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Segunda - 07 de Agosto de 2023 às 16:54
Por: Por Rogério Júnior, g1 MT

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Rogério Júnior ng1

A luta por respeito aos direitos indígenas assegurados pela Constituição de 1988 vai além de manifestações históricas, cartas e manifestos. O poder de uma câmera hoje mostra a autonomia com que a nova geração dos povos originários encontrou para denunciar invasões, violências e ameaças no estado.

Para Renan Khisetje, de 32 anos, o audiovisual conquistou a vida dele em 2008, quando um projeto social levou oficinas de técnica de fotografia para toda a comunidade.

Ao g1, ele contou que encontrou na sétima arte uma aliada na luta por saúde, educação e, sobretudo, direito à terra, à ter um local para chamar de casa.

“A gente usa a câmera como ferramenta de luta. Levamos nossas histórias e contamos o que encaramos nos nossos territórios, contamos pela fotografia também. A economia fala que é o progresso, mas é muito agressiva. A invasão e mineração afeta nossa saúde. Cada região tem uma realidade. Usamos as câmeras para mostrar que a gente sofre”, contou.

Segundo ele, uma das produções desenvolvidas na aldeia onde vive, no Parque Nacional do Xingu, conta a história fictícia de um monstro que caça os caçadores para proteger os povos da floresta.

Para os próximos anos, Renan espera que as produções ganhem cada vez mais destaque.

“Espero que a gente ocupe vários espaços no cinema e na comunicação. Nós sabemos contar nossas histórias, nossas narrativas, e espero mostrar nossa realidade para que os não-indígenas conheçam e nos respeitem”, disse.

Renan Khisetje usa câmera como ferramenta de luta por direitos em MT — Foto: Rogério Júnior/g1

Renan Khisetje usa câmera como ferramenta de luta por direitos em MT — Foto: Rogério Júnior/g1

📸Click, click, click

A paixão pela fotografia nasceu junto com Kamikia Khisetje, que se tornou uma referência na área para os indígenas.

Em entrevista ao g1, Kamikia disse que foi a partir de 2008, assim como Renan, que aprendeu pouco a pouco a dominar as técnicas da fotografia. Mas não foi só isso.

“Eu me lembro que minha mãe contava que eu brincava com caixas de leite que eram como o click das câmeras para mim. Então, a partir de 2008 comecei a viajar e a fotografar os movimentos, em 2012. Desde então faço esse trabalho”, contou.

Um fator essencial para o amadurecimento profissional de Kamikia foi as oficinas de fotografia dentro das aldeias.

“Espero que nos próximos anos a gente possa ter mais jovens preparados nessa área e ter uma visão. A gente acredita que volte a ter ponto de cultura nas aldeias para as comunidades que não tem apoio. É levar internet e equipamentos para aqueles que não tem”, disse.

Algo que despertou nele uma paixão adormecida e que, agora, é ele quem leva esses ensinamentos para despertar outros parentes.

Katngo Khisetje atua como fotógrafo na comunidade indígena em MT — Foto: Rogério Júnior/g1

Katngo Khisetje atua como fotógrafo na comunidade indígena em MT — Foto: Rogério Júnior/g1

É o caso de Katngo Khisetje, que em menos de um ano passou a se dedicar às técnicas de fotografia quando acontecem eventos nas aldeias.

“Eu fotografo pessoas e a natureza. Quero conhecer outros lugares, culturas diferentes e alcançar Kamikia”, disse.

Ele ainda contou que essa caminhada não tem sido fácil, uma vez que, no território onde vive, o desmatamento tem atingido as margens dos rios e causado preocupação para toda a comunidade.





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