Análise cita bolsonarista Abílio como "um deputado bem trapalhão" Para o colunista do UOL, Chico Alves, infantilidade de deputado de MT "rebaixa o Congresso à 5ª série"
"Talvez os eleitores de Mato Grosso não soubessem, mas entre os políticos que eles mandaram para a Câmara nas últimas eleições estava um candidato a comediante", diz o jornalista Chico Alves, em artigo no portal UOL, se referindo ao deputado federal Abílio Brunini (PL).
Nada contra os comediantes, desde que as palhaçadas sejam feitas em local adequado. Como se sabe, o Congresso não é - ou ao menos não deveria ser - espaço para piadistas. O palhaço Tiririca, que também é deputado, sabe muito bem separar as duas atividades", acrescenta Alves.
O deputado bolsonarista por Mato Grosso tem sido alvo frequente de críticas, na mídia nacional, nos últimos dias, por conta de seu comportamento considerando "infantil": interromper falas de colega na CPMI dos Atos Golpistas, ironizar adversários políticos, entre outras atitudes "pueris", sem nem mesmo pertencer à comissão.
Reprodução de vídeos
Deputado Abílio Brunini e o comediante Curly Howard, do seriado cômico "Os três patetas"
"Apesar da semelhança com o comediante Curly Howard, que nos anos 30 e 40 fez parte do seriado cômico 'Os três patetas', Brunini não tem graça nenhuma", completa Chico Alves.
Leia a íntegra da coluna no UOL:
Talvez os eleitores de Mato Grosso não soubessem, mas entre os políticos que eles mandaram para a Câmara nas últimas eleições estava um candidato a comediante.
Nada contra os comediantes, desde que as palhaçadas sejam feitas em local adequado. Como se sabe, o Congresso não é - ou ao menos não deveria ser - espaço para piadistas. O palhaço Tiririca, que também é deputado, sabe muito bem separar as duas atividades.
Não é o caso do bolsonarista Abílio Brunini (PL-MT), um estreante na Câmara, que até aqui dedicou seu mandato a ironizar os adversários políticos, tentar provocá-los com atitudes pueris, atrapalhar suas falas. Como um aluno travesso da 5ª série, comparece ao Congresso não para fazer proposições relevantes ou discutir seriamente os problemas do Brasil - seus objetivos são apenas a lacração e a trolagem.
Apesar da semelhança com o comediante Curly Howard, que nos anos 30 e 40 fez parte do seriado cômico "Os três patetas", Brunini não tem graça nenhuma.
Na terça-feira (11), durante a CPMI do 8/1, o deputado foi chamado de carente pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP). Brunini, então, teria dito que Erika estava oferecendo serviços - uma menção a prostituição. Foi acusado de homofobia, já que a deputada é uma pessoa trans. A declaração do deputado foi ouvida pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE).Algumas horas depois, o parlamentar de Mato Grosso acusou Erika de "aproveitadora" e, na tribuna da Casa, garantiu que não é homofóbico. "Eu tenho inúmeros amigos homossexuais", disse o deputado, repetindo a alegação que costuma confirmar a suspeita.
Misturando alhos com bugalhos, Brunini referiu-se à "causa da transfobia" e à "causa da homofobia". Deveria se referir, na verdade, ao combate à homofobia e à transfobia. Talvez tenha sido um ato falho.
O parlamentar matogrossense já tinha provocado várias outras confusões. Como no dia em que ficou postado infantilmente à frente da deputada Sâmia Bonfim (PSOL-SP) para que ela não conseguisse falar com os integrantes da mesa da CPI do MST. Nesse dia, Brunini foi o pivô de uma intensa discussão.
Volta e meia leva bronca de algum colega, por adotar atitude cínica ou por fazer provocação descarada.
É como aquele tipo de aluno chato que existe em toda sala de aula de 5ª série e se acha muito engraçado, apesar de ser desprezado pelos colegas.
Pela idade que tem e pela função que exerce, esperava-se de Abílio Brunini atitudes mais maduras. Mas, instigado pela tropa de parlamentares bolsonaristas, ele continua a reincidir em palhaçadas por falta de alguma decisão da Mesa Diretora que o obrigue a se comportar como adulto.Na verdade, tem acontecido o inverso: toda vez que Abilio Brunini age como trapalhão, instaura no Congresso um clima de 5ª série.
Diante de tantos problemas sérios que afligem os brasileiros e que estão à espera de solução, o rebaixamento do Parlamento a essa indigência intelectual não deveria provocar risos.
Na verdade, a situação é para chorar.
Comentários