeitura de Mirassol, que iam de auxiliar de limpeza a cargos de dentista, enfermeira e procurador.
A Polícia Civil identificou vários pagamentos pela compra de vagas por parte das pessoas que constavam na lista encontrada com o operador do esquema.
O valor cobrado pelos responsáveis pelo esquema fraudulento foi de 10 vezes o salário, conforme o cargo.
Houve compra para cargos nas áreas de odontologia, psicologia, enfermagem e educação.
Um dos ‘aprovados’ no concurso confessou o pagamento pela vaga.
Ouvido em depoimento, ele declarou que ficou sabendo que uma pessoa estava vendendo vagas para o concurso da Prefeitura de Mirassol d’Oeste e manifestou interesse na vaga para ele e sua esposa.
Depois, foi procurado pelo operador do esquema, que lhe garantiu que conseguiria aprovação a um cargo e pediu o valor de 10 salários, que pagou já no ato da tratativa, à vista, uma parte e a outra, do segundo cargo ficou acertada para depois.
O interrogado foi orientado a fazer a prova do concurso, normalmente, e depois seria procurado para assinar um novo gabarito que seria trocado pelo que foi preenchido no dia do concurso.
MANDADOS - A Polícia Civil cumpriu, na Operação Ápate, 84 mandados expedidos pela Justiça, entre prisões, buscas, bloqueio de bens e suspensões de atividades econômicas e de cargo.
Um dos alvos da operação, sócio da empresa realizadora do concurso, teve a prisão revogada pelo Tribunal de Justiça que manteve, contudo, a suspensão de todas as empresas ligadas a ele.
Concursos em andamento realizados pela empresa foram paralisados por diversas prefeituras em Mato Grosso e em Rondônia.
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