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Segunda - 28 de Agosto de 2023 às 06:51
Por: Thaiza Assunção/Mídia News

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Novos áudios e prints de conversas da investigação do Ministério Público Estadual (MPE), obtidos pelo MidiaNews, revelam a insistência do prefeito Manoel Loureiro Neto (MDB), de Diamantino, em cobrar propina de um empresário com contratos no município.

Agora já bagunçou minha situação, mas tudo bem, amanhã sem falta você me passa

O empresário é Alessandro Souza de Carvalho, da Construtora Monte Alto, que acusou o prefeito de cobrar 10% de propina sobre pagamentos feitos à sua empresa. A denúncia culminou numa operação do MPE e Manoel Neto foi alvo de busca e apreensão.

Em um dos áudios, Manoel diz que precisa do dinheiro para "cumprir com compromissos" com pedreiros que estariam trabalhando em sua residência.

"Amanhã à tarde, a hora que você chegar aí no começo da tarde, eu ligo para você, nós combinamos. Porque eu preciso disso aí, Xandu, para pagar uns compromissos amanhã de pedreiro lá em casa".


Ouça:

Em outra ocasião, em novembro do ano passado, o prefeito se mostra descontente com a negativa do empresário por um encontro: "Você bagunçou minha situação". Segundo print das conversas, Alexandre estaria em Diamantino e Manoel em Cuiabá.

“Eu vou estar aí só amanhã, eu precisava disso logo. Amanhã estarei aí. Agora já bagunçou minha situação, mas tudo bem, amanhã sem falta você me passa", diz o prefeito em um dos áudios.

Ouça:


Em outro áudio, em agosto do ano passado, Manoel pede pressa para encontrar Alessandro, pois estaria com viagem marcada para Cuiabá.

Segundo trecho da investigação, em 20 de julho do ano passado a Prefeitura de Diamantino fez uma transferência no valor de R$ 38.001,37, para a construtora de Alessandro.

Após o pagamento, o prefeito ligou por meio de aplicativo WhatsApp para o empresário às 20h40. Alessandro, porém, não atendeu.

Eles então começam a trocar mensagens de áudio.

Empresário: “Me dá ai cinco minutinhos que retorno pro senhor. Tô aqui na Assembleia aqui, tentando falar com o Botelho aqui e já te ligo ai”.

Prefeito: “Eu tô aqui em Cuiabá, desci aqui no Shopping Estação”.

Para o MPE, a troca de mensagens se dá “de forma sucessiva” e “insistente”, e, mesmo sem retorno do empresário, Manoel “continua repassando informações da sua localização, determinado a receber o dinheiro ilícito da propina em contrapartida ao último pagamento efetuado à empresa”.

Após o pagamento, no dia 4 de agosto, em mensagens de WhatsApp, Manoel pede para se encontrar com Alessandro.

"Boa noite. Amanhã vou a Cuiabá às 10h. Consegue falar comigo antes?", diz o prefeito.

O empresário, então, manda um áudio perguntando onde seria o encontro.

O prefeito orienta que o empresário o encontre na sua casa, onde funciona seu consultório médico, local que de acordo com o empresário servia para recebimento de propina.

Manoel é médico desde 1986, tendo especialização em medicina legal, pediatria, medicina de tráfego e do trabalho.

Duas horas depois, às 13h11, o prefeito manda um áudio ao empresário: “Eu estou indo agora lá pra Prefeitura, mas aí tipo dez horas eu venho aqui pra casa, vou pegar o carro pra ir pra Cuiabá. Aí você chegando aqui na cidade você me avisa”.

O empresário, então, confirma o encontro: “Dez e vinte lá na casa do senhor então, eu vou atrasar vinte minutos só que eu estou descendo com o caminhão carregado aqui de areia. No máximo vinte minuto eu já estou lá na sua casa do senhor. Tá?”.

No dia seguinte, o prefeito encaminha ao empresário mensagem de áudio em que questiona o que havia no suposto envelope entregue a ele. “Oi, meu amigo. Eh, Xandu, o que tinha naquele documento que você me entregou? O que que tinha ali?”.

Ouça:

Para o MPE, a fala de Manoel foi para simular a suposta entrega de uma documentação, que na verdade seria propina.

"Observa-se fortes indicativos de que o prefeito buscou simular a entrega de uma suposta documentação, com escopo de não levantar suspeitas, quando, ao que parece, recebia vantagem indevida a cada medição quitada pelo munícipio", consta no documento do MPE.

Entenda

Conforme as investigações, por diversas vezes, valendo-se do cargo de prefeito, Manoel teria exigido pagamentos de propina do empresário, como condição para a autorização e liberação dos valores devidos pelo Município.

Alessandro compareceu à sede do ME em Diamantino para relatar a cobrança de propina. No depoimento, narrou que sua empresa foi vencedora de três licitações realizadas pela Prefeitura de Diamantino. E que a cobrança de propina teria começado em 2022.

“O atual prefeito de Diamantino, a quem conhece há mais de 30 (trinta) anos, passou a exigir do empresário o pagamento de propina como condição à liberação dos pagamentos das notas emitidas por sua empresa, atuando de modo a agilizar os pagamentos em favor daquela, com objetivo único e exclusivo de obter do particular o pagamento de vantagem indevida”, diz o MPE.

Ouça:





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