No Estado, 80% dos feminicídios foram cometidos dentro de casa Em MT, 20 feminicídios foram registrados somente nos primeiros seis meses deste ano, sendo 55% com emprego de arma branca
De acordo com balanço divulgado pela PC, os inquéritos de feminicídio foram concluídos com todos os autores identificados
Somente nos primeiros seis meses deste ano, 20 feminicídios ocorreram em Mato Grosso.
Do total, a Polícia Civil concluiu 100% dos inquéritos, que resultaram em 17 prisões.
No mesmo período, 80% deste tipo de crime foram cometidos no ambiente doméstico, ou seja, em casa.
De acordo com balanço divulgado pela PC, os inquéritos de feminicídio foram concluídos com todos os autores identificados, sendo 11 presos em flagrante, seis por mandados judiciais, um cometeu suicídio e dois seguem sendo procurados (até ontem pela manhã).
Delegada-geral da Polícia Civil, Daniela Maidel, afirmou que os crimes contra a vida exigem uma resposta imediata e a instituição busca atuar com agilidade para identificar os autores e reduzir a sensação de impunidade perante a sociedade e familiares das vítimas.
“As investigações de homicídio são prioridades, reforçada em todas as unidades da instituição, porque é uma situação inesperada, que choca tanto a família, que perde a pessoa repentinamente, quanto a sociedade”, disse. O balanço da Civil aponta ainda que dos feminicídios ocorridos no semestre, 55% com emprego de arma branca.
Entre os casos concluídos, com os autores presos pela Polícia Civil, estão os de duas jovens mortas em Sinop (503 km ao Norte de Cuiabá), no mês de junho.
No município, Bruna de Oliveira, 24 anos, arrastada por cerca de três quadras até uma região de mata, onde foi jogada em uma vala.
O autor do crime, Wellington dos Santos, 32 anos, foi preso pela Polícia Civil na cidade de Nova Maringá, a mais de 300 quilômetros de onde cometeu o crime.
Ainda em Sinop, Maria Vitória Nastacia Vieira, 22 anos, foi morta no início de junho.
O autor do crime, Pablo Santos, 22 anos, foi preso uma semana depois pela equipe da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher do município quando recebeu alta médica.
Outro crime solucionado ocorreu em Lucas do Rio Verde (420 km ao Norte de Cuiabá), onde no início do ano, a jovem trans Mayla Rafaela Martins, 22, foi assassinada a facadas e o corpo foi localizado em uma área rural, perto da MT-485, enrolado em uma lona de piscina.
Conforme informações da assessoria de imprensa da Polícia Civil, durante as diligências investigativas, a equipe policial da cidade conseguiu identificar o veículo que abordou a vítima na noite anterior e seu proprietário, que foi encontrado em sua residência.
Ao ser questionado sobre o crime, ele confessou aos policiais o assassinato.
Jorlan Ferreira, 44 anos, disse que matou a vítima no quintal de casa e depois enrolou o corpo com a lona de uma piscina velha e jogou na área de uma fazenda. Ele foi indiciado pelos crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
Vale lembrar que Mato Grosso está entre as 17 unidades da Federação que apresentam taxas de feminicídio mais altas do que a média nacional.
Enquanto o coeficiente do Brasil referente a esse tipo de crime em 2023 é de 1,4 mulheres mortas por grupo de 100 mil, no Estado é de 2,5 feminicídios. É a segunda maior taxa do país.
Os dados são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024, divulgado dia 18 deste mês, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
Conforme o FBSP, o feminicídio é um crime de ódio ao gênero e, de acordo com a legislação brasileira, que o tipificou em 2015, está configurado quando uma mulher é morta em contexto de violência doméstica e/ou e por menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
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