Das confusões mentais ao esquecimento de familiares; entenda os sintomas do alzheimer
Aos poucos o esquecimento de pequenas coisas afeta as atividades de rotina que antes eram feitas com facilidade. Com o tempo, progride para acidentes domésticos, confusões mentais e até mesmo o apagamento de quem são os próprios familiares, inclusive cônjuges e filhos.
Em estágios mais avançados, é visível o comprometimento severo da memória, da capacidade de julgamento e de funções executivas básicas, como se vestir, cuidar da própria higiene pessoal e se alimentar.
As descrições acima são clássicas da doença de Alzheimer, uma patologia crônica e neurodegenerativa do sistema nervoso central, que afeta principalmente a parte relacionada à formação de memórias.
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Conforme o médico com especialização em Neurologia pelo Programa de Residência Médica do Hospital Geral de Cuiabá, Victor Hugo Gomes, a enfermidade manifesta-se, principalmente, pela presença de déficits de memória recente, que se enquadram em memórias de minutos até alguns anos. Geralmente, aparece em indivíduos com mais de 65 anos.
“A detecção baseia-se principalmente na coleta de informações de familiares próximos dos pacientes, somado a aplicação de avaliação do estado mental e realização de exames complementares que ajudam no diagnóstico, como Ressonância Magnética de Crânio e exames laboratoriais”, explica.
De acordo com o profissional, alguns estudos mostram que a fase pré-clínica tende a se manifestar 10 anos antes da instalação da síndrome demencial, com alguns sinais e sintomas inespecíficos. Embora a doença progrida de forma crônica e até os dias atuais não possui cura, existem meios para retardar a progressão.
“O tratamento disponível é baseado em terapias que retardam a progressão da doença. Em 2021, tivemos o anúncio de uma terapia dirigida contra a proteína beta-amilóide, responsável pela fisiopatologia da doença, porém seu uso está indicado em pacientes com demência leve a moderada e mais estudos ainda precisam ser realizados para nos fornecer pistas sobre o funcionamento e os desfechos a longo prazo da medicação. Hoje, temos disponíveis algumas medicações como os anticolinesterásicos e a Memantina, porém apenas como terapia de suporte”, conta.
Segundo o médico, um dos casos mais marcantes que presenciou foi durante um atendimento no ambulatório de neurologia, quando chamou uma paciente pelo nome e a mesma adentrou à sala acompanhada do esposo e do filho. Ao questionar a paciente, ela disse que estava bem, que nada lhe ocorreu nos últimos tempos, mas que o desconhecido ao seu lado insistia que ela não estava bem.
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Ao questionar quem era o desconhecido, a paciente vira para o filho e fala: “Marido, quem é esse que nos acompanha agora? Eu não me recordo dele!”.
Victor lembra que o marido, com olhos marejados de lágrimas, lhe contou que a família foi à consulta, pois a esposa estava esquecendo de quem ele era. Ela achava que o filho era seu marido, devido à semelhança com a fisionomia do pai em sua juventude. O marido havia se tornado um desconhecido para ela mesmo após tantos anos juntos, algo muito doloroso para enfrentar.
Além disso, durante um jantar em família, ela simplesmente não reconhecia mais as irmãs e sobrinhas, o que levou a uma crise de choro por estar rodeada de desconhecidos.
Quais cuidados e prevenção ao Alzheimer?
Apesar das dificuldades e desafios inerentes à doença, segundo o médico, a família é fundamental e um marco ímpar na vida do paciente portador da doença de Alzheimer.
“Os familiares devem estimular os idosos a práticas de atividades, principalmente relacionadas à memória, como jogos da memória, prática de atividade física, realização de consultas médicas regulares para controle de outras patologias que corroboram com a progressão da doença, como a obesidade, tabagismo, pressão alta, diabetes descontrolada e vários outros. É fundamental a presença de alguém com quem o paciente possa contar durante esta trajetória, especialmente durante as consultas, para trazer os relatos mais fidedignos possíveis do que vem ocorrendo nos últimos tempos”, esclarece.
Assim como diversas outras doenças, o médico orienta a realizar e adotar no dia-a-dia a prática de hábitos saudáveis de vida.
"A prática de atividade física regular, sono de qualidade, cessar hábitos negativos, como tabagismo e etilismo, controle de condições como pressão alta, diabetes melitus tipo 2 e de outras patologias quando presentes. Leitura e conhecimento são fundamentais neste quesito! O conceito de reserva cognitiva é muito bem empregado nesta situação e para adquiri-lo devemos estar sempre colocando nossos neurônios para funcionar", salienta.
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