Mauro Mendes defende exploração comercial de terras indígenas Para ele, é possível conciliar atividades produtivas e a preservação das tradições e culturas dos povos originários, além da fauna e flora
O governador Mauro Mendes defendeu, na segunda-feira (15), a exploração comercial das Terras Indígenas (TIs), tradicionalmente ocupadas por um ou mais povos.
Para ele, é possível conciliar atividades produtivas e a preservação das tradições e culturas dos povos originários, além da fauna e flora.
“É claro que sim”, enfatizou Mendes, durante entrevista à Rádio Jovem Pan, ao ser questionado se é favorável ou não à declaração do presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP-AL), feita no início deste ano, endossando a aprovação urgente de uma proposta de regulamentação de exploração comercial das terras demarcadas pelos próprios indígenas e que há previsão na Constituição para que isso ocorra.
Para justificar seu posicionamento, Mendes citou como exemplo a etnia Haliti Paresi, em Campo Novo do Parecis (396 km a Noroeste de Cuiabá).
“Esta etnia planta ali no seu território praticamente 23 mil hectares de milho e soja. Essa etnia tem um milhão e duzentos mil hectares e usa 1,08% do seu território para produzir”, afirmou.
Mauro Mendes lembrou ainda o relato do cacique local dando conta de que, há alguns anos, quando os indígenas iam para a cidade, os moradores chegavam a mudar de lado da calçada porque eles viviam pedindo esmola.
“Hoje, mudou. Ele é cacique, ele planta, ele trabalha. Ele contou com muito orgulho que, quando ele entra na cidade, as pessoas o convidam para ir a concessionária para comprar sua caminhonete, convidam a mulher para comprar roupa porque, com o trabalho dele e com a dignidade dele, está construindo a sua existência”, disse.
Além de manter a cultura preservada, o governador reforçou que os paresis preservam 98% do seu território.
“Acho que é isso que tínhamos que fazer em todas as etnias. Nós temos riquezas gigantescas. A quem interessa não explorar isso? Aos índios (sic)? Não”, defendeu.
Outro entendimento é de que a presença de garimpos ilegais nos territórios indígenas decorre da falta legalização.
“Não estou defendendo isso aqui, não. Existem outros tipos de riqueza, outros tipos de minérios, existem grandes riquezas na Amazônia brasileira e, por causa de um campo, de dois campos de futebol, em nome de uma tal preservação que não é preservação. É usurpar o direito dos brasileiros de ter dignidade e, principalmente, dos povos indígenas”, disse, citando que, nos Estados Unidos (EUA), os indígenas produzem e exercem diferentes atividades econômicas.
O governador criticou ainda a atuação de organizações não-governamentais (ongs) e outros movimentos sociais que, segundo ele, defendem um indígena pobre, miserável e dependente.
Vale frisar que a mineração em terras indígenas não é regulamentada no país, embora projetos de lei tenham tentado liberar essas áreas para a atividade nos últimos anos.
Conforme o Censo Demográfico 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estática (IBGE), Mato Grosso tem o maior número de indígenas vivendo em território original no Brasil, com 45.065 pessoas indígenas, número que corresponde a 77% da população total.
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