Onças movimentam turismo com visitantes do mundo todo no Pantanal
Considerado o maior felino do continente americano e o terceiro maior do mundo, a onça-pintada também já foi homenageada na estampa da camisa da seleção brasileira, que se inspirou na sua "garra e beleza" para criação da roupa. Porém, apesar de toda sua importância e exuberâncias, o animal tem seu habitat ameaçado pelo fogo anualmente. O Pantanal esteve em chamas há poucos dias e equipes seguem no local para monitoramento dos focos de calor.
Conhecido como maior ponto de observação de Onças-pintada do Pantanal, Porto Jofre reúne diversas pousadas e recebe milhares de turistas que desejam ver esses felinos de perto, durante o ano todo. No dia da onça-pintada, 29 de novembro, o conversou com o fundador de uma dessas pousadas, que "mora com as onças" e vive do ecoturismo.
Pioneiro no turismo de onças-pintadas, Ailton Alves de Lara é o fundador da pousada Jaguar Camp, localizada no coração do Pantanal, e atualmente recebe diversos turistas, principalmente de outros países, interessados em conhecer o bioma e os animais de perto. “O nosso trabalho é totalmente dedicado a isso aqui no Pantanal, eu moro com as onças”, contou à reportagem.
Reprodução/Instagram
Com equipes de guias e biólogos especializados nos animais silvestres, os passeios da pousada são realizados de barco por vários rios da região, inclusive dentro do Parque Estadual Encontro das Águas, para que os turistas consigam observar as onças de perto.
“Nossos barcos já têm rádios conectados com outros parques para gente cobrir mais uma área com uma região maior do parque. Então, tem vários rios, quando aquele barco encontrar uma onça primeiro chama os outros”, explicou.
Além de encontrar e fotografar as onças, os turistas são ensinados sobre a história natural e a ecologia da onça-pintada. Além disso, a pousada possui pessoas preparadas para monitorar as onças. “A gente conhece cada onça-pintada pessoalmente, ou seja, cada onça tem um padrão único. Nós temos um guiazinho com as fotos de cada uma, mas a gente as conhece sem nem precisar olhar no catálogo”, conta.
Acompanhando o crescimento das famílias de onças, Ailton conta que os incêndios que atingiram o Pantanal devastaram o habitat desses animais, mas até o momento, nenhuma foi encontrada sem vida. Os ativistas acreditam que alguns filhotes podem ter morrido, devido à vulnerabilidade. “A gente acredita que filhotes vulneráveis podem ter sido morto pelos incêndios, porque foi um fogo de grande proporção, e os filhotes são sempre vulneráveis, eles não sabem correr, às vezes nem estão com os olhos abertos ainda”, relata.
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Nos locais próprios para observação de onças, são estimados cerca de 50 animais, que não possuem data específica para reprodução, podendo nascer em qualquer época do ano. O biólogo Eduardo Fragoso, da Organização Não Governamental (ONG), Onçafari, explica que esses animais são raramente mortos pelo fogo, mas que possuem seu habitat natural bastante destruído.
“Acredito que os animais que nós menos devemos nos preocupar é com as onças, porque elas são animais espertos, detectam rapidamente a presença do perigo e conseguem fugir. Quem morre são realmente as presas delas, jacarés e outros animais que não conseguem escapar do fogo. Além disso, depois que o fogo passa e a chuva volta, a fuligem das áreas queimadas escoam para os rios, onde pode ocorrer a contaminação desses animais através da água”, explicou.
Com o descontrole do incêndio no Pantanal, equipes do Grupo de Resgate dos Animais Silvestres (GRAD) se hospedaram na pousada Jaguar Camp, para conseguir combater o fogo e salvar animais em estado de vulnerabilidade. Muitos turistas que possuíam reserva também cancelaram, devido ao perigo que o fogo pode proporcionar.
“Nós abrimos as portas para eles nos ajudarem a minimizar os impactos do incêndio, muitos turistas vieram até aqui e não quiseram ficar porque estava tudo queimado. O fogo podia ter sido extinto lá no começo, quando ainda era pequeno, depois que ele fica grande é difícil de combater. Faltou um plano de manejo integrado do fogo, para antecipar esses problemas. Quando o fogo está grande, você pode trazer 200 pessoas aqui que não vai conseguir extingui-lo, quando ele ta menor, talvez 4 ou 5 pessoas consigam”, explicou o empresário e guia.
Com a retomada das chuvas, as pousadas e observações retornaram ao normal. Diferentemente dos incêndios que atingiram o Pantanal em 2020, logo após o controle do fogo, onças já foram vistas em seu habitat natural.
“Nós oferecemos aos turistas um pacote de 3 dias e 4 noites, com passeios, alimentação, guia de turismo, com tudo incluso, custando em torno de R$ 10 mil", finalizou.
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