Na 'era digital', bancas de jornais precisam se reinventar

Com a era digital, as bancas de revista e jornais precisaram se reinventar para acompanhar a tecnologia e continuar em funcionamento. Para isso, se adaptaram. Agora, vendem bebidas, cigarros e são quase uma "conveniência". As poucas em funcionamento em Cuiabá contam com clientes fiéis.

Dados encaminhados pela Fecomércio ao Gazeta Digital apontam que Mato Grosso conta com 49 bancas em funcionamento. Cuiabá lidera com 17 pontos. Tangará da Serra tem 5, Várzea Grande conta com 3, Sinop, Rondonópolis, Lucas do Rio Verde e Cáceres com 2 bancas cada, Sorriso, Sapezal, São Félix do Araguaia, Primavera do Leste, Juína, Juara, Jaciara, Itaúba, Guarantã do Norte, Colíder, Campos de Júlio, Campo Verde, Barra do Garças, Aripuanã, Araputanga e Alto Taquari tem 1 cada.

Reportagem foi para as ruas da Capital e encontrou apenas 3 delas abertas. Localizada na Getúlio Vargas, a "Banca Central", que já está lá há pelo menos 30 anos, agora é do senhor Alcindo Scarinci, 80.

Chico Ferreira

Contador aposentado, ele comprou a banca da esposa do antigo proprietário já falecido. O objetivo era continuar no mercado de trabalho.

"A empresa que eu trabalhava fechou, então eu decidi comprar o ponto. Ficar sem ter o que fazer é sentença de morte e eu gosto de estar aqui, vem bastante gente, eu converso e me distraio", pontuou.

Nos últimos anos, as bancas voltaram a ter atenção, especialmente durante eventos esportivos. A Copa do Mundo de 2022 aqueceu o comércio de álbuns de figurinhas com as fotos dos jogadores. Os fins de semana eram marcados pelos clientes fazendo as trocas das imagens repetidas, mas esse movimento foi momentâneo visto que o Brasil perdeu.

No "coração" de Cuiabá

Segundo o proprietário Jorge Kodi Kumakura, que arrenda há 10 anos um ponto de revista na praça Alencastro, ao lado da Prefeitura de Cuiabá, o que mantém a banca são as revista infantis, caça-palavras e a venda de bebida e cigarro que ele implementou.

Chico Ferreira

"Minha banca é especializada em vendas de apostila de concursos, eu tenho um representante que sempre faz o conteúdo conforme o edital, mas, como não está tendo muitos concursos, o que mais vendo são revistas infantis e caça-palavras, o que nos mantém são os clientes fiéis que são as pessoas com mais idade", explicou.

Leitura e vendas

A internet é o principal fator para redução das vendas e da procura pelas bancas. Os leitores hoje têm acessos a livros digitalizados, o que também afastou a clientela das bancas. Após a pandemia, um proprietário que preferiu não se identificar, disse que até para comprar as revistas para revender está mais difícil.

Chico Ferreira

"A empresa que realizava a venda aqui em Cuiabá fechou após a pandemia, se quisermos comprar para continuar as vendas precisamos entrar em contato com o fornecedor de Campo Grande".