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Cidades/Geral
Quarta - 20 de Novembro de 2024 às 10:43
Por: Silvana Ribas/Gazeta Digital

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Tomaz Silva/Agência Brasil

Mato Grosso tem a maior população negra da região Centro-Oeste. Do total de habitantes do Estado, 67,8% são mulheres negras e homens negros. Apesar de representar a maioria do total de ocupados, informais ou desempregados, os trabalhadores negros continuam recebendo salários quase 50% abaixo da média do mercado laboral, revela levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) com base nos dados do 2º trimestre de 2024 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com o estudo, as mulheres negras ocupadas em Mato Grosso recebiam R$ 2.527 e os homens negros R$ 3.336 por mês. Comparado com o rendimento médio mensal no Estado, os valores são, respectivamente, 48,2% e 31,7% inferiores. Além disso, as mulheres negras são a maioria (39,1%) na informalidade em Mato Grosso.

A proporção de homens negros ocupados informalmente no Estado chega a 36,6%. Nos demais entes federados do Centro-Oeste, a população negra está distribuída na proporção de 63,6% em Goiás, 60,9% no Distrito Federal e 57,3% no Mato Grosso do Sul.

O retrato do restante do Brasil é que o rendimento médio dos negros é 40%inferior ao dos não negros. Os trabalhadores negros com ensino superior ganham 32% a menos que os demais trabalhadores com o mesmo nível de ensino, diferença que pouco se alterou com a Lei de Cotas, segundo os analistas do Dieese. Os negros recebem, em média, R$ 899 mil a menos que os não negros ao longo da vida laboral. Entre os que possuem ensino superior, o valor chega a R$ 1,1milhão.

Um em cada 48 homens negros ocupados está em um cargo de liderança, enquanto entre os não negros, a proporção é de um para cada 18 trabalhadores. Nas 10 profissões mais bem pagas, os negros representam apenas 27% dos ocupados, mas são 70%dos trabalhadores nas 10 ocupações com os menores rendimentos.

A taxa de desocupação da população negra também se mantém superior à do restante dos trabalhadores. No 2º trimestre de 2024, a desocupação dos negros era de 8%, ante 5,5% dos não negros. Outra situação que reforça a dimensão da desigualdade é o fato de que uma em cada 6 mulheres negras trabalha como empregada doméstica. O rendimento médio das domésticas sem carteira é R$ 461 menor que o salário mínimo.

“As estatísticas socioeconômicas do Brasil mostram que, historicamente, a situação das pessoas negras é pior do que a do restante da população. É um resquício da escravidão que, mesmo reconhecido, se mantém na sociedade. O mercado de trabalho talvez seja um dos meios onde a discriminação racial e a desigualdade sejam mais evidentes”, afirmam os pesquisadores do Dieese em boletim especial alusivo ao Dia da Consciência Negra, celebrado nacionalmente nesta quarta-feira, 20.





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