Brasil eleva tom de crítica a regime da Síria
O massacre na vila de Tremseh, no norte da Síria, fez o governo brasileiro endurecer de modo inédito a condenação ao governo de Bashar Assad. Em nota, o Itamaraty "condenou veementemente a repressão violenta contra civis desarmados" e cobrou Damasco que lembre os compromissos assumidos com o plano de paz do enviado especial da ONU, Kofi Annan.
Ao menos 200 civis teriam sido assassinados por forças regulares da Síria ou milícias leais a Assad no quinto massacre em larga escala em 16 meses de crise. Alguns grupos de oposição, porém, colocam a cifra de mortos em mais de 300.
Segundo observadores da ONU, o regime Assad usou helicópteros de ataque, tanques e artilharia pesada contra a vila sunita nas cercanias de Hama. Em seguida, as milícias shabiha ("fantasma", em árabe) teriam ido de casa em casa.
Conhecido - e criticado - pela posição excessivamente cautelosa no trato com a ditadura síria, o Brasil cobrou nesta sexta-feira diretamente o regime de Damasco. "O governo brasileiro insta o governo sírio a interromper imediatamente quaisquer ações militares contra civis desarmados e a cooperar com a Missão de Supervisão das Nações Unidas na Síria (UNSMIS) permitindo-lhe acesso irrestrito aos locais conflagrados por conflitos", diz o texto.
Autoridades internacionais
A condenação ao massacre de Tremseh foi praticamente unânime entre autoridades internacionais. Conhecido pelas declarações contidas, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, exortou o Conselho de Segurança a "adotar ações coletivas" com "sérias consequências". Assad "não pode receber uma licença para matar".
Para a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, o massacre é uma "evidência indiscutível de que Assad deliberadamente assassina civis inocentes".
Tradicional aliada de Damasco na ONU, a Rússia pediu uma investigação internacional para apurar a tragédia, mas não culpou Assad pelas mortes. Moscou garante que vetará qualquer resolução que contemple o uso da força contra a Síria.
Alvo de ataques frequentes, os monitores da ONU passaram a atuar praticamente apenas em Damasco. Em um comunicado sigiloso ao Conselho de Segurança, a missão de observadores alertou para o risco de mais violência. "A situação na Província de Hama continua altamente volátil e imprevisível. (...) A Força Aérea continua com os ataques em larga escala contra áreas urbanas ao norte de Hama."
O massacre em Tremseh é parte de uma ofensiva maior que as forças de Assad vêm conduzindo na Província de Hama, constataram monitores da ONU. Há três dias, Assad recebeu em Damasco o enviado especial das Nações Unidas, Kofi Annan, a quem prometeu dialogar com representantes da oposição. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
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