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Agronegócios
Sexta - 07 de Junho de 2024 às 18:42
Por: Por Mariana Mouro, Davi Vittorazzi, g1 MT e TV Centro América

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Na safra 2022/23 foram produzidas 52,5 milhões de toneladas do cereal em MT — Foto: Wilson Ribeiro/TV Centro América

Na safra 2022/23 foram produzidas 52,5 milhões de toneladas do cereal em MT — Foto: Wilson Ribeiro/TV Centro América

Pelo menos uma vez na semana, o engenheiro sanitarista Fernando Pires, de 43 anos, vai com seu carro, um Peugeot 2008, até um posto de combustível de Cuiabá para abastecer. Ao frentista, o pedido é sempre o mesmo: etanol. Segundo o motorista, por ser mais barato e por colaborar com o meio ambiente, já que a opção emite 90% a menos de CO2, durante a combustão.

“Ambientalmente sustentável, além de ser mais em conta no abastecimento”, disse.

Mas antes de chegar à bomba do posto de combustível, o etanol enfrenta limitações de logística, mercado e até mesmo tabus sobre o consumo. Todos desafios a serem superados para aumentar o potencial do estado.

Mesmo com essas condições, o trabalho no campo e na agroindústria já é muito bem feito, com produtividade e sustentabilidade. Mato Grosso já tem o título de segundo maior produtor de etanol no país, com 5,72 bilhões de litros gerados, na última safra, segundo as Indústrias de Bioenergia de Mato Grosso (Bioind-MT) e o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea).

Quando a produção do combustível é mensurada apenas pela geração à base de milho, o estado produz o maior volume de etanol do país. Também na última safra, dos quase 6 bilhões do produto, 4,54 bilhões de litros vieram do milho, enquanto 1,18 bilhão foram da moagem de cana-de-açúcar.

Além de ser mais barato em relação aos outros combustíveis, como lembrou o engenheiro sanitarista Fernando, o uso do etanol rompe o ciclo de queima de recursos fósseis e minimiza o desequilíbrio ambiental.

Limitações de mercado

Quando a produção do combustível é mensurada apenas pela geração à base de milho, o estado produz o maior volume de etanol do país — Foto: Wilson Ribeiro/TV Centro América

Quando a produção do combustível é mensurada apenas pela geração à base de milho, o estado produz o maior volume de etanol do país — Foto: Wilson Ribeiro/TV Centro América

A produção de milho no estado tem limitações a serem superadas e um grande potencial a ser empenhado. O problema maior, no entanto, não está nas lavouras — pelo contrário, na safra 2022/23 foram produzidas 52,5 milhões de toneladas do cereal —, mas estão nas condições restritas no próprio mercado comercial e na legislação tributária.

O presidente-executivo da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), Guilherme Nolasco, analisa que a produtividade do grão é alta no estado, e que a produção do etanol é feita a partir do volume que sobra das exportações do milho. Porém, o estado e a região Centro-Oeste, no geral, carecem de uma logística eficiente para exportar o combustível já pronto.

“Uma política tributária que traga segurança jurídica com incentivos fiscais para a manutenção da competitividade, atração e manutenção dos investimentos é um ponto importante para a continuidade de crescimento da produção de etanol de milho e outros cereais”, completou.


No campo, para a produção do cereal, as dificuldades climáticas, que são fatores não controláveis, e a demanda pelo milho, em relação ao preço competitivo, são vistos como pontos importantes que podem ser obstáculos para a produção do grão, conforme avalia o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Lucas Costa Beber.

“Hoje, o que mais tem desestimulado é a entrada do gergelim, que economicamente é viável, principalmente para as áreas semeadas mais tarde. Também tem a questão do preço do milho, que não está estimulando muito, porque a relação de troca, praticamente, está levando o lucro do produtor, então isso tem desestimulado o maior plantio”, explicou.
Lucas Costa Beber, presidente da Aprosoja-MT — Foto: Léo Campos

Lucas Costa Beber, presidente da Aprosoja-MT — Foto: Léo Campos

Consumo 🚘🏍

Posto de Fortaleza é autuado pelo Decon por fornecer quantidade de combustível menor que o indicado na bomba. — Foto: MPCE/ Divulgação

Posto de Fortaleza é autuado pelo Decon por fornecer quantidade de combustível menor que o indicado na bomba. — Foto: MPCE/ Divulgação

Em relação ao consumo, alguns condutores acreditam que ao abastecer com álcool não seria vantajoso por causar danos ao motor do veículo. Luiz Eduardo de Macedo, de 26 anos, está nesse grupo. Por isso, apesar de ter uma moto flex, quando vai ao posto, só abastece com gasolina.

“A gasolina proporciona um desempenho melhor para o meu veículo e preserva melhor as peças, já fiz uso do etanol e notei que ressecava muito algumas partes”, justificou.

🛠 O mecânico Denis Rafael explicou que os carros mais modernos estão preparados para o uso do etanol e, por ser um combustível mais limpo, não exige muita manutenção. "A vantagem do álcool é que ele é mais limpo do que a gasolina. Então, um motor que roda na gasolina tem a tendência do óleo sujar mais do que um carro que anda só no álcool".

Segundo a Unem, 20% da produção de etanol de Mato Grosso são consumidos no estado e 80% são enviados para outras unidades da federação.

Potencial do etanol 🌽

Atualmente, Mato Grosso tem 11 indústrias de etanol instaladas e outras quatro em implementação — Foto: Wilson Ribeiro/ TV Centro América

Atualmente, Mato Grosso tem 11 indústrias de etanol instaladas e outras quatro em implementação — Foto: Wilson Ribeiro/ TV Centro América


As projeções de produção do milho e do etanol no estado são boas. Atualmente, Mato Grosso tem 11 indústrias de etanol instaladas e outras quatro em implementação, que poderão começar operar nos próximos anos.

O presidente da Unem, Guilherme Nolasco, também pontuou que o etanol de milho vem se mostrando muito competitivo, devido à disponibilidade de matéria-prima, eficiência de processos e escala industrial. Por isso, ele avalia que o biocombustível tem contribuído para reduzir a instabilidade de oferta no mercado, especialmente no período da entressafra da cana-de-açúcar.

"O mercado consumidor é regulado, em grande parte, pelo preço dos combustíveis. Por isso, é de extrema importância que haja políticas públicas voltadas para o estímulo ao consumo dos biocombustíveis, que são a alternativa mais acessível e viável para a transição energética", concluiu.




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