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Segunda - 13 de Novembro de 2023 às 19:19
Por: Primeira Página/Nathalia Okde

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Paulo Pinto Agência Senado

Homens negros são as principais vítimas de violência por armas de fogo no Brasil, segundo relatório do Instituto Sou da Paz, divulgado na semana passada. A organização não governamental que atua há 20 anos para reduzir a violência no Brasil e preservar vidas, aponta que 89,6% das 17,1 mil vítimas de violência armada no país em 2022 foram homens, sendo 57% negros.

Design sem nome 2023 11 10T171455.711Homens negros são as principais vítimas de armas de fogo no Brasil, diz pesquisa. (Foto: Reprodução/ Getty Images)

Dessas vítimas internadas por causa de arma de fogo, 16% foram registradas como “não negros” e 26% não constam essa informação.

Jovens entre 15 e 29 anos são as principais vítimas (52,5%), mas a proporção tem diminuído e cedido espaço aos adultos de 30 a 59 anos (41,1%).

O levantamento foi desenvolvido com base no SIH (Sistema de Informações Hospitalares) e SIM/ DATASUS (Sistema de Informações sobre Mortalidade); SIOP (Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento); SIOPS (Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde) e IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Mortes por armas de fogo

De acordo com a pesquisa, as armas de fogo foram o meio mais utilizado para cometer homicídios no Brasil entre 2012 e 2021 – em mais de 70% dos casos. Durante esta década, a média anual foi de quase 42 mil mortes provocadas por pessoas armadas.

A taxa de mortes em 2021 chega a ser mais de 4 vezes maior do que a de internações por arma de fogo em Pernambuco, seguido por Mato Grosso e Goiás.

Além disso, dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2022 sobre MVI (Mortes Violentas Intencionais) confirmam o cenário de violência mais grave nas regiões Norte e Nordeste.


Em relação as mortes, considerando o total de MVI registradas pelos órgãos estaduais de segurança pública, incluindo homicídios, mortes pela polícia e outros crimes letais, 76,5% dos quais praticados com
arma de fogo, doze entre os dezesseis estados dessas regiões responderam pelas piores taxas,
entre 30 e 50 óbitos por cem mil habitantes, com destaque para Amapá e Bahia.

Já em termos de variação, chama atenção o aumento mais expressivo no Acre (+21%), Mato Grosso (18,9%) e Rondônia (+14%), enquanto a taxa nacional caiu 2,4% entre os anos de 2021 e 2022 (FBSP, 2023).

Causas

A pesquisa aponta que diante da flexibilização do controle de armas promovida pela gestão federal entre 2019 e 2022, o país chegou a 2023 com aproximadamente 3 milhões de armas registradas em acervos
particulares, o que reflete no número de internações provocadas pelo instrumento.

Em 2022, cerca de 75% dos casos de internação ocasionados por ferimentos de armas de fogo foram por agressões intencionais, enquanto 17% foram por acidentes. Em seguida, vêm as lesões autoprovocadas (1,5%) e 6,5% de casos em que a causa não foi identificada.

No Centro-Oeste a porcentagem de internações causadas por acidentes se sobressaem. (Fonte: SIH/ DATASUS)No Centro-Oeste a porcentagem de internações causadas por acidentes se sobressaem.
(Fonte: SIH/ DATASUS)

No entanto, nas regiões Centro Oeste e Sul, as internações causadas por acidentes se sobressaem, respondendo por cerca de um terço e um quarto das internações, respectivamente. No Centro-Oeste a porcentagem é de 32% e as agressões intencionais ficam em 55%. (Veja comparativo acima)

Além de ser a mais vitimada por armas de fogo, a população negra conta ainda com um sistema
de saúde mais precário. A pesquisa aponta que esse grupo fica mais tempo internado e morrem mais.

As 17,1 mil internações causadas por armas de fogo em 2022 custaram cerca de 41 milhões ao SUS (Sistema Único de Saúde).






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